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sexta-feira, 15 de maio de 2009

O método tucano de 'educação a distância'



O lamentável episódio do recente quebra-quebra ocorrido em uma escola estadual do bairro da Mooca, na Capital, retrata uma pequena parte dos estragos que os tucanos promoveram no sistema educacional desde 1995. O desmonte foi de tal ordem que as escolas do estado mais rico da federação vivem ciclos de crise que misturam violência, notas baixas, falta de professores e de funcionários, baixa qualidade de ensino e depredação - sobrando raras ilhas num universo de mais de 5 mil unidades escolares que atendem cerca de 6 milhões de alunos.

Tudo isso acontece há quase uma década e meia, entra tucano e sai tucano, e eles sempre fingem não ter nada a ver com o problema. Ironicamente, seria possível dizer que com o PSDB no governo do Estado, a Educação passou a ser uma atividade mantida "a distância" do tucano de plantão no Palácio dos Bandeirantes. No caso do atual governador José Serra, "quanto mais distante, melhor", raciocinam eles.

E não foi pensando em outra coisa que José Serra nomeou o ex-ministro Paulo Renato Souza para a Secretaria de Educação, no dia 15 de abril passado. Acostumado aos gabinetes desde os tempos de FHC em Brasília, o secretário repete o discurso surrado que sempre aponta os culpados, que variam apenas conforme o episódio. As saídas estão também na ponta da língua. Senão vejamos:

Ocorrem depredações, atos de vandalismo, roubos, furtos ou tráfico de droga nas escolas? A culpa é do 'crime organizado'. A solução? Chama a polícia.

São Paulo tem a pior escola entre as públicas e particulares a cada Enem? A culpa é dos professores e do sindicato da categoria. Solução? Anuncia fórmulas para demissão de professores não-concursados e uma escola para "ensinar aos professores'.

Os salários dos professores estão entre os piores do país? - Ah, mas isso é coisa do PT, repete Serra e alguns jornais reproduzem!

Enfim, seria fácil enumerar exemplos e mais exemplos desse descalabro que parte da imprensa paulista acobertou durante muitos anos - e que a dura realidade forjada em boa parte pelo abandono - trouxe à tona. A cada ano que passa o sistema se fragiliza, o nível piora e o discurso dos tucanos é sempre o mesmo: um culpado para cada ocasião.

Falando na Rádio CBN, na manhã desta sexta-feira (15), Paulo Renato foi indagado sobre o que teria provocado mais este acontecimento que envergonha São Paulo e, em tom professoral de quem não tem a ver com o peixe, anunciou as "medidas" do governo Serra: a criação da escola de formação de professores e a edição de um certo "Manual de Procedimentos". Seria uma espécie de cartilha para ensinar os diretores, coordenadores pedagógicos e professores a saber como agir em caso de "problemas na escola". Perfeito se não fosse mais uma daquelas soluções sacadas do bolso do colete, como é praxe tucana.

E assim vamos navegando nesse mar de intranquilidade social que tem enredo sendo preparado para as eleições 2010, quando Serra anunciará que fez e aconteceu para "melhorar a Educação em São Paulo".

Como diz o slogan tucano que consumirá R$ 227 milhões em propaganda só neste ano - fora os gastos das estatais -, "é o governo do Estado de São Paulo trabalhando por você". Certamente o "você" das campanhas publicitárias é ninguém menos do que o governador José Serra.

9 comentários:

  1. Parabens vereador pelas críticas feitas ao tucanato em materia de educação. Estive fora de São Paulo durante alguns meses e nunca mais havia visitado seu blog. Esta cada vez melhor, saúde e força!

    Armando

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  2. Onde estará a Rose Noibauer, a primeira tucana a inventar essa bagunça toda? Onde, onde?

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  3. Vou enviar esse texto para o pessoal da minha escola, beijos!

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  4. João, envia essa materia pros DZs, ficou muito bom!

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  5. Cristina, Itaim paulista15 de maio de 2009 às 22:57

    Eu mesmo não tenho coragem de por uma filha minha numa escola do estado, quem tem???

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  6. esse secretário é bem a cara dos tucanos, tem jeito de gente sonsa.

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  7. recebi esse email da Denise e gostei de ler, obrigada parabéns tá bom demais, vou repassar

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  8. A educação há tempos deixou de ser prioridade às várias formas de governo. Uma sobrinha minha, veio da Bahia e passou dois anos em casa. A menina estava na 5ª série e não sabia a tabuada. Escrevia mal e porcamente. Nome de gente e de lugares com letra minúscula e por aí, vai. Comprei uma tabuada e fiz de tudo pra ensina-la, mas aprendeu pouca coisa. Engraçado; no Orkut, aprendeu a mexer rapidinho, no que comentei com a minha esposa; MSN e Orkut, aprendeu, mas os deveres escolares, é "difícil". Bom, a mãe solicitou e eu rapidinho, comprei uma passagem aérea e mandei rapidinho de volta pra Bahia. Ufa!Bom, resumindo: falta a antiga disciplina. Na minha época e acredito que na do vereador, também, quando a professora entrava na sala de aula, o aluno tinha que se levantar, sem arrastar a cadeira e cumprimentar a professora. Bons tempos aqueles...Tenho três filhas e eduquei as três do jeito que eu fui. Todas elas terminaram o 2º grau e aprenderam uma profissão, duas se casaram, a mais velha é formada em marketing, a mais nova se casou e faz direito e a do meio, se casou e é dona de casa. O nobre edil, me desculpe o uso exagerado do espaço, mas é a única forma que tive para expressar o que tinha que que ser dito. Obrigado!

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  9. Com certeza nenhum filho de TUCANO estuda em escola pública...

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