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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Violência Urbana

Chegaram todos juntos, certa vez,
e roubaram-me a única esperança.

Voltaram no outro dia e seqüestraram
meu sorriso que inda era de criança.

Depois me perguntaram se queria
ficar com meu olhar de olhar estrelas.

Para quê, se com elas não sorria,
nem guardava esperança mais de tê-las?

ALBERTO COHEN

Um comentário:

  1. "Quando eu morrer quero ficar"

    Quando eu morrer quero ficar,
    não contem aos meus amigos,
    sepultado em minha cidade,
    saudade.

    Meus pés enterrem na rua Aurora,
    no Paiçandu deixem meu sexo,
    na Lopes Chaves a cabeça
    esqueçam.

    No Pátio do Colégio afundem
    o meu coração paulistano:
    um coração vivo e um defunto
    bem juntos.

    Escondam no Correio o ouvido
    direito, o esquerdo nos Telégrafos,
    quero saber da vida alheia,
    Sereia.

    O nariz guardem nos rosais,
    a língua no alto do Ipiranga
    para cantar a liberdade.
    Saudade...

    Os olhos lá no Jaraguá
    Assistirão ao que há de vir,
    o joelho na Universidade.
    Saudade...

    As mãos atirem por aí,
    que desvivam como viveram,
    as tripas atirem pro Diabo,
    que o espírito será de Deus.
    Adeus.
    Mário de Andrade

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