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sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Nome aos bois - outros nomes

Não queria mais escrever sobre o acidente da linha 4 (amarela) do Metrô paulista. O assunto já está muito batido. Porém, lendo a coluna assinada pela Barbara Gancia, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo de hoje (19), não me contive.

Veja só o que ela escreve: "Não entendi até agora por que andam chamando a cratera aberta no bairro de Pinheiros, onde ocorreu o desmoronamento das obras do metrô de 'buraco do Serra'. Peraí, mas o Serra não acabou de tomar posse? Não seria mais apropriado chamar o orifício de 'buraco do Alckmin?' Ou então ser mais preciso ainda e chamá-lo de 'buraco da Odebrecht, da OAS, da Andrade e Gutierrez, da Queiroz Galvão e da Camargo Correa"? Sei que dá mais trabalho, mas falar em 'Consórcio Via Amarela' não é atenuar a responsabilidade de quem, de fato, está tocando a maldita obra?".

Oba! Peraí digo eu: o Metrô não é um serviço público de responsabilidade do Estado? Quem contratou a obra não foi a Companhia do Metrô, empresa do governo estadual? Sua diretoria e centenas de cargos de confiança não são cargos de livre provimento indicados pelo governador? A companhia estatal não deveria fiscalizar a execução da obra? O órgão responsável do governo do Estado (Metrô) não deveria, pelo menos, perceber que não havia sequer um plano emergencial para a retirada das famílias do entorno?

Por fim, o Serra não é do PSDB, que governa o Estado há 12 anos, que tem como lema, "eficiência e planejamento?" Por que tanta ineficiência e falta de planejamento na execução da referida obra?

Que o Consórcio Via Amarela tem responsabilidade ninguém tem dúvidas. Todavia, não podemos isentar a responsabilidade de quem governa este Estado há mais de uma década. Deixaram a execução de uma obra complexa, de grande importância social, sob a inteira responsabilidade de particulares. Acontece que o interesse das empresas, em primeiro lugar, é ganhar dinheiro; é bom que se diga o óbvio: empresa é sinônimo de lucro - sem ele elas não sobreviveriam. Elas (empresas) deveriam ter responsabilidade social, mas não tiveram. Agora, o Estado, este sim, tem a função precípua de zelar pelo interesse público. No caso em tela, seus agentes foram incompetentes e irresponsáveis.

Na minha opinião, o Estado é responsável solidário por tudo o que ocorreu.

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