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terça-feira, 13 de abril de 2010

Foi mesmo 1º de abril?


No último 1º de abril, operários ainda trabalhando em ritmo acelerado, o governador José Serra e sua comitiva chegaram ao trecho sul do Rodoanel da capital de São Paulo para inaugurá-lo. Não se tratava de uma mentira, de fato a obra construída pelo governador com dinheiro do Estado de São Paulo e da União, inacabada, estava sendo entregue ao público. O governador Serra não poderia esperar sequer um dia, afinal no dia 2 de abril teria de se desincompatibilizar para candidatar-se à Presidência da República no pleito de outubro próximo.

O fato de entregar às pressas uma obra inacabada com propósito meramente eleitoral seria fator de reprovação suficiente para os que defendem uma maior decência na conduta dos políticos. Não bastasse este fato, o jornal Folha de S. Paulo traz hoje a seguinte denúncia:

"Inaugurado há menos de duas semanas, o trecho sul do Rodoanel já apresenta problemas em parte dos seus 61,4 quilômetros e deve passar pelas primeiras reformas nos próximos dias. A Folha apurou que essa reforma deve atingir até dois quilômetros de extensão.

O trecho sul do Rodoanel é umas das principais obras viárias do país e foi inaugurado pelo Estado no dia 1º de abril, com custo aproximado de R$ 5 bilhões aos cofres públicos.
O pedaço mais problemático da via recém-entregue -e que deve passar por reformas- fica entre a rodovia Anchieta e a cidade de Mauá, na Grande São Paulo -chamado "lote 1". Desde o dia da abertura do trecho para o tráfego, o local já registrou pelo menos dois acidentes devido a aquaplanagem dos veículos. Para a Polícia Rodoviária Estadual, isso pode estar ligado a possíveis problemas de engenharia.

Segundo um engenheiro que atuou na obra, porém, o pavimento do ponto em questão não passou nos testes de resistência e rugorosidade -o profissional pediu para não ter o nome revelado. A falta de qualidade já era conhecida antes mesmo da inauguração do trecho sul, segundo esse engenheiro, mas a reforma foi adiada para momento mais oportuno.
Leia mais (disponível para assinantes do jornal ou do UOL).

COMENTANDO - Estamos diante de um caso típico de imoralidade administrativa. É inaceitável que um administrador público, seja de qualquer agremiação partidária, coloque os seus interesses pessoais acima dos interesses da coletividade. Fazer uma obra às pressas já seria temerário e não recomendável para qualquer administrador sério. Permitir a utilização de material sem qualidade, não fazer os testes de rigorosidade, ou seja, não fiscalizar a execução da obra tem nome: irresponsabilidade com a coisa pública!

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