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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Tribunal barra licitação de monotrilho

Do Jornal da Tarde hoje 23
EDUARDO REINA, eduardo.reina@grupoestado.com.br

"Menos de um mês depois de anunciar a construção do monotrilho que vai ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste, no prolongamento da Linha 2-Verde do Metrô, a licitação internacional que ainda vai definir a empresa que construirá o sistema foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

O conselheiro Antonio Roque Citadini concedeu duas liminares pedidas pelo consórcio Construcap/CCPS Engenharia e Comércio e pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre) suspendendo a concorrência. São apontadas pelos empreiteiros possíveis irregularidades na disputa, como a restrição da tecnologia adotada e consequente direcionamento do certame, a ausência de projeto básico para obra de tamanha complexidade, inexistência de planilhas de preços estimados e até mesmo risco ambiental, uma vez que não há estudo de impacto ambiental e de interferência na vizinhança, entre outros problemas". Leia mais.

Comentário: O governador José Serra e o prefeito Kassab dão dicas que pretendem substituir a ampliação da rede metroviária que é, comprovadamente, a solução estratégica para o transporte público na cidade de São Paulo, bem como os corredores de ônibus pelo chamado monotrilho.

É evidente que a cidade de São Paulo não poderá conviver por muito mais tempo com a supervalorização do transporte individual em detrimento de um transporte público de qualidade. É evidente também que existe erro histórico no planejamento do transporte público na cidade: super valorização do sistema de ônibus em detrimento do transporte sobre trilhos, Trens e Metrôs.

Em que pese especialistas e governantes unanimemente reconhecerem tal erro, pouco foi feito, nas últimas décadas, para inverter esta lógica perversa. A cidade continuou sendo penalizada por um modelo de transporte público majoritariamente sobre pneus, em que, paradoxalmente, sua expansão significa transtorno para o trânsito e maior prejuízo no já combalido meio ambiente da cidade.

O fato é que a falta de vontade política levou a uma expansão tacanha da rede metroviária na cidade e o total abandono do que existe de rede ferroviária.

Por outro lado, não são de bom tom as soluções que os atuais governantes apresentam para este problema. No afã de responder à opinião pública - que cansada de esperar cobra maior eficiência na solução do problema -, o PSDB/DEM faz da cidade de São Paulo um espécie de “cobaia” para testar um projeto de transporte que para além de trazer graves conseqüências urbanísticas – vários “minhocões” serão construídos – não é certo que o monotrilho seja a solução para o transporte público de nossa cidade. Tomando como referência laboratorial o trecho Dom Pedro-Sacomã dá para inferir que este não serve de modelo para toda a cidade, pois além de ser urbanisticamente desaconselhável, não me parece uma boa alternativa para o transporte público para uma metrópole das dimensões de São Paulo.

Vale a pena substituir a expansão metroviária a curto e médio prazo por um projeto não muito mais barato e de resultado duvidoso? Quem viver, verá!

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