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segunda-feira, 19 de março de 2007

Serra quer tirar leite de pedra

Dois dos grandes jornais do país (Estadão e JT) destacaram hoje o projeto do governador José Serra de criar um sistema de reajustes salariais para os servidores paulistas baseado no critério do "merecimento". Se fosse optar pelo óbvio, o governador poderia conceder o aumento de imediato, pois o funcionalismo estadual está há mais de 12 anos (de PSDB/PFL) sem ver a cor de um aumento. Um arrocho salarial sem precedentes - e isso já seria motivo de "merecimento"...

Retornando ao cerne da questão: tá na cara que Serra não apresenta projeto algum para melhorar a qualidade dos serviços públicos, vindo simplesmente com essa história de Choque de Gestão II - que aliás é capitaneado pelo mesmo secretário que já aplicou um ensaio da idéia na Prefeitura (com Serra/Kassab), depois de fazer o experimento em Minas Gerais. Na Capital, servidores foram tungados com o aumento da "contribuição" para os cofres da Prefeitura assim que José Serra colocou os pés no governo (em 2005).

A idéia é tão simples que qualquer um desconfia: você não melhora a qualidade, não oferece melhores condições de trabalho, nem toca na questão salarial e, em seguida, os "índices de excelência" aparecem como por obra e graça do destino. Ou, melhor dizendo, das canetas dos "gestores" (o apelido que os cargos de direção ganharão depois do tal choque e de uns cursos que serão ministrados). Seria o mesmo que tentar "tirar leite de pedra", como diz o ditado.

Já imaginou a correria que pode gerar a "mudança radical" no padrão (pelo menos no papel) da qualidade dos serviços hoje prestados por determinados órgãos da administração estadual? O governo entra com a "ordem de melhorar" e os servidores entram com o sangue, o suor, o esforço e a vontade de disputar a tapas, tapinhas nas costas (dos amigos) algumas migalhas que o governador pretende distribuir ao final do "choque".

Ironicamente, os serviços passarão mesmo por um "choque" algum tempo depois, bem como os usuários dos serviços diuturnamente sucateados pelos tucanos e aliados nesta longa década e pouco de governo...

O caminho natural dos representantes do funcionalismo será propor ações de combate a esse embuste, que cheira mesmo a truque eleitoreiro para programa vazio de uma candidatura vazia.

PS - Já foi criada uma "Secretaria de Gestão" para dar um "choque" nos cargos que, segundo a lenda, "nunca serão ocupados por tucanos ou aliados", visto que estes não fazem questão de cargos - dormem e acordam pensando no "bem comum"...

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