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domingo, 21 de janeiro de 2007

Chávez, o escolhido

Provocaria risos se não fosse sinalizador de uma distorção política grave a insistência com que os grandes jornais e as principais revistas semanais tratam o comportamento do presidente venezuelano Hugo Chávez. Dias e dias seguidos, o presidente do país vizinho consegue pautar a imprensa brasileira. Ataques de toda sorte, como se a política venezuelana encontrasse todo esse eco por aqui. Os editores sabem que a política externa brasileira nada tem de alinhada ao chavismo, mas nada como insistir numa tese com o intuito de dar-lhe um verniz de verdade.

A Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Veja - principalmente estes - têm dedicado páginas e mais páginas, editoriais e coberturas extensas ao que diz, pensa ou se imagina pensar Hugo Chávez. Vale qualquer frase, qualquer ironia ou qualquer expressão que o líder venezuelano faça diante das câmeras ou de repórteres e tudo vira manchete, comentários, opinião e análise. Todas mostram o "ditador", o "monstro", o novo Hitler e por aí se vai.

Sugiro a leitura de um artigo do jornalista Gianni Carta, da revista CartaCapital desta semana que reflete sobre o tratamento que é dado por aqui a Chávez e o completo desconhecimento (?) da política francesa. No texto, Carta diz que a França caminha para dar respaldo a um "populista do mercado, xenófobo e racista" - e não se vê uma linha sequer na chamada grande imprensa local para o assunto. Trata-se de Nicolas Sarkozy, ministro do Interior e líder da União por um Movimento Popular (UMP), que venceu as prévias para as presidenciais em 22 de abril e 6 de maio.

Clique aqui e leia o artigo de Gianni Carta.

Coisas de opção política, que em dado momento os leitores recebem como se fosse informação.

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