Ainda repercute a matéria da edição de ontem (7) do jornal Valor Econômico sobre a nova correlação de forças estabelecida no PT paulista depois dos três dias em que delegados de 376 municípios paulistas se reuniram na Capital na etapa estadual preparatória ao nosso 3º Congresso Nacional.
Fui entrevistado pelo Valor na condição de Secretário-Geral do PT Estadual de São Paulo. O jornal também ouviu outros dirigentes do partido no Estado.Veja abaixo a matéria na íntegra:
Campo Majoritário perde força em SP
Cristiane Agostine
"Com um terço dos delegados do Congresso Nacional do PT, o diretório estadual de São Paulo sofreu um rearranjo na correlação de forças em sua base. A influência do antigo Campo Majoritário, tendência liderada por nomes como José Dirceu e Paulo Frateschi, diminuiu e, em contrapartida, o poder do grupo ligado à ministra Marta Suplicy aumentou.
A eleição realizada no Congresso estadual da sigla, no fim de semana, demonstrou que a direção paulista não tem mais o apoio maciço de quando foi constituída, em 2005, no auge das denúncias do suposto mensalão. Na época, o presidente estadual, Paulo Frateschi, foi reeleito com quase 60% dos votos. Na votação das teses partidárias, em 2005, o texto de seu grupo (o antigo Campo Majoritário) obteve 48% dos votos. Já na eleição do Congresso estadual deste fim de semana esse percentual diminuiu para 42,47%. Outra mudança foi registrada com a saída de um núcleo do antigo Campo, que formou a tese "Um novo rumo para o PT" e obteve 19,36% dos votos. Somadas aos apoiadores do "PT de Lutas e Massas", estas duas teses - dos chamados "martistas" - tiveram 32% dos votos e buscam a aproximação com a tese "Mensagem ao Partido" . Juntas, as três têm o tamanho exato do "Construindo o novo Brasil", os antigos majoritários.
"Houve um reequilíbrio de forças e eles (dirigentes) vão ter que nos ouvir", analisou o deputado federal Paulo Teixeira, da "Mensagem ao Partido", que tem como expoente no plano nacional o ministro Tarso Genro (Justiça). "Eles ainda têm uma força maior, mas não são mais majoritários. Vai haver mais diálogo agora", disse.
Integrante do grupo dissidente "Um novo rumo para o PT", o vereador João Antonio, secretário-geral do diretório paulista, reforça a idéia de maior equilíbrio de poder. "Sozinhos, não conseguem mais comandar o diretório como antes."
Na análise feita por dirigentes que compõem os três grupos em ascensão, a mudança reflete o descontentamento com as denúncias que envolveram o PT desde a crise do mensalão. Um divisor de águas foi a eleição de 2006. O grupo de São Paulo teve desempenho tímido no primeiro turno da campanha presidencial, envolveu o PT na compra de um dossiê contra políticos do PSDB e perdeu a eleição estadual no primeiro turno com a candidatura do senador Aloizio Mercandante.
"O desgaste com a direção não é recente: perdemos prefeituras importantes e responsabilizamos esse grupo pela crise que o PT viveu. É hora de superar essa fase", disse João Antônio. Ele cita como exemplo da diminuição de poder do núcleo dirigente a votação da data da próxima eleição interna: os ex-majoritários defendiam a troca só no próximo ano, mas a maioria aprovou a antecipação da eleição (710 votos a favor e 573 contra).
Para quem defende a tese do antigo Campo Majoritário, entretanto, a leitura feita do rearranjo de forças é oposta: "Nós crescemos em relação a 2005", analisou Luiz Turco, secretário de Organização do diretório paulista. "É ilusão dizer que diminuímos, que houve derrota", defendeu. Na conta feita pelo dirigente, seu grupo tem os 42,27 % dos votos da tese mais os 19,36% do grupo dissidente "Um novo rumo para o PT" e parte dos 9,68 % do "Mensagem ao partido".
Se os grupos divergem na divisão do poder, convergem na escolha do nome para disputar a capital paulista: Marta Suplicy. Em São Paulo, os dirigentes defendem que ela é o única capaz de unir o PT. "Se não for ela, teremos prévia. Mas isso não desgastará o partido", disse Paulo Teixeira. A provável mudança no comando dos diretórios influenciará diretamente na definição dos candidatos em 2008".
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