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quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Quando a empolgação é um mal

Alçado por parte da mídia à condição de Endireitador-Geral da República durante a chamada crise política de 2005 e ainda mais no processo eleitoral de 2006, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) viu-se enredado numa trama de preconceitos a partir de uma frase contra a população brasiliense, dita em entrevista a ser publicada mês que vem - e que acabou sendo pinçada pela revista Veja do final de semana. Ele disse que na noite da capital federal só há "prostitutas, lobistas e deputados".

Eis um dos males da empolgação de Gabeira, que no passado foi considerado por muitos como um dos ícones da esquerda brasileira. Assediado por setores da imprensa e quase sempre apresentado como "novidade e renovação" - quando não como uma espécie de "senhor ética" -, o parlamentar deu a entender ter perdido a capacidade de distinguir o que é ser de oposição daquilo que caracteriza os interesses dos grupos que agiram (e agem) açodadamente contra o governo Lula e o PT. Daí em diante virou capa e figura carimbada na mídia nacional e do eixo sul-sudeste.

Ao acordar para o resultado maléfico da empolgação de "falador-geral" contra tudo e contra todos, o experiente jornalista e escritor deu com os burros n'água e foi obrigado a voltar atrás depois sentir a reação irada da população do Distrito Federal.

Certamente não foram as constantes companhias tucanas e pefelistas que fizeram o deputado perder a noção do que saía dizendo por aí. Também não foi a falta de experiência no trato com a mídia ou a linguagem, já que tem formação e 'tempo de janela' de sobra para lidar com o assunto.

Fica a impressão de que isso é resultado da empolgação com a aparição excessiva na mídia ou, talvez, uma transformação pela qual o ex-guerrilheiro passa nessa quadra da vida. O tempo dirá.

Por enquanto, desculpas e a promessa de um livro são as maneiras que ele achou para tentar corrigir o preconceito que verbalizou na tal entrevista, justo ele que outrora esteve nas fileiras dos que combatiam os preconceitos arraigados na sociedade brasileira.

De buracos e buracos...

É também nas tragédias que alguns agentes públicos e privados demonstram o modo como tratam diferentes setores da população. A cratera aberta na obra da linha 4 do Metrô, que engoliu parte de uma rua nas proximidades da futura estação Pinheiros, na zona oeste da capital, contrasta com outra que surgiu recentemente no Jardim Helena, na zona leste: os moradores da região de Pinheiros foram levados para hotéis, enquanto os do Jardim Helena passaram 22 dias em um motel do bairro, segundo relato do Jornal da Tarde desta quarta-feira (31).

Os moradores atingidos pela "cratera" da zona leste reclamaram à reportagem que não tinham sequer condições de "preparar as mamadeiras das crianças" depois que parte da rua Salsa Parrilha foi engolida e suas casas foram interditadas. No caso do Jardim Helena, o problema surgiu numa tubulação desativada da Sabesp.

Triste ver como o "tratamento diferenciado" - sinal flagrante de desrespeito - ocorre até em tragédias que, a despeito das proporções, guardam semelhanças.

Palpite

As comissões permanentes da Câmara Municipal serão compostas durante o mês de fevereiro. Meu palpite é que elas serão presididas pelos seguintes partidos:

Constituição e Justiça - PT

Finanças e Orçamento - PFL

Política Urbana - PSDB

Transportes e Atividade Econômica - PTB

Adiministração Pública - PV

Educação - PSDB

Saúde - PT

O novo líder do PT na Câmara

O PT deve escolher nos próximos dias o seu novo líder na Câmara Municipal de São Paulo. Até agora ouvi falar dos nomes dos vereadores Antônio Donato e Francisco Chagas. Podem surgir outros.

Como é tradição aqui na Câmara, a bancada petista chegará a um nome consensual.

Câmara Municipal volta amanhã

Os vereadores de São Paulo voltam ao trabalho legislativo amanhã, dia 1º. Na pauta deste ano teremos importantes matérias tais como: revisão do Plano Diretor da cidade e da Lei de Zoneamento, publicidade externa, pedágio nas marginais - só para citar alguns temas que dizem respeito à vida de toda a cidade.

Para o mês de fevereiro teremos também a composição das comissões permanentes no legislativo paulistano. São sete comissões: Justiça, Finanças e Orçamento, Política Urbana, Transportes e Atividades econômicas, Administração Pública, Saúde e Educação.

A composição das comissões é proporcional ao número de vereadores por bancada partidária.

PS: o prefeito vai indicar seu líder na Câmara Municipal. Quem será? O PT também escolherá seu novo lider.

Zona Azul no Ibirapuera

O prefeito Gilberto Kassab decidiu cobrar Zona Azul na área de lazer mais freqüentada da cidade, o Parque do Ibirapuera.

O Secretário do Verde e do meio ambiente, Eduardo Jorge, declarou que "o sistema de cobrança será implantado neste início de ano". Ele justifica a medida defendendo uma maior rotatividade no estacionamento do parque para oferecer maior quantidade de vagas aos freqüentadores.

Na minha opinião, a medida não vai resolver o problema de falta de vagas. Pelo contrário, será um empecilho para os usuários.

Serra manterá 'turno da fome' nas escolas estaduais

A Folha de S. Paulo traz hoje em seu caderno Cotidiano matéria assinada por Fábio Takahashi que demonstra claramente a incoerência tucana. Reproduzo abaixo o teor publicado pelo jornal.

“O governo de São Paulo vai manter neste ano o 'turno da fome' (aulas no horário do almoço) para 72.500 estudantes da rede, apesar da promessa feita em 2006 de extingui-lo já no começo deste ano letivo.

A meta havia sido estabelecida pela secretária da Educação do então governador Cláudio Lembo (PFL), Maria Lúcia Vasconcelos. Mantida no cargo pela gestão José Serra (PSDB), ela admitiu ontem que o "turno da fome" seguirá em 86 escolas (80 na Grande São Paulo e seis na região de Campinas).

À época do anúncio, em julho, havia 169 unidades com o terceiro turno diurno, que é adotado onde há grande demanda e, por isso, os tradicionais dois períodos (manhã e tarde) não são suficientes.

Para contornar o problema, reduziu-se a carga horária diária nessas unidades de 5 horas para 3 horas e 40 minutos, abrindo espaço para um turno no horário do almoço, a partir das 11h. A compensação do período letivo é feita aos sábados.”

São 72.500 alunos que serão mantidos no “turno da Fome”. É bom lembrar que o Serra, para ganhar as eleições, prometeu acabar com o referido turno no início do ano letivo de 2007.

Isentos recebem carnê do IPTU

Muitos moradores da Capital, que no ano passado fizeram o recadastramento para manter a isenção do IPTU, têm tido surpresas desagradáveis nas últimas semanas. É que eles começaram a receber o carnê de cobrança referente ao ano de 2006 junto com o de 2007. As regiões onde os casos têm ocorrido com maior freqüência são, principalmente, Butantã (Zona Oeste) e M'Boi Mirim (Zona Sul). Contribuintes desses locais têm organizado reuniões diariamente. É o que noticia hoje (31) o Jornal da Tarde.

Será incompetência do secretário de Finanças do prefeito ou faz parte da fúria arrecadatória do “prego”?

PS: "A duradoura influência de Serra sobre a administração paulistana rendeu ao tucano o apelido de 'Prego', que vem a ser o híbrido de prefeito e governador" (Painel do jornal Folha de São Paulo de 24/12/06).

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Um desabafo de Mino Carta

Quem conhece o jeito tucano de ser e de agir - e ainda por cima exerce o papel de crítico desse agrupamento que se mescla ao que há de mais atrasado no cenário político nacional - termina tentado a desabafos como o publicado hoje pelo jornalista Mino Carta em seu blog.

Intitulado A presença tucana, o texto de Mino tem um início aparentemente alheio a política e um final que diz aquilo que resumiria o modo de ser de boa parte do tucanato: "Não agüento tucanos, com raras e honrosas exceções, desde que troquemos idéias sobre o futebol ou a meteorologia. Onde há tucanos, eu não fico, tiro imediatamente o time de campo".

Este não é o meu caso na política, pois não cultivo uma relação de aversão aos adversários políticos. Gosto de respeitar e de ser respeitado, e tenho isso como uma obsessão no tratamento com meus pares na Câmara ou em qualquer outra instância. Sou duro e respeitoso com aqueles com quem disputo o espaço político.

Mas o que o Mino Carta escreveu (acesse aqui o Blog do Mino) é um sinal de como muita gente deve reagir à maneira hipócrita, insensível e característica de muitos tucanos e dos seus aliados de ocasião.

Por que não uma CPI?

Já escrevi aqui no blog sustentando que essa comissão criada pelos deputados estaduais para acompanhar a tragédia na linha 4 do Metrô é uma farsa. Não tem poder coercitivo para convocar ninguém e corre o risco de ser demoralizada.

Hoje a tal comissão tinha uma reunião de trabalho para ouvir o presidente do Metrô. O convidado simplemente não foi à Assembléia Legislativa, mandou avisar aos deputados que todas as explicações foram dadas anteriormente e, portanto, não havia necessidade de seu comparecimento.

Por que será que os tucanos aqui no Estado correm de CPI como o diabo corre da cruz?

A CPI é para dotar o parlamento de plenos poderes para investigar possíveis irregularidades no poder Executivo. Os tucanos estão fazendo de tudo para impedir a instalação de uma CPI para a tragédia da linha 4 do Metrô. Será que eles acham que vão ludibriar a opinião pública paulista mais uma vez?

Gerente afastado

O gerente de construção da linha 4-amarela do Metrô de São Paulo, Marco Antonio Buoncompagno, pediu afastamento de seu cargo nesta terça-feira. Ele é acusado de ter participado de um esquema ilegal de contratações públicas em parceria com uma das empreiteiras do Consórcio Via Amarela. Até seu afastamento, Buoncompagno era encarregado de fiscalizar as obras da linha.

Serra troca verba da União pela iniciativa privada

O jornal O Estado de São Paulo traz hoje uma matéria interessante O subtítulo diz:“Em lugar de verba federal, o governo do estado prefere conceder obra orçada em R$ 3,5 bilhões à iniciativa privada”.

O Rodoanel é uma obra considerada estratégica pelo governo federal e por isso foi incluída no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A previsão de liberação por parte da União totaliza R$ 1,2 bilhão até 2010.

O governo federal não aceita transferir o dinheiro caso a obra seja privatizada como quer o governador Serra. O que eu acho correto. O governador vai entregar à iniciativa privada a operação do Rodoanel, em contrapartida a via será pedagiada. Portanto, são os empresários que tem de assumir os riscos do negócio, e segundo a proposta do governador quem vai pagar a conta são os contribuintes.

Resumo da ópera:

- O governador Serra chegou à conclusão que seu companheiro de partido contratou mal, vai refazer o contrato. O novo edital de concessão sai neste semestre. Fica a dúvida: foi incompetência de Alckimin ou havia alguma falcatrua que eles não querem revelar?

- O governador vai abrir mão da verba do PAC e entregar a obra para iniciativa privada de um contrato de R$ 3,5 bilhões e quem vai pagar a conta será o contribuinte. Por que não aceita a ajuda federal? Será que tem rabo preso com as empresas ou a obssessão pela Presidência da República em 2010 o leva a não querer dividir os bônus da obra com o governo Lula?

Enquanto isso, quem perde são os cidadãos paulistas, que com certeza serão penalizados com mais pedágios em nossas rodovias, tornando para uma parcela da população quase inviável transitar pelas estradas de São Paulo.

Valerioduto começou com os tucanos

A CPI dos Correios já havia revelado que em 1998 Marco Valério doou R$ 11,3 milhões do caixa dois para a campanha de Eduardo Azeredo (hoje senador pelo PSDB) em troca de contrato de publicidade no governo de Minas. Naquela época, o atual senador era o governador mineiro. Os tucanos reagiram dizendo que a acusação era falsa. Finalmente, a Polícia Federal concluiu seu relatório e está provado: a verba para as campanhas do PSDB em 1998 no Estado de Minas Gerais veio mesmo dos cofres oficiais.

