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domingo, 9 de setembro de 2007

Meus comentários sobre as opiniões de Marcelo Déda, governador de Sergipe

Gostei da entrevista do governador de Sergipe Marcelo Déda concedida hoje ao jornal O Estado de São Paulo. Clique aqui e leia a íntegra da entrevista. Como lhe é peculiar, tratou todos os assuntos com franqueza e sem tergiversar. Quero registrar algumas observações divergentes:

1 - Perguntado pelo jornalista Alexandre Rodrigues se era a favor da resolução pela candidatura própria em 2010, ele respondeu: “Não vejo por que antecipar o cardápio do jantar no café da manhã. É claro que o mérito da resolução é correto. Seria um absurdo, uma negação do próprio caráter político, se o partido do presidente Lula, num gesto de filantropia, dissesse que desiste de indicar o candidato à sucessão dentro da coalizão. Seria um gesto de ingenuidade política, de suicídio eleitoral. Minha divergência não é de conteúdo. O PT afirmar que quer fazer o sucessor do presidente é mais do que um direito, é um dever.”

2 - Noutra pergunta: O que o sr. diz é que não precisaria colocar isso no papel agora? “Eu não achei correta a resolução. Ela formaliza, antecipa uma agenda contraproducente para o próprio partido que está no governo e para o presidente.”

3 - Ora governador, o PT é o principal partido de sustentação do governo Lula, seria um contrasenso reunir os petistas em um Congresso que é o órgão máximo de deliberação do nosso partido e nada falar da sucessão em 2010. Veja o que foi deliberado: “O PT apresentará uma candidatura a Presidente a ser construída com outros partidos e, assim, formar uma aliança programática, partidária e social capaz de ser vitoriosa nas eleições de 2010. E impedir o retorno do neoliberalismo”. Sinceramente, não acredito que o governador não concorde com a resolução acima. É claro que nós temos bons nomes para oferecer para a coalizão. Aliás, na entrevista, o governador aponta várias alternativas. Veja os nomes citados por ele: “São Paulo tem candidatos importantes que têm que ser levados em consideração. Não é inteligente discutir um nome sem pensar em Marta Suplicy, Eduardo Suplicy ou Aloizio Mercadante. O que quero é que ao lado desses nomes se avalie o do companheiro Wagner, de Patrus Ananias, de Dilma Rousseff.” Eu acrescento: Marcelo Déda.

4 - Pois bem, meu caro Déda: diante de bons nomes como os citados acima e de um governo bem avaliado como nosso, ninguém acreditaria se disséssemos que não temos nomes a oferecer para uma futura frente de partidos. No mundo da política, ainda mais em se tratando de disputa presidencial, ninguém acredita em brincadeirinha de esconde-esconde. Acho que a construção de uma candidatura viável para suceder Lula vai se dar com a maturidade política de todas agremiações partidárias que compõem a coalizão. Espero que os partidos sejam capazes de colocar os interesses da nação acima dos seus interesses específicos, iclusive o PT.

5 - Caso o medo do governador seja o de que alguns partidos da coalizão fiquem chateados com a resolução e isso venha atrapalhar a governabilidade do país, o texto aprovado é exageradamente ponderado e em nada atrapalha o governo Lula.

6 - Perguntado pelo jornalista sobre o peso dos paulistas no PT, veja a resposta do governador petista: ”Eu espero, milito e trabalho para isso. Não porque desconsidere São Paulo. Defendo que São Paulo tenha seu exato tamanho, que é extraordinário. Nenhum partido será nacional sem reconhecer o peso e a dimensão exata de São Paulo. O que eu combato é o paulistismo ou a paulistização, que é - sei que isso vai irritar os paulistas vindo de um nordestino - uma abordagem provinciana da política. Eu já testemunhei encontros nacionais pautados por um ajuste de contas entre correntes internas paulistas que termina influenciando o debate de todos os diretórios do País. O Brasil é muito mais complexo do que São Paulo. O PT está hoje em todo o País.”

7 - Caro governador: reduzir os problemas do partido, os nossos erros e até mesmo os nossos acertos à presença dos paulistas na direção não corresponde à realidade. Há muito tempo a nossa direção já não é predominantemente paulista. Porém, essa não é a questão central, os erros cometidos pelo partido, especialmente em 2005, não foram devidos à presença deste ou daquele Estado na direção e sim da orientação política implementada pelo núcleo dirigente composto pelo chamado “Campo Majoritário”, pelo que me consta, este grupo não é composto só de paulistas. É bom lembrar que o ilustre governador faz parte deste grupo ou pelo menos fazia naquela época.

8 - Espero que os sergipanos e todos os que corcordarem com o governador se disponham, já no proximo PED (Processo de Eleição Direta) a realizar-se no dia 2 de dezembro próximo, a mudar a direção partidária, elegendo um novo "núcleo dirigente", plural e que expresse de fato todas as opiniões partidárias, e assim seja capaz de superar os próximos desafios e levar o PT a futuras vitórias em 2008 e 2010, para o bem do Brasil.

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