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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Símbolos e Lugares de São Paulo (5)


A segunda parte da série Símbolos e Lugares de São Paulo começa nesta quarta-feira (29) com a publicação de uma nova pesquisa realizada por Felipe Ramalho Rocha. O assunto agora é o Pátio do Colégio, construção histórica localizada no Centro Velho da Capital que é uma das partes vivas da memória colonial paulistana.

O NASCIMENTO DA CIDADE DE SÃO PAULO

O Pátio do Colégio é o marco inicial do nascimento da cidade de São Paulo, onde foi levantada, pelo cacique Tibiriçá, no planalto de Inhapuambuçu, a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel de Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, jesuítas a mando de Portugal, resolveram estabelecer um núcleo de catequização de indígenas no Planalto.

Em 25 de janeiro de 1554, data correspondente ao dia da conversão do apóstolo Paulo, celebraram a missa, que marca o nascimento da cidade de São Paulo, no colégio dos Jesuítas, ao redor do qual iniciou-se a construção das primeiras casas que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga. A humilde cabana de pau-a-pique abrigava um seminário e uma escola. Nela, Jose de Anchieta iniciou seu trabalho de catequese.

O processo de colonização tinha nas ordens religiosas, principalmente na Companhia de Jesus (Jesuítas), um de seus principais instrumentos. O edifício da escola materializava a nova doutrina difundida entre as crianças índias e os filhos dos colonizadores. Houve resistência da cultura indígena e dos bandeirantes paulistas, que interessados em aprisionar os índios entravam em conflito com os catequizadores. Do ponto de vista da segurança a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-se em uma colina alta e plana entre dois rios - o Tamanduateí e o Anhangabaú. O colégio, erguido em uma encosta, funcionava como uma fortificação: os jesuítas pensavam em se proteger tanto dos bandeirantes quanto dos próprios índios.

Em 1556, o padre Afonso Brás foi o responsável pela ampliação da construção original. Em 1640 uma disputa entre colonos e religiosos culminou na expulsão dos jesuítas. Treze anos depois, em 1653, com a volta dos jesuítas, foi construído um novo conjunto de colégio, onde foram instalados os primeiros cursos de filosofia, teologia e artes, uma biblioteca e uma capela. Para esta construção foi utilizada uma técnica mais aprimorada - a taipa de pilão.

No ano de 1745, mais uma ampliação incorporou o colégio ao edifício principal. Os jesuítas foram expulsos novamente em 1759, por decreto do Marquês de Pombal, responsável pela Secretaria de Negócios Estrangeiros durante o reinado de D. José em Portugal, acusados de estarem envolvidos na tentativa de regicídio (assassínio de rei ou de rainha) do ano anterior, com repercussão mundial que resultaria na extinção da Companhia de Jesus, que no ano de 1814 é restaurada no mundo inteiro pelo Decreto do Papa Pio VII.

O governo se apropria dos bens da Companhia de Jesus e o antigo casarão colonial é completamente descaracterizado por profundas reformas até se transformar no Palácio dos Governadores no período entre 1765 e 1908. Durante esse período a igreja sofre um desmoronamento. Entre 1932 e 1953, o então Palácio do Governo é transformado na Secretaria da Educação, o que de certa forma dá ao edifício uma função mais próxima da original.

O ano de 1954 marca a retomada do projeto original. A Companhia de Jesus recebe de volta as instalações e dá-se inicio a reconstrução do Colégio, nos moldes da terceira construção, permanecendo remanescente a cripta, parte de uma parede de taipa de pilão e o antigo torreão. O que conhecemos hoje como o Pátio do Colégio é uma reconstituição do edifício original. Seu complexo abriga diversas atividades culturais e religiosas. Abriga um museu, a Igreja e uma biblioteca temática.

CONTINUAÇÃO - No próximo sábado o blog publica a seqüência deste assunto.

3 comentários:

  1. Quero parabenizar primeiro a iniciativa, depois as escolhas que estão sendo seguidas, o pátio do colégio realmente é um local importantíssimo da origem e desenvolvimento da cidade de São Paulo.

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  2. Evidente que sou suspeita, mas é muito interessante esta parte do blog, além das outras é claro, muito bem Felipe continue assim.

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  3. Quero parabenizar o blog e o Felipe por esta série "simbolos e lugares de São Paulo". Muito bem elaborada e agrega valor cultural aos leitores.

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