O PSDB fez escola, tudo começou com eles.

Leia matéria na Folha de São Paulo de hoje(30) com o seguinte título: "Valerioduto em Minas teve dinheiro público, conclui PF”.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Por que 'refundar' o PT?

Confesso que não encontrei nenhum fundamento na tese da refundação do PT defendida pelo ministro Tarso Genro que voltou aos noticiários. O que o ministro quer dizer com 'refundação'? Se nos referenciarmos nos dicionários da lingua portuguesa não faz sentido aplicarmos o termo refundação para projetarmos um novo PT capaz de construir um novo país. O termo não está bem empregado. Segundo os dicionários Houaiss e Michaelis, a palavra 'refundar' tem o seguinte significado: re.fun.dar(re+fundo+ar2) vtd Tornar mais fundo; afundar, profundar.

Não tenho convivência cotidiana com o ministro, mas acredito que não é isso que ele quer para o nosso partido. Tenho me esforçado para buscar entender o real significado da sua tese, já que não encontrei resposta no dicionário, tampouco na formulação do ministro é possível compreender o que ele quer. Nesse meu esforço o máximo que concluí é que o companheiro Tarso deseja começar de novo o projeto do PT, como se fosse possível jogar fora toda uma história de construção partidária.

Não podemos falar da história recente do Brasil sem falar do PT; nessa trajetória cometemos muitos acertos e alguns erros. É claro que precisamos aperfeiçoar nossas propostas e corrigir as nossas imperfeições. Para isso é necessário construirmos um novo núcleo dirigente capaz de liderar o PT na construção de novos caminhos para superarmos os desafios futuros.

Estou entre aqueles que acham que o chamado Campo Majoritário cumpriu um papel importante, porém está superado como modelo de direção partidária. Isso não quer dizer que o projeto do PT esteja esgotado e que precisa começar de novo (ser refundado). O PT é um partido consolidado em todo o Brasil. Devemos fortalecê-lo, definir claramente um projeto de nação, rever nossas normas internas de funcionamento e aperfeiçoar ainda mais a nossa democracia interna.

A importância de uma CPI para o Metrô

Os fatos estão gritando todos os dias que é necessário abrir uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar as obras do metrô paulista. Quanto mais se desenrola esse novelo, mais crescem as suspeitas de que estamos diante de um caso escabroso de uso indevido de recursos públicos e da abdicação, por parte do Estado, das suas funções primordiais de fiscalização - isso para dizer o mínimo.

O PT pede a investigação por entender que somente esta é capaz de reunir todos os elementos que esclareçam o que efetivamente aconteceu por trás de tudo o que levou ao desmoronamento de parte da obra do metrô. E muito mais: dos antecedentes desse contrato assinado entre as cinco maiores empreiteiras do país e o governo do tucano Geraldo Alckmin.

O jornal Folha de S. Paulo de hoje (29) traz ligações mais antigas do que se sabia até agora entre figuras dos governos Alckmin e Serra e empresas responsáveis por esse contrato nebuloso. Os deputados petistas, por sua vez, querem conhecer o teor de centenas de relatórios trocados entre técnicos do metrô e das empreiteiras - a maioria deles solenemente ignorada pelas empresas -, como de resto os alertas da população das proximidades da obra na região de Pinheiros.

Outra coisa: os tucanos e aliados fizeram das CPIs o seu cavalo-de-batalha contra o governo Lula entre os anos de 2005 e 2006. E, pelo que se lê na imprensa, Serra tem falado numa tal disposição de "investigar a fundo" os erros que levaram ao maior desastre na construção do metrô paulista em toda a sua história.

Reforço: um bom começo é o governador recuar e deixar que sua bancada aprove a criação da CPI do Metrô - se quer realmente dar satisfações à sociedade e não ficar tirando proveito político para fustigar o adversário, o ex-governador Geraldo Alckmin com vistas ao processo eleitoral de 2010. Até aqui, vê-se que Serra não pensa em governar São Paulo, cargo para o qual foi eleito, e se concentra na demonstração dos erros do antecessor.

E o que Serra faz? A conversa tem sido demonstrar alguns "erros políticos pontuais de Alckmin", acionar a Desculpobras tucano-pefelista e fazer de conta que não é com ele. O povo paulista merece mais respeito!

Movimentos errados

A despeito de ser decantado como um político que seria uma espécie de "guru" para muita gente, o prefeito do Rio, César Maia, vem se notabilizando como alguém que coleciona movimentos errados no xadrez eleitoral. Foi assim com a candidatura de Heloísa Helena à Presidência - Maia reproduziu em suas notas pela internet "conselhos gratuitos" que dariam "munição a HH" contra Lula e os demais adversários. Fracassou.

Na eleição para o governo do Estado do Rio de Janeiro, outro movimento foi espalhar que apoiava o governador eleito, Sérgio Cabral Filho. Este não negou, de fato, ter boas relações com o prefeito carioca. Até aí, natural, pois é uma característica que o governador fluminense tem acentuado nos últimos tempos: saber distinguir boas relações de eventuais rusgas políticas. Já César Maia imaginava estar jogando Cabral contra esse ou aquele sistema.

Curioso é ver parte da imprensa estranhando que "as boas relações entre ambos estariam abaladas". De onde se tirou isso? Afinal, a população fluminense votou em Cabral Filho e não em César Maia. Além disso, a proximidade entre Lula e o governador eleito foi fundamental para a consolidação eleitoral de ambos no Estado.

De resto, César Maia tem praticamente nada a oferecer ao governador - talvez tentar tirar deste o que certamente não conseguirá por estar caindo em desgraça política nacional por suas armações que nunca deram certo. Por exemplo, ao tentar se firmar como candidato à sucessão de Lula, depois apoiar Alckmin e retirar o apoio a este, fingir que apoiava Heloísa Helena, flertar com Cristovam Buarque e, ao final das contas, conseguir apenas reeleger o filho para a Câmara dos Deputados. Foi o que sobrou do "guru político via internet" - essa sim a principal função exercida hoje pelo prefeito. E sem um acerto até agora.

A aposta de Tasso e outros tucanos

O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, sabe que não é unanimidade no partido. Basta olhar um pequeno sinal publicado em nota do Painel da Folha de S. Paulo de hoje (29) na qual o governador reeleito da Paraíba - o também tucano Cássio Cunha Lima - mostra com todas as letras a diferença entre ser de oposição e ser contra os interesses do país. Tasso escolheu o velho caminho do "quanto pior, melhor". E deve se dar mal nele. Vamos à nota:

Cada um na sua

"Do tucano Cássio Cunha Lima (PB), sobre as críticas do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, ao PAC: "A agenda do Tasso é uma e a dos governadores é outra. A Paraíba escolheu Lula e Cássio. Cabe aos governos se entenderem".

Apenas publicidade

O programa Escola da Família foi apresentado à população brasileira nas últimas eleições como sendo uma revolução no ensino paulista. O tempo cuidou de desmascarar mais uma farsa dos alckmistas. Essa é a conclusão a que chegamos quando tomamos conhecimento dos números da própria Secretaria Estadual da Educação. Segundo a Secretaria, em muitas escolas a freqüência era baixa e, no caso de outras, já existiam na região ofertas gratuitas de lazer.

Para corrigir os erros do programa o governo Serra está reduzindo os recursos a ele destinados - que passarão dos atuais R$ 216 milhões para R$ 108 milhões e o número de escolas em que ele era aplicado cairá de 5.216 para 2.334. Na Capital, a redução foi de 1.035 para 401 escolas. O Escola da Família foi criado em agosto de 2003 com o objetivo de oferecer lazer às comunidades carentes, em especial as da periferia das grandes cidades, e ajudar os jovens a não se envolver com as drogas e o crime.

Sou favorável à correção dos problemas de incompetência na gestão do programa, mas pelo visto o governo Serra, com a diminuição de verba anunciada, não acredita no projeto. Faltava foco e planejamento ao mesmo, é o que se depreende ao analisarmos os dados da Secretaria. Aos poucos o governo Alckmin vai sendo desmascarado, por estranha ironia, por um companheiro de partido.


Imaginem se fosse um petista: a imprensa já estaria satanizando!

domingo, 28 de janeiro de 2007

Confiança do setor produtivo no PAC

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ridicularizado por boa parte da imprensa "porque veio do governo Lula" (tradução para o tratamento editorial dado ao assunto por setores da mídia), tem apoio do setor produtivo. Leia o que disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na Folha de S. Paulo deste domingo (28). Ele escreveu na seção Tendências/Debates o artigo O novo nome da esperança, de onde reproduzi o trecho abaixo. Assinante da Folha clica aqui para ler o artigo completo.

"O PAC tem vários pontos substantivos. É um grande estímulo e confere fôlego à nação, podendo criar melhores condições para que, finalmente, se realizem as reformas estruturais, em especial a política, a fiscal, a tributária, a previdenciária e a trabalhista, que são condicionantes à edificação de uma economia mais sólida. Contudo, é tímido em medidas que possibilitem a queda das despesas públicas".

Mais do mesmo

Numa coisa ninguém pode negar: os governos Alckmin e Serra devem se igualar em matéria de 'esconderijo' da realidade que os cerca. É o caso dos pedidos de CPI, que Alckmin deixou na casa de 70 engavetadas. Com Serra, a primeira já foi pro buraco - justamente a do buraco na obra de extensão do metrô. A fantasia é uma "comissão de acompanhamento". Para dar em nada, sabe-se de antemão.

Existe a possibilidade de que a investigação seja feita pela Câmara dos Deputados, já que em São Paulo os tucanos só permitem a instalação de CPIs sobre a camada de ozônio, o processo de extinção de certas baleias de águas geladas ou ainda que versem sobre, talvez estes, os 'buracos negros' estudados pelos astrofísicos...

sábado, 27 de janeiro de 2007

"Desculpobras", a mais nova empresa de SP

Defensores ferrenhos dos seus contratos com consórcios disso e daquilo, os tucanos paulistas têm pronto um projeto que visa criar a mais nova empresa para ajudar o partido a "se desculpar" pelos erros graves que comete ao longo dos anos e que, todos os dias, a população fica sabendo. A empresa, provavelmente um consórcio envolvendo as siglas PSDB e PFL, deve ser chamar Desculpobras. Seria uma holding centrada na produção de desculpas para tudo e sobre todos, com sede em São Paulo, mas com atuação no Brasil inteiro.

Desmoronou uma obra? Um tucano ou aliado são flagrados em ato de corrupção? Um contrato com empresa amiga foi denunciado? Os pedágios se multiplicaram, além do preço destes? Os governos tucanos fracassam e seus candidatos são rejeitados pela população em duas eleições nacionais seguidas? O partido criou o sistema de corrupção das ambulâncias e é pai de outros escândalos? Não tem problema: basta acionar a Desculpobras! Parte da imprensa vai fazer o serviço, segundo prevê o estatuto do futuro consórcio tucano-pefelista.

Enfim, um nome perfeito para quem vive arrumando desculpas a cada vez que cai o pano e os tucanos e aliados são desmascarados nas pregações fajutas de "choque de gestão", "planejamento" e "déficit zero", dentre outras fantasias que até parte da mídia comprou nos últimos anos - no caso de São Paulo durante todo o longo reinado do tucanato.

Privatização tucana rende mais uma denúncia

Da Folha de S. Paulo de hoje (27):

Justiça aceita denúncia contra ex-chefes do BNDES

Processo questiona privatização da Eletropaulo

JANAINA LAGEDA

SUCURSAL DO RIO

"A Justiça Federal acolheu uma denúncia do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra cinco ex-presidentes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O Ministério Público apura a suposta ocorrência de irregularidades na concessão de empréstimos para a privatização da Eletropaulo, distribuidora de energia que atua em São Paulo.Os cinco ex-presidentes citados são Luiz Carlos Mendonça de Barros, José Pio Borges de Castro Filho, Andrea Santos Calabi, Francisco Gros e Eleazar de Carvalho Filho. Eles negam irregularidades. A denúncia inclui nomes de outros 12 funcionários do alto escalão do BNDES à época. Os ex-presidentes e funcionários são acusados de gestão temerária e crime contra o sistema financeiro".

