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domingo, 27 de janeiro de 2008

Um belo artigo

Por sugestão da leitora Carla, publico abaixo um excelente artigo assinado por Gilson Caroni Filho para Carta Maior. O artigo - A crise e a esquerda que aprende com a história - qualifica bem as diferenças entre a política econômica do governo atual em relação aos seus antecessores. Ele mostra de forma cristalina que a política econômica atual não é de continuidade como apregoam alguns mal intencionados da política. Recomendo a sua leitura.

A crise e a esquerda que aprende com a história

Se, hoje, estamos mais preparados para uma provável desaceleração da economia mundial, temos o mais categórico desmentido dos que afirmavam que a economia brasileira não desandava por conta, apenas, de um cenário internacional favorável.

Gilson Caroni Filho

Ainda é cedo para avaliar com precisão quais os reflexos que a crise financeira internacional poderá ter no Brasil. Permanece a tensão nas bolsas de valores de todo o mundo, causada pelo medo de uma recessão nos Estados Unidos e os conhecidos consultores e jornalistas especializados já dão o ar de sua graça. Lembram, como faz o economista Caio Megale, em artigo para a Folha de S.Paulo que “deixamos para trás reformas importantes, como a tributária e a da previdência, cujos frutos fazem falta nestes momentos". Será que o maior feito do governo Lula não foi exatamente o de estabelecer fundamentos para um crescimento sólido sustentável? O que legitima quem pretende deitar cátedra sobre como conduzir a economia se eles são os mesmos que foram a nocaute nas crises dos anos 1990?

Se por um lado continuamos não subscrevendo críticas supostamente radicais, repletas de purismos inconseqüentes, aos rumos da política econômica adotada, por outro não podemos escutar calados os que pregam o velho receituário que levou o país à lona entre 1994 e 2002. Reafirmamos a necessidade de uma reforma fiscal e do controle efetivo do processo inflacionário. Mas perguntamos se há ambiente político para estabelecer, como destacou em artigo publicado no Globo, o ex-ministro Antônio Palloci, "uma agenda de reformas de interesses do país"? Como pactuar com uma oposição que aposta no "quanto pior, melhor?".

Nunca esqueçamos o sucateamento na estrutura produtiva feita pela opção subalterna do governo anterior e a conseqüente redução da margem de manobra da equipe econômica no primeiro mandato do presidente petista. Muito menos o enfraquecimento do Estado Nacional levado a cabo em sintonia com a globalização neoliberal pode ser perdido de vista. Nossa postura está longe da resignação. De vislumbrar, no cenário criado pelos centros hegemônicos de poder, uma inevitabilidade natural à qual só resta uma adesão "inteligente". Justo agora quando o epicentro da crise está na sede da “racionalidade neoliberal”. É no fio da navalha, nos interstícios da ação política, que o soberano submete a fortuna à virtù. É hora de reafirmar os acertos das opções. Sem qualquer receio de críticas à esquerda ou à direita.
Lembrar, por exemplo, que pouco tempo após a primeira eleição de Lula, nos nove primeiros meses de 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,3%, o melhor resultado desde 95. Houve aumento de investimentos e vários setores começaram a reduzir a capacidade ociosa. A equipe econômica soube aproveitar a desvalorização do dólar e captar US$ 500 milhões, através de bônus com vencimento em 2014 e juros extremamente favoráveis. Não era isso o que esperavam os profetas do caos.
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...Se,hoje, estamos mais preparados para uma provável desaceleração da economia mundial, temos o mais categórico desmentido dos que afirmavam que a economia brasileira não desandava por conta, apenas, de um cenário internacional favorável. Contas externas relativamente confortáveis, nível de endividamento cadente, reservas na casa de US$180 bilhões e crescimento em ritmo forte, com peso considerável no mercado interno, reduz consideravelmente nossa dependência externa. Claro que não estamos imunes a uma crise internacional, mas bem distantes do endividamento e do déficit em contas correntes que marcaram o governo FHC.Leia mais.

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