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terça-feira, 13 de março de 2007

"Começa muito mal o governo Serra", diz o tucano Gabriel Chalita

Como não foi possível fazer todos os cortes, a novela tucana A PIOR EDUCAÇÃO É OBRA DO PSDB foi ao ar ontem com dois capítulos inteiros dedicados aos personagens Paulo Renato Souza (no papel de ex-ministro da Educação de FHC) e Rose Neubauer (no papel de Rose Neubauer). O personagem de destaque hoje, segundo adiantou a Folha de S. Paulo desta terça-feira (13), é o também ex-secretário Gabriel Chalita, que rasgou o 'script' e soltou o verbo como se falasse para a "lente da verdade": "Começa muito mal o governo Serra".

O papel reservado a Chalita na trama era secundário, mas os dois atores principais resolveram "moê-lo" sem dó ontem e, em vez de 'virar suco', resolveu dar o troco à dupla. Confira alguns trechos da entrevista dele ao repórter Fábio Takahashi, da Folha:

FOLHA - Neubauer acusa o sr. de ter desmontado projetos dela.

CHALITA - Não parei nenhum processo da Rose. Não sei sobre o que ela se refere.

FOLHA - Ela citou o reforço semanal, a recuperação nas férias e a capacitação focada para professores.

CHALITA - A recuperação continuou. Só acabou a das férias, porque não estava resolvendo, mas ampliamos a recuperação paralela [na semana]. Continuei os programas de formação e ampliei-os. Os recursos para isso cresceram mais ou menos dez vezes. A única crítica que eu poderia fazer à Rose foi a forma como foi implantada a progressão continuada. Você não desce isso goela abaixo do professor, precisa convencê-lo.

FOLHA - Essa má implantação explica os maus desempenhos de SP?

CHALITA - Em parte. Como você impôs, o professor rejeitou a proposta e não educou como deveria. Mas o tempo vai mostrar que o projeto é interessante, como foi na Inglaterra, onde também houve resistência.

FOLHA - Como o sr. avalia o corte no Escola da Família?

CHALITA - A gente tinha um problema de pichação, de violência, que era imenso. E caiu muito após o projeto. Como educador, e não falo em nome do Geraldo [Alckmin], a redução é um equívoco. Começa muito mal o governo Serra.

FOLHA - Parte do dinheiro economizado deverá servir para contratar um segundo professor para a primeira série.

CHALITA - Nenhum país que deu certo na educação colocou dois professores em sala. Para que inventar? Imagine, dois professores em uma mesma sala, um vai atrapalhar o outro. O Orçamento da secretaria hoje deve ser de R$ 11 bilhões. A Escola da Família tinha R$ 200 milhões. Não é possível que seja necessário diminuir um projeto desse para começar outro. O caminho está muito equivocado. E é uma pena que sejamos do mesmo partido.

Por fim, Chalita muda o rumo da conversa a passa a elogiar o ministro da Educação do governo Lula, Fernando Haddad, como quem faz de conta que não sabe o que o levou a falar isso. É uma estocada e tanto em Paulo Renato. Veja o tamanho e o teor do elogio tecido por ele a Haddad:

"Eu, como educador, elogio. Espero, por exemplo, que o Fernando Haddad continue como ministro [da Educação], porque eu sinto ali um técnico no ministério. Você precisa olhar com humildade para pessoas de outros partidos e elogiar. E olhar para pessoas do mesmo partido e dizer: "Que pena que pegou um programa que deu certo e vai truncá-lo".

PS - Como não poderia deixar de constatar, Gabriel Chalita vai ao ponto central da decisão de Serra de controlar tudo: "Deve ser uma medida do governador, não dela [da secretária]. Não faço aqui uma crítica a ele. É uma visão de um educador, uma análise do programa, não das pessoas. [As medidas tomadas] são frustrantes. Até a diminuição dos ciclos para dois anos. Não acho que isso seja o mais importante. Mas eu sinto que é algo: "Preciso dar uma resposta imediata".

4 comentários:

  1. Quanto projeto feito sem nenhum critério discutido com educadores que realmente tem experiências na educação dos alunos da periferia. Na realidade, esses secretários faziam testes onde as cobaias eram esses alunos. Pior do que o dinheiro gasto com esses projetos que não deram certo, foi o prejuízo na vida desses jovens, que é imensurável. Se isso não merece uma CPI, então eu não sei mais pra que serve uma CPI. Afinal, fazer ser humano de cobaia sem a sua autorização, é crime!

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  2. Garoto esperto, esse Chalita. Só faltou ele ser realmente secretário da educação quando esteve no governo do Alckmin. Pelo menos agora ele falou pela boca dos professores ou, quem sabe, plagiou esse coisa de alguém da Apeoesp ou do PSTU. Não, ele não seria capaz de uma coisa dessas, logo ele, quietinho!

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  3. Viviane, da zona sul de sampa13 de março de 2007 às 08:27

    Não é mesmo uma comédia essa história de dois professores numa sala de aula? E se um tropeçar no outro? E se começarem a discutir? Por que não quatro, cinco ou dez professores por sala? Geraria muitos empregos, hehehehe!

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  4. Chalita, obrigado pelo elogio ao nosso Ministro Fernando Haddad.

    Pena que a ficha de filiação do PT que poderia até te filiar, acabo de rasurá-la. Vão se bicar pra lá...

    Vereador, demorou mas acaba de chegar a explicação de FHC sobre o apoio que seu partido (PSDB) deu ao PT (Chinaglia)na eleição da presidência da Câmara. Comentei dias atrás aqui no blog. Veja a matéria da Agência Estado.


    FHC critica parte do PSDB por apoio a Chinaglia
    Seg, 12 Mar, 02h33

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deu hoje um puxão de orelhas em parte seu partido, por conta do apoio de alguns membros da legenda ao petista Arlindo Chinaglia, na eleição para presidência da Câmara dos Deputados. "Nunca vi em, política, fortalecer o adversário", destacou.

    FHC considerou o apoio um erro estratégico do PSDB. "Vi com tristeza o apoio de parte do PSDB ao PT (na eleição de Chinaglia)." Apesar da crítica, o tucano descartou que o episódio possa ser classificado como um fragmentação ou crise no PSDB. E disse que sua crítica foi por causa do método político utilizado por esta parcela do partido.

    PS: Continuem a se bicar...

    Henrique - São Paulo

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