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sexta-feira, 19 de junho de 2009

O talento do violeiro Paulo Freire

Aprendi a tocar viola no sertão do Urucuia, Minas Gerais. Larguei a Faculdade de Jornalismo em 1977 e, depois de ler o livro "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa, fui embora para o Urucuia, querendo saber qual era o som desse grande sertão.

Antes disso, já tocava violão e guitarra. Estudei no CLAM, escola dirigida pelo Zimbo Trio.

Morei dois anos no Urucuia, em um povoado chamado Porto de Manga. A três quilômetros dali (meia légua), na Taboca, conheci Manoel de Oliveira, seu Manelim, grande violeiro, que passou a ser meu mestre.

Convivi com seu Manelim e família, passei algumas temporadas em sua casa. Durante o dia trabalhava em sua roça, e à noite me ensinava viola. Nesta época mexemos com plantio de arroz na vazante. Claro que tive muito mais benefício com o que me ensinou, do que seu Manoel com meu serviço de roça. Nunca havia encostado em uma enxada, mas me esforcei bastante trabalhando a terra. O entardecer tocando viola no terreiro, acordar no inverno e ir para uma fogueira improvisada junto com seus filhos enquanto dona Vicentina preparava o café com biju, ou ficar olhando a roça e deixar o pensamento correr, calaram fundo em minha alma violeira.

Paulo Freire toca ODEON - Ernesto Nazareth

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