Nota-se que alguns jornais, nos últimos dias, fazem um verdadeiro "contorcionismo editorial" para agradar os olhos do governador tucano José Serra. Um deles destacou, por exemplo, o início da operação do "tatuzão" - a máquina de perfurar túneis do metrô que deveria ter sido usada na obra da Linha 4 (Amarela), mas antes do acidente de janeiro passado. A reportagem deu a entender que o assunto do desabamento de parte da futura estação Pinheiros estaria superado, quando até agora não se tem certeza da segurança do local. Não há nada confiável, até o momento, indicando isso.
Outro jornal questiona os índices de violência de um estudo recente que aponta São Paulo como tendo mais de 70 municípios entre os mais violentos do país. Um representante do governo Serra solta o bordão da "reduação drástica dos índices de violência nos últimos anos" (ele quis dizer governos do PSDB/PFL). A realidade mostra exatamente o contrário - leve-se em conta a situação descontrolada dos assaltos a banco e das chacinas em São Paulo nas últimas semanas.
Resolvi reler um artigo do coordenador da área de Monitoramento dos Direitos Humanos do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Paulo de Mesquita Neto na Folha de S. Paulo do dia 7 de fevereiro passado. Veja o que ele diz no sobre o atual governo logo no primeiro parágrafo do texto Falta transparência na segurança pública:
"SAEM ALCKMIN e Saulo, entram Serra e Marzagão. Entretanto, pelo menos no início do novo governo, a expectativa de mudança na segurança pública -expectativa de todos que ainda se lembram da crise de maio-agosto de 2006- parece não se confirmar. Continua faltando transparência e sobrando encenação na Secretaria da Segurança Pública".
Noutro trecho, o pesquisador mostra a distorção dos dados que apontariam a "mudança radical" - que na boca de um tucano teria transformado São Paulo numa espécie de "ilha de excelência da segurança pública nacional":
"Em 2006, o número total de pessoas mortas por policiais em serviço e fora de serviço foi 708 (33% a mais que o número divulgado pela secretaria): 570 mortes registradas como resistência seguida de morte e 138 registradas como "homicídio" doloso ou culposo. Em 2005, o número total de pessoas mortas por policiais foi 469 (56% a mais que as 300 mortes divulgadas pela secretaria). Número superior ao de pessoas mortas por policiais de todas as polícias em todos os Estados dos Estados Unidos, que não passa de 400 por ano desde 1995".
Ele conclui o artigo dizendo o seguinte: "Transparência, respeito à lei e aos direitos humanos e participação social são fundamentais para o sucesso de uma política de segurança pública. Quando a transparência falta, é impossível sustentar o respeito à lei e aos direitos humanos e a participação social. O resultado mais visível do déficit em transparência na área da segurança pública no governo Alckmin foi a crise de maio-agosto de 2006".
Traduzindo: é regra entre os tucanos usar estatísticas para passar à população a idéia de que tudo está "dentro da ordem", claro que distorcendo primeiro...
Vivemos num estado onde quase tudo está um caos. Da educação à segurança, passando pelas obras públicas e por todos os demais setores, tudo está caótico. Mais caótico do que essa situação no governo de São Paulo, só mesmo entre os átomos de urânio instantes antes de uma explosão atômica. Por isso temo pela explosão que o Serra vai desencadear!
ResponderExcluir