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domingo, 11 de fevereiro de 2007

O PT nunca foi diferente

Estou impressionado com a interpretação que a mídia vem fazendo dos debates no PT com vistas ao seu 3º Congresso. De um modo geral, todos os órgãos de imprensa estão fazendo uma leitura errada do debate interno: o fato de existirem várias teses inscritas, com diferentes opiniões, não significa que o partido está dividido e sem rumo, como sugerem alguns órgãos da imprensa.

No PT sempre foi assim, aliás, uma das críticas que faço ao atual núcleo dirigente é o fato do partido ter concentrado, nos últimos anos, as decisões nas mãos de um pequeno grupo. Talvez se não tivesse sido assim, teríamos evitado muitos dos erros que hoje criticamos.

Pode ser também a falta de hábito dos analistas. Como diz o ditado, “é o uso do cachimbo que deixa a boca torta”. Como no Brasil não existem partidos que praticam a democracia interna - pelo contrário - quase todos têm um dono ou no máximo quatro ou cinco caciques decidem pelos seus filiados, compreendo a ignorância de alguns analistas políticos e parte da imprensa em relação aos debates no interior do PT. Eles não estão acostumados com a diversidade de opiniões nas agremiações partidárias brasileiras.

Para aquele que é militante do PT não há nada de anormal. Queremos construir a unidade na diversidade, sim. O Partido dos Trabalhadores sempre construiu seu programa a partir do debate coletivo, respeitando a pluralidade de idéias. Para nós, a democracia é um princípio, valor indispensável para o fortalecimento do partido. O direito ao contraditório não é uma mal. Por que deveria ser diferente?

O que vale no Partido dos Trabalhadores são as decisões democráticas. Os nossos estatutos prevêem maioria e minoria: todos têm direito de disputar suas posições, uma vez decidido por maioria, todos têm o dever de acatá-las.

Que bom que é assim. Pior seria se tivéssemos de obedecer a um “chefe”. Eu quero ver o partido cada vez mais democrático, onde ninguém se sente seu dono, nem mesmo o Lula.

Um comentário:

  1. Sabemos que a atual direção, a nível estadual e nacional, não suporta críticas nem oposição. Daí a sua postura stalinista para com os demais companheiros. Para ela é interessante que a imprensa nos retrate como divididos, assim ela pressiona para forçar uma união entorno dela, como já fez no passado. Para o PT, vai ser saudável se muitas idéias e documentos aparecerem até o terceiro congresso. Afinal, nada é mais perigoso do que uma idéia, quando ela é a única que você tem!

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