Da ministra do Turismo, Marta Suplicy, em entrevista à Folha de S.Paulo, hoje:
FOLHA - Qual deve ser o modelo turístico do país? Resorts, rotas ecológicas, turismo popular?
MARTA SUPLICY - Não podemos nos dar ao luxo de desprezar nenhum setor. Gera-se emprego com turismo de elite, de aventura e popular.
FOLHA - Dá para o turismo crescer com crise dos aeroportos, estradas ruins e violência?
MARTA - Pesam negativamente, mas estão sendo paulatinamente solucionadas. A compra da Varig pela Gol tende a melhorar a crise dos aeroportos. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai melhorar nossa infra-estrutura. E o combate à violência é questão que Lula está enfrentando.
FOLHA - Quais serão as suas prioridades?
MARTA - A orientação do presidente é gerar emprego, turismo de baixo custo e diminuir as diferenças regionais. Ao qualificar a mão-de-obra, podemos utilizar os jovens adolescentes que estão no Bolsa Família. Isso abre porta de saída do programa para uma vida melhor. A notícia de que 8 milhões de brasileiros deixaram as classes D e E e ascenderam é muito boa. Serão novos consumidores do turismo. Quero colocar o lazer turístico na cesta básica do trabalhador.
FOLHA - Haverá pacote para aposentados?
MARTA - Em reunião ontem [quarta-feira] com a Caixa Econômica Federal e a Previdência, fechamos o crédito consignado para pacotes turísticos de aposentados. Os juros serão de 1,3% a 2,41% por mês, em parcelas de seis a 24 meses. Conversarei com a operadora para baixar o custo dos pacotes. Há programas que já existem e serão mais divulgados, como o "Cartão Turismo", da Caixa. O consumidor coloca esse cartão no crédito consignado, a um juro de 2,09% ao mês. Vamos tentar diminuir esses juros em determinados gastos. Há também a "Poupança Turismo". Poupando durante um tempo, o correntista concorre a uma viagem entre R$ 4.000 e R$ 6.000. Como ele poupa, vou propor redução na taxa de juros quando fizer as prestações para viajar. Há um programa novo para jovens que se chamará "Conheça o Brasil".
FOLHA - Qual será o formato?
MARTA - Fazer acordos com escolas particulares e públicas de pacotes turísticos para jovens em prestações pela Caixa. Se uma escola propõe uma visita a Ouro Preto, parte da classe não pode ir. Pode haver um pacote especial para a "Semana do Saco Cheio" das escolas.
FOLHA - A sra. afasta a possibilidade de ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2008?
MARTA - Com a expectativa do presidente em relação ao ministério, tenho de pensar em quatro anos.
FOLHA - Entre as suas opções, está concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2010?
MARTA - Por que não?
FOLHA - Gostaria de ser candidata a Presidência um dia?
MARTA - É uma pergunta mais complicada. É algo que a mídia falou quando eu era deputada. Na época, era uma coisa muito divertida. Hoje não é mais. A Presidência não está em questão, porque aprendi na política que você tem de se dedicar de corpo e alma ao que está fazendo. Vou exercer esse cargo de ministra para valer. E não pretendo disputar a Presidência. O cargo de governadora em 2010 é mais adequado.
FOLHA - Reservadamente, Lula diz que deseja fazer o sucessor em 2010. Ele conseguirá?
MARTA - Acho que sim. A próxima eleição dependerá de o governo manter a sua política bem-sucedida de inclusão social. Não estou falando só de Bolsa Família, mas de controle da inflação, de geração de emprego, aumento da renda. Lula tem a intuição para se mexer na direção correta para a população mais carente. Ele terminará seu governo melhor do que os antecessores.
FOLHA - Quais são os nomes do PT para 2010?
MARTA - Não tenho a menor idéia. Aprendi que política é uma montanha-russa. No ano passado, o Arlindo Chinaglia estava na cama, recuperando-se de um acidente. Muitos diziam que talvez ele não pudesse se candidatar a deputado federal, porque poderia não ter condição de fazer campanha. Hoje, ele é presidente da Câmara. Nomes surgirão e poderão ser grandes surpresas. Não acho mesmo que já dê para saber quem será o candidato."
Assinante da Folha/UOL leia a entrevista.
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