Assinante da Folha clica aqui para ler a matéria completa.

Como escolher um candidato

Qualquer democrata acha legítimo que a manifestação de opção por uma candidatura, no caso da eleição para a Câmara dos Deputados, deve ser livre e transparente. Venho criticando - e quem acompanha o blog nos últimos dias tem percebido isso - a "defesa disfarçada" de determinada candidatura. Não há motivos para que um órgão da imprensa escrita use subterfúgios lingüisticos para defender o nome que acha mais próximo das teses que defende, inclusive uma opção partidária se for essa a opção do jornal ou da revista. Jornais e revistas não são concessões públicas. Isso é constitucional.

Não é isso que se vê, no caso de um dos maiores jornais do país, a Folha de S. Paulo. É uma publicação plural, reconhecida pela sua competência editorial e pela cobertura dos principais fatos jornalísticos do país, mas teima em fazer de conta que não tem candidato a um dos cargos mais importantes do país, a Presidência da Câmara. No processo sucessório da Câmara, a Folha tem ancorado a defesa do seu candidato - que o jornal entende ser necessário "ser contra o governo Lula" - de modo enviesado. Que seja direta, e não como vemos no editorial publicado na edição deste sábado (27), no qual Arlindo Chinaglia (PT) e Aldo Rebelo (PC do B) são tratados sempre como "governistas" e o tucano Gustavo Fruet como "independente" - quando até as pedras sabem o que está por trás da tal Terceira Via. Basta olhar os dois trechos abaixo, do editorial Um bom começo, para ver como a opção do jornal é tratada, embora teime em ser "indireta". Compare os modos de tratamento:

SOBRE CHINAGLIA E ALDO

"No debate realizado ontem no auditório da Folha, ambos tiveram, aliás, ocasião de despender alguns esforços de ginástica argumentativa em favor das atitudes que tiveram e que, agora, tratam de reavaliar."

SOBRE GUSTAVO FRUET

"Quanto ao deputado Fruet, defensor de reajustes salariais segundo a inflação, seu papel foi menos o de um "anticandidato", capaz de vocalizar toda a indignação pública com o comportamento de seus pares, e mais o de um postulante viável, ainda que independente do governo, ao cargo em jogo".

A propósito, não se trata aqui de dizer o que o jornal tem de fazer ou de deixar fazer, mas de cobrar, na pele de leitor e de observador político, uma postura mais clara nesse caso. E no caso em tela, inclui o livre direito de escolha e de defesa - DIRETA - desta ou daquela candidatura em editorial. Essa teimosia do uso de 'subterfúgios semânticos' quebra uma tradição da própria Folha, que não se furtou em defender suas teses em momentos cruciais para o país.

O que fazer?

O prefeito Gilberto Kassab anda de cabeça quente. O motivo é a escolha do seu novo líder na Câmara Municipal de São Paulo. No final de 2006, a opção do prefeito era o atual líder do PDT, Carlos Apolinário. Porém, a bancada tucana não gostou de sua opção e, como diz o ditado: “botou o pé na porta”.

Quem vai ser seu novo líder: Carlos Apolinário ou o vereador tucano Netinho?

Mentira tem pernas curtas

O ex-governador Geraldo Alckmin disse segunda feira, ao ser questionado sobre a responsabilidade pelo acidente na linha quatro do Metrô (amarela), defendendo a contratação das empreiteiras realizada em sua gestão pelo modo “turn key”, que o modelo foi adotado por “exigência do Banco Mundial”.

O modelo “turn key” que significa “preço fechado” ou, em tradução livre, “chave na mão”. É um tipo de contrato onde o processo licitatório estabelece o valor e o prazo para entrega da obra. Em contrapartida, a contratada se compromete a entregar a obra em condição de pleno funcionamento. O governo é isento de qualquer gasto extra, porém a empresa contratada tem autonomia para repassar tarefas a outras empreiteiras (e reduzir custos com isso) e fica responsável pela fiscalização de seu próprio serviço.

O Bird, desmentiu o ex-governador na edição de hoje(27) do jornal Folha de São Paulo, veja o que disse o seu representante: “O diretor do Bird (Banco Mundial) para o projeto da linha 4 do metrô de São Paulo, Jorge Rebelo, negou ontem que o banco tenha "exigido" ou "sugerido" ao governo paulista a contratação das obras da linha 4 por meio do modelo "turn key" (preço fechado)”.
Lembra do “choque de gestão”, “eficiência administrativa” que o Alckmin tanto pregava no processo eleitoral passado? Aqui em São Paulo a tradução literal desse discurso é: falência do sistema prisional e da segurança pública; caos na Febem; abandono das áreas sociais; contratos mal feitos prejudicando o interesse público e tragédia na linha 4 do Metrô.

Ainda bem que o povo é sábio: imagina se tivéssemos toda essa “competência” governando o país nos próximos quatro anos?

Ave Maria!!!

Resposta à altura

O governador José Serra (PSDB) vem fazendo duras críticas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para ele, as medidas são fracas, tímidas e genéricas. Também disse que, sozinhas, não devem fazer Brasil crescer. O ministro Guido Mantega respondeu no mesmo tom a crítica do governador hoje (27) no jornal Folha de S. Paulo. Veja:

Mantega disse que Serra "ou não leu o plano ou então leu o plano errado". "O Serra deve estar achando que o PAC é o Brasil em Ação ou o Avança Brasil [planos do governo FHC], nos quais ele teve participação. Esses, sim, foram programas tímidos. O PAC não tem nada de tímido", disse.

O ministro Mantega usou o mesmo tom de dureza de Serra ao defender o PAC. Ele afirmou que o governador paulista foi injusto e precipitado em suas críticas. Ele afirmou que na próxima semana irá se encontrar pessoalmente com Serra para levar a lista de obras do governo federal previstas para São Paulo - inclusive do Rodoanel e do Ferroanel -, ressaltando que já pediu para seus assessores prepararem esse levantamento.

PS - José Serra devia ser menos candidato e mais governador de São Paulo. A obsessão pelo cargo de presidente da República tem induzido o governador a erros. Ele anda muito afobado, exagera nas críticas, se precipita em suas análises e expressa certa ansiedade ao tratar de temas que envolvem o governo federal. Essa postura o desqualifica como quadro político de oposição.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Não à privatização com o dinheiro da União

O governo federal vai excluir o Rodoanel do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), caso o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), privatize o anel viário antes da execução das obras, afirmou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio de Oliveira Passos, por meio de sua assessoria.

O PAC prevê injetar R$ 300 milhões ao ano na construção do Rodoanel, de 2007 a 2010, totalizando recursos de R$ 1,2 bilhão, valor que representa um terço do custo da obra do trecho sul (Folha de S. Paulo de hoje). Segundo o ministro dos Transportes, "não teria sentido" a União injetar recursos em obra conduzida pela iniciativa privada, como quer o governador Serra. "Havendo concessão, a responsabilidade pela conclusão seria do futuro concessionário", disse Passos.

O governo Lula está certo. Não faz sentido o governo federal injetar dinheiro público em uma obra que será conduzida pela iniciativa privada, que depois irá se beneficiar do contrato de concessão do Rodoanel .

No referido contrato está previsto pedágio do Rodoanel e quem vai pagar a conta será o contribuinte.

Acredite se quiser

A famosa série de TV Acredite se quiser, apresentada pelo ator Jack Palance na década de 1980, vez por outra teima em ser revivida de modo torto pelos meios políticos e certos setores empresariais. Este é o caso da ladainha das empresas concessionárias de rodovias que alegam "eternos prejuízos" com a administração dos trechos concedidos desde o governo tucano de Mário Covas.

O curioso é que esses consórcios estão por toda parte, entrando em mais e mais concessões, seja de estradas ou de Metrô. Estudos independentes mostram que a história não é bem assim: a fase dita de 'prejuízos' já passou faz tempo, mas elas querem mesmo é 'recuperar' o que alegam terem perdido. E os contratos? Bom, pedem e conseguem prorrogação. Por que não pedem para sair de um negócio "tão ruim?". Fica a pergunta, com base em diversos estudos que apontam o crescente lucro do setor. O tal 'prejuízo passado' é o que elas querem cobrar agora do Estado. E, pelo jeito, serão atendidos pelos sempre solícitos tucanos.

Alguém acredita que o setor de concessões de rodovias dá prejuízo com os pedágios custando os olhos da cara? O velho ucraniano Palance morreu em 2006 e, além do cinema, ficou famoso ao apresentar na TV os casos mais estranhos de que se tinha notícia então. E sempre terminava com a frase-título do programa: "Acredite se quiser!".

Especulação ou prioridades sociais?

Recomendo a todos que acompanham a situação financeira da Prefeitura de São Paulo a ficarem de olho numa nota do Painel da Folha de S. Paulo desta sexta-feira (26). Intitulada Cofre cheio, a nota informa sobre o resultado da ação movida pela Prefeitura de Poá, na região do Alto Tietê, contra a Prefeitura paulistana que obriga empresas situadas fora da capital a se cadastrar em São Paulo. O Tribunal de Justiça deu ganho de causa ao município de São Paulo.

É justamente aí que se verá um aumento na arrecadação em favor da capital, o que é bem-vindo e corrige uma distorção criada pela transferência de sede de grandes grupos para cidades da Grande São Paulo com o claro objetivo de pagar menos impostos, embora mantenham sua estrutura na capital.

A pergunta é: o que você acha que o atual administração fará com "o cofre" ainda mais cheio?

Sabe-se que atualmente a cidade dispõe de volumes de recursos superiores a R$ 3 bilhões aplicados no mercado financeiro, enquanto todos os setores da administração passam pela mais completa penúria em matéria de dinheiro. E, ainda por cima, gasta-se mal o que é efetivamente aplicado, conforme reportagens recentes da imprensa.

Teremos ainda mais recursos indo para a 'especulação financeira' ou para o atendimento das demandas sociais? Vamos acompanhar!

Será desconfiança de seu colega de partido?

O jornal Folha de São Paulo noticiou hoje (26) que o governo José Serra (PSDB) suspendeu as obras do trecho Sul do Rodoanel, a maior obra em curso no país e orçada em R$3,5 bilhões. A Secretaria dos Transportes tem duas opções para continuar o Rodoanel. Na primeira delas, o governo mantém os contratos atuais, já assinados, e banca a obra com o dinheiro repassado pela empresa que assumir a concessão. Na segunda, os contratos serão anulados e o governo determina à concessionária que toque a obra com recursos próprios."O mais simples seria cancelar os contratos e fazer a concessão. Aí, a concessionária poderá contratar a obra novamente. Mas não há nada definido, ainda estamos avaliando", disse o secretário à Folha.

Tem algo de errado nessa história. A obra tem uma importância estratégica para São Paulo e os referidos contratos foram assinados no governo anterior que é do mesmo partido do governador atual. Será que o governador Serra concluiu que seu companheiro de partido não é uma bom gestor da coisa pública ou descobriu alguma falcatrua no contrato e não quer contar à opinião pública?

Com sua atitude, o governador está dando razão à oposição na Assembléia Legislativa, que pediu uma CPI para investigar o superfaturamento do trecho da obra já realizado.

Prefeito é vaiado no aniversário de São Paulo

O prefeito Gilberto Kassab foi vaiado ontem (25) na cerimônia de entrega da reforma da Praça da Sé. Entidades que representam a população em situação de rua e a União de Movimentos de Moradia de São Paulo, legitimamente, foram ao evento expressar seus descontentamentos com o modo que vêm sendo tratados pelo governo do Estado e a Prefeitura.

Os moradores de rua e suas entidades protestaram contra a política “higienista”, que tem como concepção fechar os espaços do centro para a população que vive em situação de rua. Segundo estas entidades, a concepção urbanística desenvolvida para a Sé é mais uma ação da Prefeitura - dentre outras - com a finalidade de dificultar o acesso daqueles vivem nas ruas da cidade.

