Caros leitores:
Estou publicando um resumo da minha trajetória com o intuito de explicar alguns jargões que utilizo quando escrevo. Até porque meu blog tem o objetivo de debater com todos, indistintamente. É notório que minha opinião tem um viés de esquerda - não posso negar minha história e, muito menos, minha ideologia.
Publico, a partir desta postagem, uma série de momentos, vivências pessoais e políticas que influenciaram minha formação e explicam o que sou hoje.
FORMAÇÃO FAMILIAR - Em 1974, com apenas 14 anos de idade, cheguei em São Paulo, trazido da roça por meu pai e meus irmãos. Minha mãe tinha um nome raro, Escolástica. Muito religiosa, nada era mais importante para ela do que ir à missa aos domingos. Democrata por natureza, menos num aspecto: os filhos, obrigatoriamente, tinham que acompanhá-la à Igreja todos os domigos às 9h.
Meu pai não era de falar muito, como se diz na minha terra - no Vale do Jequitinhonha (MG) - era de "assuntar" (expressão que, no Vale, é sinônimo de "prestar atenção"). Ele nunca batia nos filhos, mas quando chamava para uma conversa o bicho pegava - era preferível um chicote -, pois o olho no olho do velho era mais disciplinador do que uma surra. Meu pai e minha mãe valorizavam por demais a sinceridade e a lealdade. Na minha casa a mentira nunca foi tolerada. Foi nesse ambiente disciplinador que cresci.
PRIMEIRAS INFLUÊNCIAS - Vivi todo a minha adolescência na periferia de São Paulo, no bairro do Itaim Paulista, onde moro até hoje. Convivi com todo tipo de gente, de todas as raças, de todos os credos, pessoas que usavam drogas, marginais, conservadores, direitistas e socialistas. Foi com estes, os socialistas, que mais me identifiquei.
Sou o caçula de onze irmãos. Um deles, o Jucelino Neto, o "Juça" para os mais íntimos, nos anos de 1980 foi vereador em São Paulo. Ele trabalhava em 1976 como metalúrgíco na fábrica de Móveis Fiel, ao lado do viaduto Guadalajara no bairro do Belém, e teve a infelicidade de ver Manuel Fiel Filho, seu companheiro de fábrica, ser arrastado da seção em que trabalhava, diretamente para a prisão e depois assassinado pela ditadura. Eu era adolescente quando isso aconteceu, mas não consigo esquecer a tristeza do meus irmão por não poder comparecer ao enterro do seu companheiro, com medo da repressão.
A DITADURA E O SOCIALISMO. - O ano de 1976 também foi o ano da morte do jornalista Vladimir Herzog. Quem convivia com o movimento de resistência à ditadura sofreu com esses episódios, e para nós iniciantes significou um marco na nossa concientização política.
Foi nesse mesmo período que um grupo de socialistas, representando o Centro de Estudo Popular do Instituto Sedes Sapientiae (CEPIS), foi convidado pelos padres da minha paróquia para ministrar um curso sobre fé e política.
Foi também quando tive a felicidade participar de palestras com Frei Betto, Leonardo Boff, Paulo Vannuchi (hoje ministro dos Direitos Humanos), Zé Dirceu e tantos outros companheiros que fazem parte da história da luta pelo socialismo no Brasil.
Tempos depois fiquei sabendo que alguns desses amigos fizeram parte do grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), que teve o Carlos Mariguela como seu lider maior e que organizou a luta armada contra a ditadura militar.
Como operário metalúrgico, participei das greves de 1979, estive na Vila Euclides na famosa Assembléia dos 100 mil, liderada pelo ainda sindicalista Lula.
Fui da Pastoral da Juventude, depois da Pastoral Operária e, em 1982, participei da fundação do Partido dos Trabalhadores.
A partir daí, quem quiser saber mais é só ler o meu perfil disponível no meu site (clique aqui).
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