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domingo, 12 de agosto de 2007

Apesar dos conselhos o PSDB insiste em errar

O Jornal O Estado de São Paulo entrevista hoje (12) a cientista política Lourdes Sola, da USP. O título da entrevista é: 'Há um déficit de comunicação no PSDB e um superávit no PT'. Recomendo a sua leitura. A opinião da cientista mais parece um conselho aos tucanos do que propriamente uma análise isenta. Porém, não diminui a importância da entrevista, ela traz aspecto importante para formarmos convicções sobre temas da atual conjuntura política e também para compreendermos o esforço de setores da mídia em ajudar a organizar a oposição ao governo Lula. Segue um resumo da matéria:

A popularidade de Lula continua lá no alto. Isso é mais mérito dele ou defeito da oposição? “As duas coisas. E eu acrescentaria a economia. Para começar, eu sempre constatei um déficit de comunicação do governo Fernando Henrique e um superávit de comunicação do PT e de Lula.”

Sobre o Proer
“O Proer foi o melhor programa de resgate de potenciais crises sistêmicas na América Latina. O PT conseguiu vender o Proer como se tivesse sido criado para proteger os bancos”...

Sobre a Condução do estado pelo governo Lula.
“Há uma série de iniciativas que aumentam o poder de arbitragem de Lula e que desestruturam mudanças feitas no governo anterior. Há sintomas de tentativas de reconcentração. São tentativas de voltar a esquemas de monopólio estatal. Isso é reestatizante.”

O que distingue basicamente o PT do PSDB?”Existem diferenças profundas. A concepção de Estado e a concepção de democracia. Um teste de stress será vermos se o programa do PT, que prega uma Constituinte independente do Congresso, vai prevalecer. A concepção que está no programa do PT, e que também é de Lula, é mais uma concepção de democracia plebiscitária - 'se fui eleito com tantos votos, tenho direito a mudar as coisas'. O PSDB representa uma concepção de democracia representativa, que precisa de instituições, Estado de Direito, transparência, valores, accountability. A meu ver, esses dois princípios de organização social são inconciliáveis. A longo prazo, teremos uma luta entre eles que vai levar 20 anos para ser resolvida.”

Como será o Brasil pós-Lula?”O copo está meio cheio, meio vazio. Certas instituições estão ativadas, como o Ministério Público, a Polícia Federal com uma certa autonomia, algumas instituições do Judiciário. Vai dar muito trabalho se desfazer delas. Ao mesmo tempo, eu identifico alguns pontos que caracterizam uma regressão. Se vai ser mais moderno ou não, vai depender de três coisas. Em primeiro lugar, do grau de competitividade política; em segundo, do quanto vamos conseguir concretizar de reforma política - e aí eu sou descrente; por último, da participação social no processo político. Quando Lula ameaça pôr gente nas ruas, dá para imaginar o trabalho que vai ter um futuro governo que queira voltar a sanear o Estado. Em compensação, nós temos uma imprensa muito ativa, muito aplicada e que está, até, substituindo a oposição.”Leia a entrevista.

PS: O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional - PROER - foi um programa brasileiro, implementado no período do governo FHC e teve a finalidade de recuperar instituições financeiras que estavam com problemas financeiros.

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