O movimento de moradia estava lá protestando contra a falta de prioridade do governo do Estado e da Prefeitura para a área de moradia popular. Reclamavam também da falta de diálogo dos governos do PSDB/PFL, que nem mesmo os recebem para ouvir a suas reivindicações.

Mais uma vez, setores da imprensa - para desqualificar a manifestação - atribuem a realização do protesto a militantes do PT, desprezando a história de organização independente dos movimentos acima citados.

Vejam os contrastes das frases ditas na imprensa:

Para o Padre Júlio Lancellot, a Prefeitura quer expulsar os moradores de rua. “Não queremos que as pessoas morem nos bancos, queremos que tenham moradia. Mas está claro que existe uma política 'higienista'”. Pelo o que me consta, o Padre não tem nenhuma filiação partidária.
Já para o prefeito Gilberto Kassab, os protestos foram políticos. “São maus políticos, que têm, infelizmente, o viés de estragar a festa mais importante da cidade, que é a festa de seu aniversário”.

Parece que o prefeito não está acostumado com a democracia, com a diversidade de opinião; pelo visto, ele não gosta do contraditório.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Vale tudo para aparecer

A obra do Fura-fila foi iniciada ainda na gestão Celso Pitta. O governo Marta refez o projeto estendendo seu trajeto até a Cidade Tiradentes e deu lhe o nome de Paulistão. O Serra, quando assumiu a Prefeitura, mudou novamente o seu nome - desta feita para Expresso Tiradentes, mas conservou o projeto da administração passada ligando a Cidade Tiradentes ao Centro de São Paulo.

Esta obra já custou aos cofres públicos cerca de R$ 600 milhões, e para o próximo ano está previsto investimento de mais R$ 200 milhões. Apesar da enorme quantidade de dinheiro investido, ainda não sabemos quando a obra será concluída.

Nem mesmo o primeiro trecho foi entregue, mas o prefeito Gilberto Kassab já lançou um livro de luxo sobre o conjunto da obra.

Tenha calma, prefeito! Faltam dois anos para o término de seu governo, não precisa tanta precipitação. O Senhor não está dando um bom exemplo gastando dinheiro público com um livro contando a história do Fura-Fila como se o corredor já estivesse pronto.

São Paulo é simplesmente maravilhosa

São Paulo acolhedora, um pouco mineira, pernambucana, cearense, paraibana, alagoana, sergipana, baiana, potiguar, paraense, paranaense, catarinense, gaúcha, matogrossense, goiana, paulista e paulistana. São Paulo, a cara do Brasil:

Encontro de culturas variadas;

Cidade de todos os povos;

Cidade das oportunidades;

Capital mundial da gastronomia;

Cidade 24 horas;

Capital do trabalho;

O centro econômico brasileiro.

Parabéns São Paulo, viva o povo paulistano!

Hoje é o dia

De se dizer simplesmente...


Quer deixar sua mensagem de parabéns à cidade? Clique em comentários e deixe a sua!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Por que não querem uma CPI?

Os deputados estaduais de São Paulo que dão sustentação ao governo tucano não deixaram a oposição instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito parar apurar as irregularidades na linha 4 do Metrô (amarela).

Criaram uma comissão "para acompanhar as investigações" apenas para satisfazer a opinião pública. Esta é muito diferente de uma CPI, que tem poder outorgado pela Constituição de investigação ampla, equivalente ao Poder Judiciário.

A comissão criada não é para valer, não tem poder para investigar as irregularidades. Só para se ter uma idéia, não pode nem mesmo convocar os envolvidos para depor, no máximo convidá-los, sendo que eles comparecerão se quiserem - não são obrigados.

Atuando como oposição ao governo federal, os tucanos tem outra postura: exigem CPI para qualquer denúncia, por mais inconsistente que seja.

Em São Paulo, mais de 70 foram arquivadas. Para o PSDB, CPI é um instrumento eficaz somente para investigar os outros.

Por que será que os tucanos tem tanto medo de serem investigados aqui em São Paulo? Afinal de contas, quem não deve não teme!

PS - Não faltaram denúncias consistentes contra os tucanos: os escandâlos na CDHU, as irregularidades na Febem, o superfaturamento do Rodoanel e da obra de aprofundamento da calha do Tiête, as irregularidades no processo de privatização das empresas estatais. Como disse acima, foram 70 e citei apenas algumas.

Discursos escorregadios

Tucanos são criaturas que exercitam por demais o discurso escorregadio - vão tentando jogar as responsabilidades dos próprios erros no colo alheio. Foi assim no caso do caos durante os ataques do crime organizado em São Paulo e nos outros episódios, mas agora passou da conta quando o assunto do grave acidente nas obras da linha 4 do Metrô tomou o noticiário nacional e internacional.

O mestre do contorcionismo discursivo, Geraldo Alckmin, tentou jogar a culpa pela falta de fiscalização no Banco Mundial, um dos financiadores do projeto. No site Conversa Afiada (clique aqui), do jornalista Paulo Henrique Amorim, o gerente de Projetos de Banco, Jorge Rebelo, disse que a instituição "nunca impediu que o Metrô de São Paulo fiscalizasse as obras". E completou: “Isso que está sendo circulado na mídia e nos periódicos não é verdade. Não foi estabelecido nenhum limite de nenhuma forma”, disse Rebelo a Paulo Henrique Amorim.

Outro escolado em matéria de escorregadas no palavreado é o governador atual, que descasca até hoje o abacaxi deixado pelo antecessor tucano. Por sua vez, já depois de assumir o cargo, o tucano foi até o Banco Mundial pedir "um financiamento adicional" ao organismo financiador do projeto - isso antes do acidente. "Serra pediu mais US$ 95 milhões para cada um dos bancos. O argumento do governador de São Paulo é que o dólar se desvalorizou em relação ao real e por isso o primeiro empréstimo (US$ 209 milhões de cada um dos bancos) não foi suficiente", revelou o Conversa Afiada.

Parece coisa que está no DNA dos tucanos essa mania de fazer de conta que não é com eles...

O pacote do marketing

A Folha de S. Paulo recebeu "com um pé atrás" as medidas anunciadas pelo prefeito Gilberto Kassab (PFL) para a Educação. No editorial O pacote de Kassab, o jornal não disse com todas as letras o que acha dos investimentos que o prefeito promete fazer, mas as desconfianças anotadas no texto dão a entender o que todo mundo deve estar percebendo: trata-se de um pacote cuja raiz é o marketing. Isso levando-se em conta as pretensões de Kassab de disputar as eleições em 2008.

Óbvio que não se critica aqui a idéia dos necessários investimentos que o setor deve receber, como de resto a cidade precisa nas diversas áreas. O jornal, por exemplo, duvida da viabilidade do plano educacional esboçado pelo prefeito, uma vez que sequer há estimativas de prazos ou de custos. Tende a ser, como frisou a Folha, a "repetição um hábito de jorrar projetos sem fonte de recursos, orçamento e cronograma".

Justiça seja feita: se a administração atual iniciada com o tucano José Serra tivesse tido a humildade de reconhecer os avanços na área da educação implementados pela prefeita Marta Suplicy entre 2001 e 2004 qualquer "pacote" dessa ou de qualquer natureza seria dispensável. Basta lembrar os futuros CEUs que a então prefeita deixou encaminhados (projetos, terrenos escolhidos, recursos orçamentários etc), além de escolas e outras unidades educacionais previstas pela administração do PT. Serra e seu sucessor preferiram fazer "piruetas" políticas quanto ao custo "alto" dos CEUs, paralisaram atividades, sucatearam a estrutura das coordenadorias de educação, minaram a autonomia das subprefeituras - enfim tentaram de tudo para "sumir" (e não conseguiram!) com as principais marcas do PT nos dois primeiros anos de governo do PSDB/PFL.

Agora, com o horizonte eleitoral de 2008 despontando, Kassab segue a orientação de Serra e prepara um plano que, como disse o jornal e todos percebem na realidade, tem mesmo cara de "pacote".

Apoiarei toda proposta que venha melhorar a educação - e essa tem sido a marca do PT e do meu mandato na Câmara Municipal em relação aos interesses da cidade. O que não passará em branco é a tentativa de manipular a opinião pública por meio de medidas eleitoreiras, cujos rastros são claros: seguem exclusivamente o calendário eleitoral. Vamos desembrulhar o tal pacote e ver o que tem de sólido (se é que tem) e o que não passa de truque de algum ilusionista do marketing político.

Tempestade em copo d'água

A recente decisão do governador baiano Jaques Wagner (PT) de retirar a segurança que era mantida pelos cofres públicos no memorial em homenagem ao falecido deputado Luís Eduardo Magalhães provocou o que se chama popularmente de 'tempestade em copo d´'água'. Meramente administrativa, a medida visou apenas retirar da esfera pública uma tarefa que é de caráter privado, pois cabe à família do deputado - que age sob o comando do senador Antônio Carlos Magalhães (ACM) - oferecer proteção ao monumento por ela construído.

ACM, como sempre, acusa o petista de perseguição à memória do filho, ao PFL e tudo o que se possa imaginar. Enviou até um "alerta" ao governador baiano sobre "eventuais ataques de correligionários" de Wagner ao memorial de Luís Eduardo. Bobagem. O que foi feito, exclusivamente, foi zelar pelos cofres públicos, pois o Estado bancava uma atividade que, hoje, a própria família ACM mantém. Tanto que ao ser informada antecipadamente da medida do governador atual, esta contratou seguranças particulares que revezam 24 horas no local. Obrigação da família, obrigação do Estado liberar policiais e recursos para a segurança da população de um modo geral.

Desacostumado à idéia de um governador que não obedeça toda e qualquer ordem do clã, ACM viu no fato uma possibilidade de acusar o PT de perseguição política. O Estado, sabe-se, é visto por certo grupos como o caminho mais curto para seus interesses privados. Mais uma vez, um ditado ilustra essa reação do senador baiano: "O hábito do cachimbo faz a boca torta"

O resto é politicagem, é criação de fato político para entreter a imprensa e a parte do povo baiano que ainda segue cegamente o carlismo naquele Estado.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Do debate sobre a reforma política

Oportuno o artigo do sociólogo Gilson Caroni Filho, das Faculdades Integradas Hélio Alonso (RJ), publicado hoje (23) no site da Agência Carta Maior. Os questionamentos dele começam com o título Quem não quer a reforma política? e se estendem ao longo de uma análise crítica sobre fazer uma reforma política pontual ou discutir a fundo as estruturas políticas nacionais - essa sim uma mudança que certamente não interessa a diversos setores que sempre pregam essa ou aquela alteração na qual têm interesse particular.

Já comentei o assunto em postagens anteriores aqui no blog (veja a guia Arquivos).

Mas voltando ao texto do professor Gilson Caroni, escolhi um trecho que expressa algumas das preocupações nessa linha. Reproduzo abaixo (para ler o texto completo, clique aqui):

"As denúncias renovadas contra antigos vícios do processo legislativo recolocam na ribalta os mágicos de sempre, com suas cartolas e coelhos envelhecidos. O que eles propõem como reforma política é rota de fuga para que a esfera pública brasileira não seja repensada a fundo".

O debate vai continuar. Opine sobre o assunto aqui no blog.

O leitor do blog comenta (3)

"Olá, João Antonio:

A depender dos jornais brasileiros, nós nunca saberemos os detalhes da campanha para derrubar Hugo Chávez que completou oito anos - com um golpe mal sucedido em abril de 2001 e uma greve patronal de 64 dias - de dezembro de 2002 a janeiro de 2003. Agora a mídia brasileira está em campanha para salvar a pele da RCTV, a emissora venezuelana que está sob a ameaça de não ter a concessão renovada pelo governo venezuelano, em março. O curioso é que esta mesma mídia sonega informações a leitores e ouvintes sobre as razões que levaram Chávez a reagir com mão pesada contra a emissora. Pretendem enganar os brasileiros, como se a RCTV fosse vítima de um ditador. Mas como estamos na idade da internet, as informações circulam com muito mais rapidez do que no passado. E quem sonega notícia acaba sendo desmascarado".

