Páginas

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Uma luta das mulheres

As mulheres paulistanas são pioneiras na luta por creches. Na década de 1970, o movimento de mulheres, apoiado fortemente pela igreja católica progressista, organizou em toda cidade - destacadamente nos bairros periféricos - uma histórica e heróica luta por creches.

Esse movimento era parte da luta contra a cultura machista e por direitos iguais entre homens e mulheres. As mulheres das classes populares buscavam amparo no estado, reivindicando o direito de trabalhar e estudar como forma de expressar sua indepedência para a conquista da liberdade.

Ainda adolescente, tive o prazer de viver de perto essa experiência, comemorei com as mulheres a construção das primeiras creches na cidade de São Paulo. Naquele período, as creches ainda estavam ligadas à Secretaria de Assistência Social e ainda eram vistas como um serviço assistencial - não integravam o sistema educacional do país.

Os tempos mudaram, apesar de ainda existir uma forte cultura machista, o nosso ordenamento júrídico já avançou muito na direção da igualdade entre homens e mulheres. Sabemos que a existência de normas juídicas avançadas não desfazem a cultura machista. O que faz mudar é a nossa capacidade de impor novos comportamentos, e isso não se faz da noite para o dia, leva um certo tempo. Já avançamos muito, mas ainda há muito para ser conquistado graças ao espírito libertário das mulheres.

Estimulado principalmente pelas mulheres, já no meu primeiro mandato, apresentei na Câmara Municipal de São Paulo um projeto que foi aprovado e se transformou na lei 13.328/02 - que institui o funcionamento das creches em horário noturno.

A iniciativa partiu da mulheres ao constatar que muitos chefes de família, mulheres e homens, trabalham ou estudam à noite, e não têm onde deixar os filhos.

Sensibilizado pelos argumentos, apresentei o projeto de lei e obtive sucesso no Legislativo. Infelizmente, o Poder Executivo, como medida protelatória, até hoje não regulamentou a norma legal, com isso ganha tempo, porque não tem interesse em colocá-la em prática.

Um grande advogado, o amigo meu Luiz Eduardo, hoje deputado federal, propaga a seguinte idéia: "A luta faz a lei". Estou certo de que obteremos sucesso em mais esta luta.

Não vou desistir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário