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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Símbolos e Lugares de São Paulo (2)


A série Símbolos e Lugares de São Paulo - que começou com a história do Museu do Ipiranga - prossegue com a publicação da segunda parte. Neste sábado (18), vamos mostrar a concepção arquitetônica aplicada à construção do museu. A beleza da arquitetura torna o local um dos mais atraentes monumentos da Capital. O texto é parte de uma pesquisa elaborada por Felipe Ramalho Rocha:

O NASCIMENTO DE UM MARCO MONUMENTAL

Idealizado por Tommaso Gaudenzio Bezzi, o edifício do Museu do Ipiranga figura como um marco da arquitetura paulistana, um vetor de modernização para seu entorno e um exemplo do uso competente das tecnologias existentes à época. As técnicas de concreto armado estavam sendo desenvolvidas na Alemanha e na Áustria, as estruturas metálicas estavam ganhando na Europa a confiança de seus usuários, enquanto que em São Paulo predominavam as edificações de alvenaria de pequeno porte.

Bezzi utilizou, de forma simplificada, o modelo de palácio renascentista - o projeto inicial previa dois braços laterais partindo da fachada, voltada para a cidade, formando um E. Por motivo de economia, os prolongamentos foram abandonados, restando um retângulo pontuado por três corpos salientes.

A concepção básica da estrutura é simples: uma planta retangular cujos elementos principais são constituídos por grossas paredes com aproximadamente dois metros de espessura. Valendo-se de uma das principais características do ecletismo - a recuperação de estilos arquitetônicos - Bezzi reuniu várias características que faziam do edifício referância àquela São Paulo com 70.000 habitantes, o modelo de palácio, a decoração neo-renascentista, o grande porte, a presença abundante de elementos arquitetônicos decorativos como ornatos sobrepostos, brasões e colunas segundo as ordens coríntia e jônica.

A grandiosidade do edifício demandou soluções originais no encaminhamento do trabalho, a mão-de-obra contratada era muito provavelmente italiana, visto que não havia em São Paulo nesta época trabalhadores familiarizados com a execução de ornatos. A técnica de tijolo também era uma novidade na São Paulo dominada por construções de taipa. A distância também era uma complicação, por dificultar o transporte dos materiais construtivos. Para minimizar este problema foi criada a estação de trens do Ipiranga.

O museu como espaço contemplativo, de celebração e lazer foi responsável por volumoso fluxo de visitantes o que, certamente, fez com que acelerasse a instalação dos bondes da Light, em 1902, conferindo nobreza ao seu entorno. O conjunto arquitetônico atraiu a elite dos imigrantes sírios e libaneses, proprietária de indústrias e casas de comércio no bairro, que à sua volta construíram residências luxuosas.

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