Alexsandro de Almeida (Dudu - Jaçanã - São Paulo - SP)

Sobra dinheiro e a cidade continua abandonada

A Prefeitura de São Paulo fechou 2006 com um superávit de R$ 677,3 milhões e R$ 3,5 bilhões em caixa, segundo notícia hoje (23) a Folha de São Paulo. Do total de investimentos em obras previstos no Orçamento do ano passado, a administração Kassab deixou de investir R$ 1,1 bilhão. reforça a matéria assinada por Evandro Spinelli.

O Orçamento de 2006 reservou R$ 64 milhões para construção de escolas do ensino fundamental, mas apenas R$ 9,3 milhões foram investidos - 14,53% do previsto.

Para o Hospital da Cidade Tiradentes a previsão orçamentária era de R$ 65,9 milhões, mas foram aplicados R$ 38,5 milhões - 58,42% do total previsto.

Para as obras da avenida Jacu-Pêssego o previsto foi R$ 225,2 milhões no Orçamento, a obra continua a passos de tartaruga, e o governo investiu R$ 81,8 milhões em 2006 (36,32% do que foi previsto), sendo que quem mora na região não consegue perceber em que foi investido o dinheiro. Quando passamos pela obra temos a sensação de um esqueleto paralisado.

Para não falar da falta de remédio nos postos de saúde, do abandono da cultura e esporte nos Centros Educacionais Unificados (CEUs), dos esgotos a céu aberto correndo na periferia, dos buracos nas ruas, das enchentes que assolam São Paulo e da piora dos serviços de transporte público. Enquanto isso, R$ 3,5 bilhões continuam aplicados no mercado financeiro, provavelmente esperando o ano eleitoral para tentar comprar a consciência do eleitor.

A indústria das multas na cidade de São Paulo

O jornal Folha de São Paulo publicou em sua edição de hoje (23) matéria com título Kassab eleva rigor de radar; multas dobram.

"A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) reduziu de 10 km/h para 7km/h a margem de tolerância adotada pelas fiscalizações feitas por radares fixos e móveis na cidade de São Paulo. A mudança foi feita pela gestão Kassab, sem divulgação oficial. Procurado pelo jornal, o prefeito admitiu a alteração da norma de fiscalização".

O que move essa decisão do prefeito é a vontade de arrecadar mais, engordar o caixa da Prefeitura sem dar nenhuma garantia de que esse dinheiro vai ser destinado para resolver o problema do trânsito na cidade, conforme determina a legislação.

No ano passado, parte do dinheiro arrecadado com multas foi desviado para fazer recapeamento nas avenidas na cidade, obras de péssima qualidade - exemplo disso é a proliferação de buracos com as chuvas recentes - feitas às pressas com o objetivo de ajudar nas campanhas eleitorais tucanas.

Quem anda na cidade de São Paulo sabe que o trânsito piora a cada dia e pouco se tem feito para amenizar essa situação. Se os resultados das multas fossem revertidos, pelo menos para aquilo que a lei determina, ficaríamos menos críticos à medida. Pelo contrário: o que estamos vendo é a tramitação na Câmara Municipal de um projeto de lei instituindo pedágio nas marginais. É bom lembrar que a previsão orçamentária para este ano é de R$ 22,5 bilhões. Se essa previsão se confirmar, significará um aumento de R$ 6 bihões em relação o orçamento de 2006.

É muita arrecadação e são poucas as realizações.

Sábia decisão

A bancada petista na Assembléia Legislativa vai deixar a decisão sobre a escolha da Mesa Diretora no legislativo paulista para depois do processo eleitoral na Câmara dos Deputados.

Sábia decisão. Política se faz com paciência e razão e não com arrogância e declarações inócuas.

Serra e Kassab: por que me abandonastes?

O Jornal da Tarde publicou na edição de ontem (22) matéria que demonstra claramente a diferença de tratamento dada aos dois bairros com nomes iguais e realidades muito diferentes. O bairro do Itaim Bibi é um bairro nobre da cidade, na região dos Jardins. Já o bairro do Itaim Paulista está localizado no extremo leste da capital, faz divisa com a cidade de Itaquaquecetuba, é um bairro da periferia de São Paulo.

O jornal entrevistou líderes de associações de moradores dos dois bairros. No Itaim Bibi reclamam da falta de manutenção do viário público, já no Itaim Paulista falta tudo.

Comparando o investimento realizado pela Prefeitura nos dois bairros. Podemos concluir o quanto a periferia é discriminada pelo governo PSDB/PFL. Basta olhar os dados publicados pelo jornal:

"Nos 27,2 km² da Subprefeitura do Itaim Paulista há 60 quilômetros de ruas não asfaltadas”, segundo o subprefeito Diógenes Sandim Martins. Já a Subprefeitura de Pinheiros - que inclui o Itaim Bibi -, informou que “100% das ruas” de lá são asfaltadas. Desde o início do programa de recapeamento da Prefeitura, há um ano e 4 meses, foram recapeados 471 km dos 16 mil km de vias paulistanas - 69,6 km só na Subprefeitura de Pinheiros e 8,6 km no Itaim Paulista. 'Nossas ruas estão muito desgastadas, mas precisamos de pavimentação, e não de recapeamento', justifica Diógenes. A casa de Lídia fica na esquina das Ruas Padre Frederico Olmeda, asfaltada, e Giovani Mosto, de terra e à beira do córrego do Tijuco Preto, a céu aberto. O subprefeito diz que a pavimentação depende 'da liberação de recursos'. 'Já asfaltamos 72 ruas'. Lídia reivindica, há dois anos, pelo menos cascalho'. No Itaim Bibi, a Subprefeitura de Pinheiros já enviou o pedido de Marco Antônio à Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, responsável pelo recapeamento".

Os numeros falam por si, não precisamos muitos argumentos para demonstrar o quanto os bairros periféricos estão sendo abandonados por esta administração. Os dados da própria Prefeitura bastam para fechar um diágnóstico preciso. É bom lembrar que estes são dados apenas do viário público - imagine o quanto seria a distorção se comparássemos os serviços da prefeitura em área como canalização de córregos, saúde pública, educação, saneamento básico, transporte e iluminaçao pública.

Os números citados acima não deixam dúvidas: o governo Serra/Kassab prioriza os investimentos nos bairros mais ricos, deixando a periferia em segundo plano.

Só para lembrar: o subprefeito do Itaim Paulista mora no bairro de Moema, vizinho ao Itaim, só que no Itaim Bibi.

Não tenho nada contra o subprefeito, mas será que o PSDB não tinha ninguém da comunidade para indicar?

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Sobre a histeria antichavista

Escrevi ontem aqui sobre a histeria que tomou conta de boa parte da imprensa brasileira acerca do presidente venezuelano Hugo Chávez. Hoje, o colunista Fernando de Barros e Silva escreve na Folha um artigo que provoca a partir do título e traz algumas considerações que considero apropriadas, embora discorde de outras.

Em Quem tem medo de Chávez?, o jornalista diz, por exemplo, que "Há muita incompreensão, há exageros "antibolivarianos" e há, em certos casos, uma histeria que sugere a reedição do CCC -sempre em nome da democracia. Mais uma vez, a omissão e o silêncio táticos da esquerda democrática abrem caminho para a direita furibunda (assinante da Folha ou do UOL clica aqui para ler o artigo).

Foi, pelo menos, um primeiro passo na grande imprensa para se discutir o tema Chávez sem um mergulho na "histeria quase que coletiva" que tomou conta de grande número dos nossos analistas nos últimos tempos.

Afinal, como reforça Barros e Silva no artigo, "Chávez não é, como ele mesmo brincou, 'uma florzinha', mas o antichavismo em curso não parece menos caricato e regressivo".

Edson tenta fazer jus ao sobrenome

O deputado estadual tucano Edson Aparecido tenta fazer jus ao sobrenome que carrega ao criar uma comparação ridícula entre as cobranças justas que o PT tem feito pela transparência na apuração do desastre da linha 4 do Metrô e a exploração comercial que fez certa bebida energética durante a "crise do buraco".

Pelo menos é isso que Aparecido tenta expressar na frase da seção Tiroteio, do Painel da Folha de hoje: "O PT sempre dificultou obras importantes para São Paulo, como a linha 4 do metrô. Agora, após o acidente, age como os que foram vender bebidas nas proximidades da tragédia". Ele e o PSDB inteiro sabem que O PT nunca dificultou essa ou qualquer obra para São Paulo: apenas alertou, lá atrás, para os riscos que esse tipo de contrato oferecia à execução da obra. As cobranças eram um alerta à sociedade.

O malabarismo semântico tentado por ele na frase acima tenta esconder o que a sociedade acabou sendo obrigada a experimentar nos últimos dias na capital, com o desabamento de parte da obra do Metrô, que levou à morte de diversas pessoas.

Só faltou o Aparecido terminar a frase culpando o PT pela tragédia, como é próprio dos tucanos toda vez que entram em desespero político ao não terem saídas para os erros graves que se acumulam neste verdadeiro reinado em São Paulo.

Na crise do PCC, criaram fantasias sobre o partido - que depois foram desmentidas de forma cabal. Durante a tal crise de 2005 e nas eleições de 2006, se refugiaram no denuncismo e no uso de parte da imprensa que lhe aluga a pena - tudo num vergonhoso conluio com o que há de mais atrasado na política brasileira.

Azar do Aparecido é que ele tenta aparecer da pior maneira possível: tentando justificar o injustificável, que é esconder a apuração que a sociedade quer, e para isso não hesita em lançar mão de um discurso qualquer contra quem só tem cumprido o seu papel de oposição e de consciência crítica da sociedade.

Os fatos graves estão aí para provar que o PT estava certo ao cobrar fiscalização e transparência. Foi só isso que o PT fez muitos anos antes do acontecido. É isso, Aparecido: é melhor desaparecer com essa conversa enquanto é tempo!

Jackson do Pandeiro e os Kassab

Duas notas no Painel da Folha de hoje (22) me fizeram lembrar o grande cantor e compositor paraibano Jackson do Pandeiro e sua brilhante interpretação da música Como tem Zé (de Manezinho Araújo e Catulo de Paula). Esse clássico do cancioneiro popular brasileiro satifiza a popularidade do nome Zé nas famílias paraibanas ao dizer, num trecho, "Vige, como tem Zé/Zé de baixo Zé de riba/Te esconjuro com tanto Zé/Como tem Zé lá na Paraíba".

As notas do Painel falam dos irmãos Marcos e Pedro Kassab, irmãos do prefeito Gilberto Kassab. Marcos hoje é o segundo homem da hierarquia do Metrô de São Paulo, do governo do Estado, e Pedro é consultor das principais empresas do setor de transportes públicos municipais da capital.

São técnicos que já atuavam na área antes da ida do irmão para a Prefeitura e do chefe imediato deste para o governo estadual, vale lembrar. De todo modo, o espírito de um Jackson do Pandeiro me faria dizer: "Vige, como tem Kassab...".

Especulações e pessimismo

Tenho acompanhado em toda a imprensa as notícias sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que o presidente Lula vai apresentar à Nação hoje(22) em Brasília.

Alguns jornais já anunciaram que o PAC rompe com a era Palocci, colocando o ex-ministro em oposição ao crescimento econômico. A forma como é feita a abordagem induz o leitor a atribuir a Palocci o desejo de impedir o crescimento econômico do Brasil. Eu também sou um crítico da política econômica do ex-ministro. Porém, o máximo que atribuo a ele é o que no direito penal chamamos de "dolo eventual" ( quando o agente não deseja diretamente o resultado, mas assume o risco de produzi-lo). Na minha opinião, analogicamente, foi isso que aconteceu: em nome da estabilidade econômica, mesmo não desejando a sua estagnação, Palocci assumiu todos os riscos de produzi-la.

Em relação ao plano que será apresentado hoje o que se vê na imprensa é, por um lado, muita especulação e, por outro, muito pessimismo. A imprensa não consegue nem mesmo chegar a uma cifra comum dos investimentos a serem feitos. Fala-se em R$ 160 bilhões em algumas edições, em R$ 500 bilhões em outras. O pessimismo é tanto que às vezes pensamos que todos torcem contra o plano. Tenho certeza que se nada estivesse sendo feito a crítica seria ainda mais contundente.

