Páginas

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Quatro escolas estão no páreo para levar o título em São Paulo

Do jornal O Estado de São Paulo

Império, Vai-Vai, Unidos de Vila Maria e Mocidade fizeram os melhores desfiles; apuração começa às 9h30 de terça.

SÃO PAULO - Desfiles de boa qualidade técnica, baterias com coreografia e paradinha, nada de atrasos, a disputa de musas entre a loira e a morena do Tchan, luxo e todo o desfile feito à noite, para garantir o brilho. Ao fechar o segundo dia de apresentações no Sambódromo com lotação esgotada, o carnaval paulistano deu mostras domingo de que já se iguala ao do Rio - em profissionalismo, pelo menos. “Estão muito iguais os desfiles das duas cidades”, disse a sambista Beth Carvalho, símbolo da Mangueira, que saiu na Vai-Vai.
Também o nível das escolas cresceu na segunda noite, com menor disparidade entre as concorrentes. A platéia ficou em pé do início ao fim do desfile da Vai-Vai, que fez frente à atual bicampeã, a Império de Casa Verde. Outros destaques de ontem foram a Águia de Ouro - o samba levantou a platéia e garantiu o melhor desfile da história da escola - e a Mocidade Alegre. A disputa do título deve ficar entre duas escolas do primeiro desfile, Império e Unidos da Vila Maria, e duas da segunda noite, Vai-Vai e Mocidade. A apuração do carnaval 2007 começa amanhã, às 9h30.

PÉROLA NEGRA

Apesar da animação, já na abertura, às 22h40, a escola da Vila Madalena reconheceu que não estava entre as favoritas: pediu ao público garra e vibração para permanecer no Grupo Especial. O segundo carro alegórico teve problemas e quebrou na concentração. O carro saiu por último, mas o esforço sensibilizou a platéia, que aplaudiu e cantou com a escola.

VAI-VAI

Na seqüência, os aplausos viraram gritos e bandeiras brancas se agitaram por toda a arquibancada quando a escola do Bexiga voltou ao Anhembi. No abre-alas, prateado, a tradicional coroa deu lugar à tecnologia: um telão digital exibia cenas dos 12 campeonatos vencidos pela Vai-Vai e cenas da natureza para apresentar o enredo O 4º reino - O reino do absurdo, sobre reciclagem. Os cinco carros alegóricos foram confeccionados com materiais como plásticos e CDs. Madrinha da bateria, a dançarina Scheila Carvalho disputa o posto de musa do carnaval de 2007 com seu ex-colega do É o Tchan Sheila Mello, que brilhou na Império.

UNIDOS DO PERUCHE

O desfile não empolgou adultos, mas, para as crianças, nenhum carro chamou mais a atenção que o Xodó, onde havia 12 berços com a Turma da Mônica em versão bebê. Aos 71 anos, o homenageado, Maurício de Souza, não fez feio. Dançou por 1 hora e 2 minutos. “O mais emocionante foi ter sido ovacionado.”

A Mancha já desfilou como campeã da Liga Esportiva, mas não pode, pelo regulamento, concorrer ao título do Grupo Especial. Se não fosse por isso, estaria no páreo. O enredo sobre profecias falava do conflito entre o bem e o mal de forma criativa e teatral. A Mancha entrou na avenida rezando a Ave-Maria e dedicou o desfile ao menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, assassinado no Rio.

ÁGUIA DE OURO

O presidente da Águia, Sidnei Carrioulo, resumiu o espírito do desfile antes de entrar na avenida. “Estamos com esse título entalado”, gritou, pedindo garra. O samba Deus fez o Homem do Barro e a Águia de Ouro, um Brasil Feito à Mão fez o público dançar como nunca antes num desfile da escola. Mas os carros alegóricos, especialmente o último, deixaram a desejar.

ROSAS DE OURO

A comissão de frente emocionou o público ao representar o quadro Retirantes, de Portinari. Os bailarinos encarnaram migrantes nordestinos atingidos pela seca, com maquiagem impecável. Um tapete arrastado ao longo da avenida representava o solo rachado do sertão. Outra atração foi o astronauta Marcos Pontes, para quem estar no espaço ou na passarela tem “o mesmo nível de emoção”. A Rosas fez um desfile suntuoso, mas com pouca emoção.

MOCIDADE ALEGRE

Fechando o carnaval, a Mocidade levou o riso para o Anhembi. Fez o desfile mais colorido, indo além do vermelho, verde e branco de sua bandeira, para retratar o universo infantil. Pôs palhaços na comissão de frente, mesma fantasia usada pelo puxador de samba, Daniel Colette. A Mocidade soltou centenas de balões no céu e, no último carro, comemorou seus 40 anos, fechando um desfile que credencia a escola do Bairro do Limão ao sexto título.

Nenhum comentário:

Postar um comentário