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sábado, 25 de abril de 2009

Folha reconhece erros

A Folha de São Paulo publicou matéria hoje dia 25 reconecendo dois erros na edição do dia 5 de abril, ao publicar a reprodução de uma ficha criminal relatando a participação da hoje ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no planejamento ou na execução de ações armadas contra a ditadura militar (1964-85).

O primeiro erro foi afirmar na Primeira Página que a origem da ficha era o "arquivo [do] Dops". Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada -bem como não pode ser descartada.

A ficha datilografada em papel em tom amarelo foi publicada na íntegra na página A10 e em parte na Primeira Página, acompanhada de texto intitulado "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto".

Assinantes clique aqui e leia a íntegra da matéria.

A RESPOSTA DA DILMA

Em carta enviada ao ombudsman da Folha anteontem, Dilma escreve: "Apesar da minha negativa durante a entrevista telefônica de 30 de março (...) a matéria publicada tinha como título de capa "Grupo de Dilma planejou sequestro do Delfim". O título, que não levou em consideração a minha veemente negativa, tem características de "factóide", uma vez que o fato, que teria se dado há 40 anos, simplesmente não ocorreu. Tal procedimento não parece ser o padrão da Folha."

No dia 17, a ministra afirmou à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, que a ficha é uma "manipulação recente".

Na carta que enviou ao ombudsman, Dilma escreveu: "Solicitei formalmente os documentos sob a guarda do Arquivo Público de São Paulo que dizem respeito a minha pessoa e, em especial, cópia da referida ficha. Na pesquisa, não foi encontrada qualquer ficha com o rol de ações como a publicada na edição de 5.abr.2009. Cabe destacar que os assaltos e ações armadas que constam da ficha veiculada pela Folha de S. Paulo foram de responsabilidade de organizações revolucionárias nas quais não militei. Além disso, elas ocorreram em São Paulo em datas em que eu morava em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. Ressalte-se que todas essas ações foram objeto de processos judiciais nos quais não fui indiciada e, portanto, não sofri qualquer condenação. Repito, sequer fui interrogada, sob tortura ou não, sobre aqueles fatos."

A ministra escreveu ainda: "O mais grave é que o jornal Folha de S.Paulo estampou na página A10, acompanhando o texto da reportagem, uma ficha policial falsa sobre mim. Essa falsificação circula pelo menos desde 30 de novembro do ano passado na internet, postada no site www.ternuma.com.br ("terrorismo nunca mais"), atribuindo-me diversas ações que não cometi e pelas quais nunca respondi, nem nos constantes interrogatórios, nem nas sessões de tortura a que fui submetida quando fui presa pela ditadura. Registre-se também que nunca fui denunciada ou processada pelos atos mencionados na ficha falsa."

MEU COMENTÁRIO: O DOPS - Departamento de Ordem Política e Social - polícia política estadual, no caso em tela de São Paulo, auxiliava o regime ditatorial, reprimindo indiscriminadamente todos que ousassem discordar do regime autoritário. Brasileiros foram torturados e muitos assassinados por essa "polícia política" aqui no nosso estado cujo símbolo de perversidade se expressa no delegado Sergio Paranhos Fleury.

O curioso sobre a matéria da Folha publicada no dia 5 de abril é que as informações partiram de um informante que o jornal presumiu ter informações "verídicas" dos arquivos do DOPS - Polícia Política de São Paulo no período da ditadura – Estado cujo comando está com os tucanos há 14 anos e tem como atual governador nada menos do que José Serra, aquele mesmo que armou contra sua adversária, Roseana Sarney, na primeira eleição do Lula em 2002. Na época ela pertencia ao PFL hoje DEM aliado de primeira hora do tucano.

Note que Serra é o virtual candidato tucano em 2010 para disputar com a Dilma, provável candidata petista. Pergunto: não é de se estranhar tal denúncia exatamente no momento em que as pesquisas registram um crescimento significativo do nome da Dilma como candidata?

Acho ainda mais estranho o jornal publicar aquela matéria no dia 5 de abril com o título: "Grupo de Dilma planejou seqüestro do Delfim", sem nenhuma investigação maior sobre a veracidade dos fatos. A autocrítica do jornal é bem vinda, porém, dificilmente vai reparar por completo os danos causados a imagem pública da ministra Dilma que é uma pessoa honrada, competente, integra e que merece todo respeito dos brasileiros, não somente pelas qualidades citadas, mais também por ter tido a coragem, no período mais difícil de nossa história, ter contribuído com ousadia e determinação para que hoje os brasileiros pudessem viver em pleno Estado Democrático de Direito.

Pergunta que não quer calar: Será que tal "informante" compõe o governo Serra aqui em São Paulo ou será um filiado tucano de alta plumagem?

Um comentário:

  1. Boa! Ta na cara que foram os tucanos que aprotaram esta. Eles não medem as conseqüências de seus atos para chegar ao poder, são capazes de pisar no pescoço da mãe pelo poder

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