Quanto aos pessimistas, sugiro esperar pelo menos o anúncio do PAC para depois analisá-lo cuidadosamente, sem preconceitos.

Que bom que o nosso presidente está otimista, estamos torcendo para que tudo dê certo, pois algo precisa ser feito para a economia do país voltar a crescer.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Proximidade das eleições: imprensa anima a terceira via

Demorou para que os críticos da proporcionalidade e do respeito à tradição da Câmara dos Deputados voltassem a se animar com a tal Terceira Via - pelo menos na imprensa. A Folha deste domingo (21) não se faz de rogada e vai direto ao assunto "campanha em favor de Gustavo Fruet". É o que se pode deduzir da matéria Dos candidatos da Câmara, só Chinaglia não veta reajuste de 91%.

Basta ler a matéria e vê-se que em momento algum Arlindo Chinaglia "defendeu" esse ou aquele reajuste para os salários dos parlamentares. Sem contar que, como chega a sugerir o título da matéria, o petista não tem "poder para vetar" reajuste, coisa que sequer está sendo debatida no Congresso no momento. O assunto já esteve em pauta, mais precisamente na gestão do atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B). O jornal sabe disso, o candidato que o jornal defende sabe disso e todo mundo sabe disso. Mas e daí se é possível tecer essa ou aquela tese?

Todo esse "jogo de palavras" adotado no texto da Folha vem do fato de Chinaglia ter dito, de forma honesta e clara, que "não haverá tema que não possa ser discutido" se ele vier a ocupar a Presidência da Casa, como apontam todos os levantamentos feitos até agora. Ou deveria ser diferente? Onde já se ouviu falar que o parlamento deve ter "temas proibidos?". O que não pode haver é o escamoteio de opiniões, como o fazem os defensores da "Via Tucana" e alguns veículos de imprensa que querem assumir o posto de "opinião pública nacional" por excelência.

Todos sabemos que a sociedade não reflete, necessariamente, tudo o que desejam ou pensam os editores de jornais, de revistas ou os noticiários de rádio e tv. E isso também não poderia ser diferente numa sociedade democrática.

Chávez, o escolhido

Provocaria risos se não fosse sinalizador de uma distorção política grave a insistência com que os grandes jornais e as principais revistas semanais tratam o comportamento do presidente venezuelano Hugo Chávez. Dias e dias seguidos, o presidente do país vizinho consegue pautar a imprensa brasileira. Ataques de toda sorte, como se a política venezuelana encontrasse todo esse eco por aqui. Os editores sabem que a política externa brasileira nada tem de alinhada ao chavismo, mas nada como insistir numa tese com o intuito de dar-lhe um verniz de verdade.

A Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Veja - principalmente estes - têm dedicado páginas e mais páginas, editoriais e coberturas extensas ao que diz, pensa ou se imagina pensar Hugo Chávez. Vale qualquer frase, qualquer ironia ou qualquer expressão que o líder venezuelano faça diante das câmeras ou de repórteres e tudo vira manchete, comentários, opinião e análise. Todas mostram o "ditador", o "monstro", o novo Hitler e por aí se vai.

Sugiro a leitura de um artigo do jornalista Gianni Carta, da revista CartaCapital desta semana que reflete sobre o tratamento que é dado por aqui a Chávez e o completo desconhecimento (?) da política francesa. No texto, Carta diz que a França caminha para dar respaldo a um "populista do mercado, xenófobo e racista" - e não se vê uma linha sequer na chamada grande imprensa local para o assunto. Trata-se de Nicolas Sarkozy, ministro do Interior e líder da União por um Movimento Popular (UMP), que venceu as prévias para as presidenciais em 22 de abril e 6 de maio.

Clique aqui e leia o artigo de Gianni Carta.

Coisas de opção política, que em dado momento os leitores recebem como se fosse informação.

Jogando para a platéia?

O Jornal da Tarde deste domingo (21) traz uma matéria que sugere uma aparente "bondade" dos tucanos José Serra e Aécio Neves - me refiro mais especificamente ao primeiro pelas suas pretensões mais do que claras quanto ao desejo de ocupar a cadeira hoje ocupada pelo presidente Lula. Ele fez isso ao disputar a Prefeitura de São Paulo em 2004 (e "repassá-la" de bandeja ao PFL de Kassab) e se prepara diuturnamente para fazê-lo no caso do governo do Estado de São Paulo.

Serra, como se sabe, não tem esse apreço todo pelo trato correto no campo político. Quem acompanha seus passos desde o primeiro dia no governo estadual sabe disso muito bem, a começar pelos seus próprios companheiros de partido. Que dirá em relação aos seus adversários.

Portanto, soa meio como uma tentativa de dar ares de "bondade" ao que se sabe ser um poço de maldades políticas. Ele trabalha, neste momento, não visando o governo do presidente, mas os seus "adversários tucanos" - leia-se Geraldo Alckmin e Aécio Neves.

Todavia, se a tal informação carregar algo de verdadeiro, já terá sido um importante passo para o que venho comentando como um certo amadurecimento político da oposição no Brasil. É o mínimo que o país espera de governantes que ocupam postos da relevância que Serra e Aécio ocupam.

sábado, 20 de janeiro de 2007

O povo americano rejeita a política de Bush para o Iraque

Cada vez mais americanos se opõem ao aumento de tropas no Iraque, revela uma pesquisa publicada pela revista Newsweek, segundo a qual 68% dos americanos recusam a medida emblemática da nova estratégia de George W. Bush para o país árabe.

Apenas 24% dos entrevistados aprovam as decisões de Bush em relação ao conflito iraquiano - o menor índice de apoio registrado pelo presidente desde o início da guerra. Segundo a revista, 70% dos entrevistados desaprovam a política para o Iraque e o nível de popularidade do governante é o menor desde o início de sua administração - 30% - a informação está no portal Terra)

O povo americano não agüenta mais a sandice do seu presidente. A pesquisa acima demonstra claramente o desastre de sua política externa e ajuda explicar a derrota sofrida pelos republicanos nas últimas eleições para o Congresso dos EUA.

Vou repetir o que já disse aqui no blog: o governo americano não pode se arrogar de dono do mundo. Eles precisam respeitar as normas internacionais, a autonomia dos povos, o direito das nações se organizarem livremente sem a sua tutela e sem submeter-se aos seus interesses econômicos.

A lucidez do pensamento de Galeano

O escritor uruguaio Eduardo Galeano tem texto postado no Blog do Emir, do sociólogo e professor Emir Sader, na Agência Carta Maior. Pelo trecho abaixo, pode-se perceber a lucidez de Galeano em matéria de análise do que se chama "consumismo" em tempos de globalização, inclusive do pensamento:

"Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial".

Clique aqui e leia o ensaio completo.

Vem aí a 2ª Conferência Nacional de Mulheres

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governo federal, convocou para os dias 18 a 20 de agosto deste ano a 2ª Conferência Nacional de Mulheres.

O encontro irá analisar os desafios para a construção da igualdade, avaliar as ações propostas do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e também a participação feminina nos espaços de poder.

"Nessa segunda conferência vamos debater a questão da participação política da mulher. Isso é importante porque hoje no Senado e na Câmara, a representação das mulhres é de cerca de 9%", destacou a secretária-executiva da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Tereza Souza, que coordena a conferência.

A Conferência será realizada em Brasília e deve reunir 2,8 mil delegadas indicadas pelas conferências municipais e estaduais. Os encontros municipais ocorrem nos meses de março e abril. Os estaduais, em maio e junho.

Informações reproduzidas do Portal do Governo Brasileiro.

Ainda bem que existe mais de um Caetano

Sempre se soube, pela sua genialidade musical, que Caetano Veloso não poderia ser apenas um. Principalmente quando ele desata a falar de política e a demonstrar a sua identificação com o coronelato baiano e o tucanato paulista e nacional.

A mais recente "manifestação" política do cantor e compositor baiano está no jornal O Globo e no Blog do jornalista Ricardo Noblat em entrevista publicada neste sábado (20). Selecionei apenas duas frases do que foi publicado no Blog do Noblat para ilustrar o Caetano 2 em sua fase "cada vez mais ACM, cada vez mais Serra":

"Como ACM, também acho Chávez uma coisa antiga. A burka é uma coisa antiga e medieval, mas não deixa de ser uma novidade, não é? (...) Chavez também é assim. Isso não quer dizer que eu seja a favor da burka nem de Chávez. Ele quer ficar no poder e quer a imprensa a favor dele. Isso é coisa que a esquerda adora."

COMENTÁRIO UM - Um cara como o Caetano precisar da muleta do ACM numa frase é, no mínimo, curioso...

"O José Serra tem um projeto para a economia que pensa globalmente a questão do social, do desenvolvimento e da inserção do Brasil na economia mundial. Mas eu nunca vi algo parecido com isso exposto com clareza por Dirceu, Lula ou Palocci".

COMENTÁRIO DOIS - Pensa tão globalmente que ainda não sabe como se sair diante da primeira crise enfrentada por seu governo aqui em São Paulo com o caso do Metrô...

Por fim, nada disso tira a genialidade do grande Caetano. E, claro, é seu direito falar o que bem entende. E ouvir as críticas é natural tanto quanto falar o que se pensa. Assim é a democracia!

Muita bondade...

O jornalista e deputado federal Fernando Gabeira abre um rosário de bondades em seu artigo de hoje (20) na coluna da Folha de S. Paulo que passou a assinar no lugar do ex-ministro Delfim Netto. No texto intitulado Terceira via, Gabeira redigiu uma espécie de "carta de intenções" do bloco de oposição liderado pelos tucanos com o intuito de transformar a Câmara dos Deputados em trincheira do PSDB-PFL.

Ele, como escritor e jornalista de tarimba, transforma esse monstrengo liderado pelos tucanos numa "via de bondades". Dá a entender, por exemplo, que até o PT ou o PMDB poderiam ser a tal "ciclovia", como ele também chama o grupo (modéstia, digamos!). Para dar credibilidade a esse festival de "boas intenções", o deputado diz: "Depois de muito esforço, conseguimos achar um nome: Gustavo Fruet. É do PSDB. Tentamos gente do PT, do próprio PMDB".

Quem leu essa passagem de modo nem tão atento pode até pensar: "Poxa, eles foram obrigados a escolher alguém do PSDB (repare na frase curtíssima do escolhido: "É do PSDB"). Nem o PT, nem o PMDB quiseram". Puro silogismo, malandragem de raciocínio. A regra e o regimento prevêem que o maior partido da Casa indica o presidente, e o PMDB abriu mão de um nome próprio para apoiar o companheiro Arlindo Chinaglia. O próprio Chinaglia compôs uma Mesa Diretora com a representação dos principais partidos com assento na Câmara, inclusive o PSDB. Cumprindo o regimento e honrando a tradição do parlamento.

O que o Gabeira "em pele de cordeiro" prega é a submissão do parlamento aos grupos oposicionistas com os quais ele comunga hoje. Nada além de uma "trincheira" oposicionista, já que as CPIs e outros instrumentos que a oposição usou e abusou não deram o resultado eleitoral esperado contra o primeiro governo Lula.

O próprio Gabeira sabe disso, mas prefere usar termos como "plantar sementes na cabeça dos 513 deputados", numa alegoria a jardinagem, a pureza de intenções e a algo quase paradisíaco, quando a disputa é meramente política e tem regras que não precisam de "fraseados" para serem cumpridas. É isso!

Uma notícia boa, outra ruim

O Jornal da Tarde de hoje (20) publica a seguinte informação:

"A Prefeitura deve anunciar nos próximos dias a entrega das primeiras unidades dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) feitas pela atual gestão. Dos cinco 'escolões' prometidos desde 2005, quatro estão em fase de acabamento e devem ser entregues para o início das aulas. Todos incompletos: o bloco esportivo e cultural onde ficam piscina, quadra, teatro e tudo que fez a fama dos CEUs vai ficar para depois.

