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sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Nova conversa com Valter Pomar

Meu amigo e companheiro Valter Pomar:

Depois de anos de luta, conquistamos amplas liberdades democráticas em nosso país.

Você sabe, sou de um tempo em que líamos com muita dedicação os poetas-símbolo da resistência, como é o caso do alemão Bertold Brecht - que dizia em um dos seus belos poemas: "Vivemos tempos difíceis e que tempo é esse em que uma conversa embaixo de árvore chega a ser uma falta e implica silenciar sobre tantos crimes?".

Pois bem, caro amigo, já vivemos tempos assim no Brasil - quando distribuir um convite para uma reunião de operários ou fazer uma reunião em um porão de igreja significava uma falta grave, motivo de prisão por parte da polícia política da ditadura.

Felizmente, vivemos uma nova era graças à luta de muitos brasileiros, a custos altíssimos, pois na resistência tivemos prisões, tortura e morte de muitos companheiros. Enfim, o fato é que hoje podemos fazer o debate livre de idéias, sem medo. Assim, podemos concluir que lutar vale a pena, e cada conquista nos estimula ainda mais a continuar buscando a construção de mundo mais igual, fraterno, onde as riquezas estejam a serviço da coletividade e não em benefício de alguns que se acham mais "espertos".

Quero agradecer ao companheiro pelo respeito e elegância com que tratou a minha crítica à sua carta que defendia manter o Ricardo Berzoini afastado da Presidência do PT. Não concordo com a sua posição, mas respeito. Defendo literalmente o que escrevi aqui no blog.

Sinceramente, acho que esse debate tem ocupado um espaço exagerado na mídia. Temos assuntos mais relevantes para tratar, como por exemplo:

- Qual vai ser a contribuição do PT para que o segundo governo Lula faça as mudanças necessárias para o desenvolvimento do país?

- Qual é o projeto estratégico que o PT propõe para o Brasil? Vamos nos conformar em administrar o capitalismo ou temos um outro projeto de nação?

- O PT ainda é um partido socialista? Que modelo de sociedade queremos para o nosso país?

- O PT continuará sendo um partido de massas? Quais mudanças precisamos fazer para aprofundarmos ainda mais a nossa democracia interna?

Foi para tentar responder a estas e outras questões que a Direção Nacional, com seu empenho pessoal, convocou o III Congresso partidário para o mês de julho. Quero entrar nesse debate, e tenho certeza que entre nós existem muito mais convergências do que divergências.

Junto com alguns companheiros estamos preparando uma tese abordando, entre outras, as questões citadas acima.

Queremos contribuir para que o nosso congresso seja um momento privilegiado de elaboração coletiva, capaz de preparar o partido para enfrentar os futuros desafios que, como você sabe, são muitos.

Um forte abraço

João Antonio

3 comentários:

  1. João, meu bom amigo.

    Passei para elogiar tanto a você quanto ao Valter Pomar, pela elegancia e respeito que ambos tem tratato um tema tão polemico. Apoimos o Valter para presidente no PED em primeiro turno, acreditamos que ele seria o quadro que o PT prescisava para conduzir Lula a reeleição. Perdemos, e como tal fora eleito o Berzoini, e como a democracia é a força maior que nos rege (na politica) ele é o presidente.

    um forte abraço.

    Cabelo

    skbelo@gamil.com

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  2. Quero registrar minha opinião quanto à sensatez e luminsosidade que esta discussão, tratada neste blog, tem se mostrado.

    Creio que desta forma alimentemos de forma límpida esta discussão, coisa que a mídia aberta não o faz, pelo contrário, instiga uma briga que não existe, quando não, a inventa.

    Saudações,

    André Castro

    andrecastro13@yahoo.com.br

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  3. O PT precisa entrar num ciclo de discussão que resulte em mudanças concretas. Por isso vocês 2, joão e pomar, devem alimentar ainda mais o debate, antes que outros tentam atrapalhar. Parabéns.

    Armando

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