Os terrenos onde estão sendo erguidos novos 'escolões' também foram escolhidos pela administração anterior, que deixou reserva de 21 áreas para outras unidades".

A BOA - A notícia boa é que a Prefeitura vai dar continuidade à política iniciada no governo anterior de construção de CEUs na periferia, mantendo as principais características do projeto original. O projeto arquitetônico é praticamente o mesmo, o que vai permitir continuar a política de integração da educação, do esporte, da cultura e, a depender do interesse político do prefeito, poderá ser um espaço de cultura e Lazer para a população local nos finais de semana.

A RUIM - A notícia ruim é que os atuais CEUs estão sendo abandonados, desapareceram os instrumentos musicais, os agentes culturais, técnicos para as oficinas,em alguns CEUs não existem, em outros foram reduzidos, e onde existem estão sem nenhuma estrutura para desenvolver seu trabalho. As estruturas físicas estão sem manutenção adequada e os espetáculos teatrais, filmes e shous que eram um espaço de cultura e lazer nos finais de semana para a comunidade foram retirados dos CEUs.

REQUERIMENTO - Apresentei, via Câmara Municipal um Requerimento de Informações de tudo que ainda existe nos CEUs. Minha intenção é montar um diagnóstico completo da real situação. Não basta construirmos novos Centros Educacionais Unificados - temos que fazer com que todos funcionem integralmente conforme seu projeto original.

Desde que o Serra assumiu, a Prefeitura anunciou a redução dos custos de manutenção dos CEUs. Quem os freqüenta sabe exatamente por que os custos foram reduzidos, e não poderia ser diferente: não existindo mais as atividades culturais e esportivas, o valor da manutenção só podia diminuir.

PS - Cada CEU que será entregue pelo prefeito Kassab custará ao tesouro municipal mais de R$ 20 milhões, valor semelhante ao dos CEUs construídos no governo Marta Suplicy.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Li no Blog do Zé Dirceu

O Zé Dirceu, a pedido de leitores do blog dele, escreveu sobre a doação de R$ 500 mil da Sabesp para o Instituto FHC. O companheiro Zé, como costumo chamá-lo, não vê nada de ilegal, nem de imoral e nem de anti-ético no ato. (leia aqui o Blog do Zé Dirceu).

Quero discordar do posicionamento do ex-ministro. Pode não ser ilegal. Não conheço os termos da doação. Agora, uma empresa de capital misto, com o controle majoritário do Estado, onde seus diretores e cargos de confiança são indicados pelo governador, o PSDB é o partido de FHC e governa o Estado há 12 anos - e achar que não há imoralidade no fato não é correto.

Eu acho o episódio uma acinte ao povo paulista e um descaso com o dinheiro público.

Vou repetir a frase que FHC adora pronunciar: "Nem tudo o que é legal é moral".

Boa notícia para as rádios comunitárias

Do site da Agência Carta Maior hoje (19):

Entidades ganham 45 dias para habilitação de rádios comunitárias

"SÃO PAULO – O prazo do primeiro aviso de habilitação para o serviço de radiodifusão comunitária para a cidade de São Paulo foi prorrogado por mais 45 dias. A decisão foi publicada nesta sexta-feira pelo Ministério das Comunicações (MiniCom) no Diário Oficial da União. O aviso foi publicado originalmente no início de dezembro e no próximo dia 22 de janeiro se encerraria o prazo para as associações comunitárias interessadas em criar uma emissora se manifestarem.

Na última segunda-feira (15/01), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns da PUC-SP, integrantes da frente de assessoria jurídica às rádios comunitárias, entregaram ofício ao MiniCom solicitando a prorrogação do prazo, que agora se encerra na primeira segunda-feira de março (05/03)".

Clique aqui para ler a notícia completa.

A campanha pró-Terceira Via arrefecendo?

Mesmo tentando passar a idéia de que a tal 3ª Via tucana para a presidência da Câmara dos Deputados tem o "mérito" de provocar o debate, um dos editoriais da Folha de S. Paulo desta sexta-feira (19) dá a entender que a campanha pelo nome dito "alternativo" está arrefecendo.

Senão vejamos, neste trecho do editorial Volta o (bom) conflito: "...o fato de (do deputado tucano Gustavo Fruet) ser filiado ao principal partido de oposição e de ser pouco conhecido como figura pública fora do círculo parlamentar mina a iniciativa (o projeto original do que se batizou de 3ª Via)".

Vamos ver o que acontece nos próximos dias, pois cada vez mais os partidos se definem pelos nomes que consideram realmente com credibilidade e chances de dirigir o parlamento nacional. E Arlindo Chinaglia (PT) tem esse reconhecimento da maioria dos parlamentares da Câmara dos Deputados, inclusive pelos motivos que já explicitei aqui mais de uma vez, mas não deixo de reforçar: representa a candidatura plural e que segue a proporcionalidade e a tradição da Casa.

Apenas no universo tucano de consórcios de construtoras e de empresas concessionárias de rodovias que começam com o nome "Via" é que não se tem idéia do que acontece...

Criatividade: onde tem e onde não tem

Atendendo sugestão da leitora Rosângela Lima, abordo a dificuldade que existe no uso dos espaços de cultura por alguns grupos na cidade. Ela indicou o programa Entrelinhas, em edição exibida recentemente pela TV Cultura, que mostrou a "falta de cinema, de teatro e de museu" na periferia paulistana. E, diante disso, poetas e outros artistas populares dessas regiões usam "botecos" para realizar suas apresentações. O programa é muito bom (assista aqui).

Todavia, faço algumas observações a respeito da abertura que está no site do Entrelinhas: a região do Campo Limpo, onde acontece o Sarau do Binho, tem um Centro Educacional Unificado (CEU), com um teatro que comporta 450 espectadores. E que também é cinema e tem espaço para exposições etc. Ou seja, um espaço de cultura criado pela ex-prefeita Marta Suplicy em áreas de grande exclusão social, como os 21 CEUs do projeto original.

Ressalto que o governo anterior acertou ao construir essas unidades justamente onde a população, os artistas e os produtores culturais tinham pouco ou nenhum espaço público para apresentar suas manifestações criativas. Que além disso, são espaços de convivência, lazer e esporte para a comunidade de cada região onde foram erguidas.

O detalhe é que por causa de uma política de governo, do atual governo, desde janeiro de 2005 os espaços culturais dos 21 CEUs da cidade simplesmente viraram "centros de formatura escolar" ou de reuniões de entidades - a despeito de ser importante toda e qualquer apropriação do espaço pela comunidade. Sabemos, no entanto, que não foi para esse tipo de atividade (formatura e reuniões) que foram projetados teatros como os dos CEUs e nem outros espaços que compõem esses equipamentos.

Vê-se que a comunidade, com sua força criativa, encontra alternativas - onde tem e não há estímulo do poder público ela busca alternativas (como os bares e seus saraus criativos). Mas o fato é que o Campo Limpo tem teatro, cinema e área de exposição e de cultura. Só falta o pessoal da região "retomar" o espaço perdido por conta de uma opção política do atual governo. Assim como as demais regiões da cidade que viram seus CEUs virarem esses "centros de formatura escolar".

Só a título de ilustração, o Itaim Paulista tem dois CEUs (Veredas e Vila Curuçá), cujos teatros têm capacidade (juntos) de reunir 900 pessoas para atividades de cultura, artes, espetáculos e afins.

Nada disso que foi dito acima retira o brilho da iniciativa e da força criadora dos que promovem o sarau que ilustrou a reportagem do Entrelinhas. Apenas reforça o que defendo: apropriação do espaço público pelos que realmente produzem, vivenciam e têm suas manifestações culturais em qualquer ponto da cidade.
PS - Não se pode esquecer das Casas de Cultura, também outro ponto de abandono na área cultural da cidade.

Otimismo empresarial

Cada vez mais, setores do chamado "mercado" admitem que a política econômica e as medidas do governo federal para estimular o crescimento econômico estão caminhando para gerar resultados positivos. Ao contrário do que previam e continuam prevendo alguns analistas e oposicionistas.

Hoje, o Jornal da Tarde traz um artigo de um empresário do setor imobiliário que aponta o ano de 2007 como "otimista". Recentemente, o empresário Antônio Ermírio de Moraes - do grupo Votorantim - escreveu na Folha de S. Paulo sobre suas expectativas de melhoria no cenário econômico.

Para ler o artigo publicado no JT clique aqui.

Força de Segurança e violência no RJ

Os soldados da Força Nacional de Segurança começam a operar hoje no Rio de Janeiro. São 500 homens bem preparados para ajudar no combate ao crime organizado. Espero que sejam bem sucedidos e que, de fato, contribuam para tranqüilidade dos cidadãos cariocas e fluminenses.

O assunto é complexo e exige uma ação de longo prazo, com estratégias bem definidas, prevendo eficiência na repressão e na política preventiva. Deixo aqui algumas observações sobre o tema:

1) Combater a corrupção nas polícias, um câncer que contagia todas as corporações e que os governantes têm medo de tratar do assunto em público;

2) Investir em inteligência e novas tecnologias para superar o poderío que sustenta hoje a máquina que move as organizações criminosas;

3) Colocar mais policiamento na ruas, bem preprados para a função, melhorar as condições de trabalho, bem como os salários dos policiais;

5) Integrar as ações governamentais em todo o país;

4) Investir em medidas preventivas tais como educação, escolas profissionalizantes, programas sociais nas periferias dos grandes centros;

Por fim, fazer o país crescer, gerar emprego e dignidade para a população.

Nome aos bois - outros nomes

Não queria mais escrever sobre o acidente da linha 4 (amarela) do Metrô paulista. O assunto já está muito batido. Porém, lendo a coluna assinada pela Barbara Gancia, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo de hoje (19), não me contive.

Veja só o que ela escreve: "Não entendi até agora por que andam chamando a cratera aberta no bairro de Pinheiros, onde ocorreu o desmoronamento das obras do metrô de 'buraco do Serra'. Peraí, mas o Serra não acabou de tomar posse? Não seria mais apropriado chamar o orifício de 'buraco do Alckmin?' Ou então ser mais preciso ainda e chamá-lo de 'buraco da Odebrecht, da OAS, da Andrade e Gutierrez, da Queiroz Galvão e da Camargo Correa"? Sei que dá mais trabalho, mas falar em 'Consórcio Via Amarela' não é atenuar a responsabilidade de quem, de fato, está tocando a maldita obra?".

Oba! Peraí digo eu: o Metrô não é um serviço público de responsabilidade do Estado? Quem contratou a obra não foi a Companhia do Metrô, empresa do governo estadual? Sua diretoria e centenas de cargos de confiança não são cargos de livre provimento indicados pelo governador? A companhia estatal não deveria fiscalizar a execução da obra? O órgão responsável do governo do Estado (Metrô) não deveria, pelo menos, perceber que não havia sequer um plano emergencial para a retirada das famílias do entorno?

Por fim, o Serra não é do PSDB, que governa o Estado há 12 anos, que tem como lema, "eficiência e planejamento?" Por que tanta ineficiência e falta de planejamento na execução da referida obra?

Que o Consórcio Via Amarela tem responsabilidade ninguém tem dúvidas. Todavia, não podemos isentar a responsabilidade de quem governa este Estado há mais de uma década. Deixaram a execução de uma obra complexa, de grande importância social, sob a inteira responsabilidade de particulares. Acontece que o interesse das empresas, em primeiro lugar, é ganhar dinheiro; é bom que se diga o óbvio: empresa é sinônimo de lucro - sem ele elas não sobreviveriam. Elas (empresas) deveriam ter responsabilidade social, mas não tiveram. Agora, o Estado, este sim, tem a função precípua de zelar pelo interesse público. No caso em tela, seus agentes foram incompetentes e irresponsáveis.

Na minha opinião, o Estado é responsável solidário por tudo o que ocorreu.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Utilidade e "inutilidade" pública

Agora uma postagem sobre o uso e abuso que se faz da internet - em particular quando os usuários são "novatos" ou incautos. Trata-se, neste caso, de um "spam" (e-mail não solicitado enviado por meio de mala-direta on-line) que grupos enviam usando o nome da Polícia Federal.

Uma mensagem é gerada avisando ao internauta que "após um breve tempo de investigação, foi notado que seu computador foi usado como veículo de mensagens e fotos pornográficas onde (sic) as mesmas incentivam a prática da Pedofilia". E alerta: "É crime".

O "investigado" (por meio da tal "breve investigação") também fica sabendo que fotos de terceiros e até do internauta foram divulgadas em um "famoso site pornográfico".

Basta olhar de onde vem a mensagem para ver como seu feitio é grosseiro, pois a Polícia Federal não tem o e-mail "dpf@dpf.com" - o domínio da PF é www.dpf.gov.br. E nunca se chamou "Departamento da Polícia Federal" e sim "Departamento de Polícia Federal". Isso sem contar os termos e os erros crassos encontrados no texto. O curioso é que eles disponibilizam até as supostas fotos - vírus na certa. Quer matar a curiosidade? É tentar e ver como ficará a sua máquina.

Quem não tem o mínimo de familiaridade com a internet pode acabar caindo num programa chamado "executável" - invariavelmente um vírus - que se instala no computador do curioso/incauto.

Não há o que fazer além de deletar e de relatar ao seu provedor como "spam". E nada mais, até a PF tirar essa turma de circulação. Atentos, portanto!

A propósito, clique aqui para acessar o site do Departamento de Polícia Federal.

Os "independentes" foram parar no colo dos tucanos

Da primeira vez que escrevi sobre o processo de escolha da futura Mesa Diretora da Câmara dos Deputados eu já indicava que a chamada "terceira via" era apenas um disfarce. Na verdade, o que eles queriam era construir uma alternativa de oposição.

O movimento nunca teve a força anunciada, foi alavancado pela mídia, era o movimento dos 30 que nunca conseguiu reunir mais de 16 deputados e deu no que deu - acabou no colo dos tucanos.

Parte do PSDB surfou na onda, articulada com alguns personagens que são seus aliados (como Jungmann, Gabeira e outros), escolheu um nome de sua fileira com o objetivo de fortalecer a oposição ao governo Lula e amenizar, por um período, as divergências no ninho tucano. Com isso, tucanos de alta plumagem ganham tempo para acertar um discurso e assim encontrar um caminho político capaz de amenizar a crise interna e a falta de rumo do partido com a derrota eleitoral.

Eles não terão sucesso. A crise dos tucanos não é conjuntural: trata-se de uma crise de projeto, que aliás alguns deles estão detectando tardiamente. Ficaram quatro anos fazendo uma oposição denuncista e inconseqüente, sem propostas para o país e foram fragorosamente derrotados. Agora estão com dificuldades de superar as suas desavenças.

Espero que a derrota nas urnas sirva para diminuir, pelo menos um pouco, a arrogância tucana.

O leitor do blog comenta (2)

"Caro João Antonio:

Eu vivi o transtorno durante a construção do Minhocão. Naquela época, as obras tornaram o trânsito na região insuportável. Acredito que a demolição não é a melhor solução para o momento, mesmo porque irá causar mais uma vez os transtornos do passado e existem pessoas que são contra, pois acham que apesar dos pesares, o Minhocão ajuda no transito. Sobre isso, tenho conversado com taxistas e essa é a opinião deles. Talvez no futuro, fazer um plebiscito. Mas, a grande sacada é alguém achar uma solução para aquele trambolho. Tenho algumas propostas e podemos conversar sobre isso".

Edson Ferrão - São Paulo - SP

A batalha na TV e na internet

Ainda a propósito de informação, cito a "batalha" envolvendo o jornalista Paulo Henrique Amorim (do portal IG e da Rede Record) e a comentarista de Economia da Globo, Míriam Leitão - ironicamente chamada no meio crítico de "Controladora-Geral da República" por suas posições sempre contrárias a tudo que vier do atual governo. Do atual governo, bem entendido.

No site Conversa Afiada, do Paulo Henrique, pode-se ver o "confronto" mais recente entre os dois. No mínimo, divertido. No máximo, esclarecedor sobre como se produz informação sob encomenda e quando se tem opinião.

O tema da informação precisa ser discutido a fundo no Brasil, sem o ranço do autoritarismo e sem o medo de provocar "arranhões" em quem entrar no debate. Quando chegarmos a esse nível, certamente estaremos mais amadurecidos politicamente.

Acompanhe a "briga" PHA x Míriam Leitão clicando aqui.

Um repórter na TV e outro no site

O repórter Luiz Carlos Azenha, da TV Globo, é discreto e apresenta suas matérias nos principais telejornais da emissora da família Marinho. Todo mundo já o viu alguma vez em ação, inclusive durante esse drama da tragédia do Metrô em SP.

O que muita gente talvez não saiba é que existe um outro Luiz Carlos Azenha, mais precisamente na internet. Sugiro uma visita ao site dele - o Vi o Mundo (acesse aqui). Uma dica é ler a matéria atual sobre o desmanche do Estado brasileiro.

Depois de ler, comente aqui.

Alimentação...

Breve reflexão poético-política:

Serra, que alimenta o sonho de tornar-se presidente,
Que alimenta Kassab que quer disputar a Prefeitura,
Que alimenta Andrea Matarazzo que quer ser candidato a vice,
Que é mais um nome de Serra para vigiar Kassab que quer continuar prefeito...

PS - Inspirada em matéria de hoje do Jornal da Tarde sobre as pretensões de cada um.

O "Minhocão" propriamente dito

O elevado Costa e Silva (Minhocão} é o exemplo de uma obra "faraônica" mal sucedida: não resolveu o problema do trânsito em São Paulo, é feia e contribuiu decisivamente para a deterioração de toda uma região da cidade.

Vários urbanistas defendem a sua demolição como forma de recuperar os vários bairros lineares a ele e deixar a cidade mais bonita.

A nossa Lei Orgânica Municipal prevê, para temas polêmicos, a consulta direta à população através de um plebiscito.

Confesso que já pensei em apresentar na Câmara Municipal um projeto de consulta popular para deliberar sobre o assunto. Particulamente, acho horroroso aquele 'trambolho' bem no centro da cidade. Resta saber o custo-benefício de uma demolição.

Falando sobre as Marginais

O governo do Estado estuda uma espécie de "Minhocão" com pedágio sobre a marginal do rio Tietê. É o que anuncia a edição de hoje (18) da Folha de São Paulo.

O custo da obra é estimado em R$ 1 bilhão. O projeto foi apresentado ontem para o Secretário de Transportes, Mauro Arce, que deve levar ao conhecimento do governador nos próximos dias.

Pelo visto, o secretário está defendendo a obra. Vejam a frase dita por ele na Folha: "A gente tem trauma de via elevada por causa do 'Minhocão', mas há pistas elevadas muito boas em vários países, inclusive no Japão".

Será que vamos ter mais um "elefante branco" na cidade a exemplo do malfadado "Minhocão"?

Ô dureza!

Sabesp deu R$ 500 mil para o instituto de FHC

Em notícia divulgada hoje (18) pelo jornal Folha de São Paulo ficamos sabendo que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), empresa de economia mista cujo acionista principal é o governo do Estado de São Paulo - que tem seus diretores e centenas de cargos de confiança indicado pelo PSDB - e que governa o Estado há 12 anos, dou R$ 500 mil para o Instituto FHC.

O Instituto FHC é uma ONG que foi criada pelo próprio Fernando Henrique Cardoso para preservar a memória do seu governo. O dinheiro doado pela Sabesp foi para preservar o acervo (fotos, documentos e objetos) do ex-presidente.

O IFHC divulgou nota ontem defendendo a legalidade do ato. Pode até ser, porém vamos recuperar um frase pronunciada muitas vezes pelo próprio FHC: "Nem tudo que é legal é moral".

Caros leitores, vocês não acham que é abusar demais do dinheiro público?

Por que tanto medo?

O deputado Raul Jungmann ajuizou uma ação no STF para tentar suspender a investigação que está sendo feita pelo Ministério Público Federal.

O deputado está sendo acudado de chefiar um esquema que desviou R$ 33 milhões do Ministério do Desevolvimento Agrário comandado por ele no período de 1999 a 2002, no governo FHC. (leia matéria postada no dia 15/1 aqui no blog).

Não estou incriminando o deputado, até porque devemos obediência ao nosso ordenamento jurídico que prevê o direito ao contraditório, a presunção de inocência e o devido processo legal, ou seja, ninguém pode ser considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença. O que me estranha é o fato do deputado querer impedir a investigação por parte do Ministério Público. Quem não tem culpa não deve temer. Afinal, não foi essa a postura que ele adotou em relação aos seus colegas acusados?

Como diz o ditado: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Quando passam as eleições...


ESTAÇÃO ITAIM PAULISTA: OBRA PARALISADA

Quem pega o trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) todos os dias acompanhou como ficaram várias estações na capital paulista durante as eleições presidenciais de 2006: era obra para tudo quanto é lado. A tal história do "governo trabalhando" espalhada em cartazes, maquetes de futuras estações - em particular na região leste da capital - e grande número de operários e de máquinas.

A foto acima, feita na última terça-feira (16) na Estação Itaim Paulista, mostra como ficaram as "obras" depois que Geraldo Alckmin perdeu as eleições e seu substituto foi obrigado a tapar o 'rombo' nas contas do Estado. Está tudo parado desde então. Em todas as estações que estavam em reforma ou em construção.

Como o ditado diz que uma imagem vale por mil palavras, nem seria necessário dizer o que foi dito antes. Bastava apenas postar a foto e dizer: obra tucana pós-eleições. Mas os leitores, certamente, iriam querer mais do que uma foto. Principalmente quem mora em outras regiões do país e viu apenas os filmes do período eleitoral mostrando "Geraldo em ação", construindo Metrô, novas estações de trem, habitações populares.

Com José Serra, a continuação do governo Alckmin, certamente teremos ainda mais oportunidades de mostrar fotos de obras paradas. Este é especialista no assunto. E já deu provas disso desde o primeiro dia de governo - quando passou pela Prefeitura e agora no Estado. É só aguardar.

PTB e PP vão de Chinaglia

Os dois partidos se reuniram na tarde de hoje e decidiram apoiar a candidatura petista para a presidência da Câmara Federal.

No PTB foram 19 votos pró-Arlindo, 3 para Aldo Rebelo e 1 voto em branco.

No PP a votação foi mais equilibrada: foram 15 votos para Arlindo (PT), 9 votos para Aldo Rebelo (PC do B), 2 para Gustavo Fruet (PSDB) e um 1 em branco. Caso fossem consideradas as manisfetações por fax, a vantagem do deputado petista no PP seria maior - neste caso ele teria 22 votos.

Quando o Estado não serve mais (?)

Pomposa a entrevista do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, nas Páginas Amarelas de Veja desta semana. Ele, que foi o todo-poderoso presidente do BC na ERA FHC, diz que os brasileiros seriam "viciados em Estado" - uma dependência que ele atribui à nossa formação ibérica. Sua idéia é que "os brasileiros precisam independer de governos". Uma tese daquelas, maravilhosamente já defendida por todo mundo que o cercou e o cerca até hoje.

Também pudera: Fraga dirige um fundo de investimentos que gerencia nada menos que 2,5 bilhões de dólares. Isso, salienta a revista Veja na abertura da entrevista, "depois de deixar o governo".

O leitor do blog comenta (1)

Inicio uma série de postagens de comentários de leitores do blog como forma de enriquecer o debate sobre diversos assuntos que abordo diariamente aqui. Sempre que possível, alguns comentários serão publicados na área de postagens.

Vereador João Antonio:

Parabéns pela inicativa de manifestar-se em solidariedade às vítimas do acidente envolvendo as obras do Metrô Paulistano.

É urgente debatermos a fundo as Parcerias Público-Privadas (PPP's), pois precisamos saber até que ponto a "coisa pública" e os interesses do cidadão estão sendo entregues a empresários inescrupulosos que visam apenas a lucratividade do negócio.

Está na hora de descerrar o falso véu tucano de competência na gestão pública.

João Francisco - São Paulo - SP