Por Djair Galvão
O deputado Rui Falcão é tido pela mídia como um político discreto e de gestos calculados quando fala à imprensa. Mas não é bem assim. Rui tem uma história e uma militância de destaque no PT e cultiva o hábito de dizer o que pensa, principalmente quando fala a jornalistas ou em debates no partido. A experiência como jornalista da grande imprensa e a reconhecida capacidade de digerir informação fizeram de Rui Falcão uma referência nos debates e no trato com a mídia, que ele critica pela postura excessivamente "conservadora".
Conhecido por gostar de uma boa polêmica, ele está de volta à Assembléia Legislativa de São Paulo com a força de quase 184 mil votos. Foram quase 169 mil votos só na Capital, onde Rui exerceu o cargo de secretário de Governo na gestão Marta Suplicy (2000-2004), considerada por ele "uma experiência revolucionária em São Paulo" - e que ele diz ter a expectativa de ver repetida em 2008 com a volta da atual ministra ao cargo de prefeita. "A candidatura da Marta em 2008 não está sendo pleiteada por ela - será uma imposição do PT e da população de São Paulo", disse ele em entrevista exclusiva ao Blog.
Na entrevista, Rui também falou sobre o governo Lula, o PT e fez uma avaliação dos riscos que o Estado corre com o "autoritarismo" que o governo José Serra tenta impor à administração pública e na relação com o parlamento. Além disso, destacou alguns dos seus projetos de lei na volta à atuação parlamentar.
Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista, dividida por temas e que vou postando em partes:
GOVERNO MARTA E ELEIÇÕES 2008
BLOG – Como o senhor resume a sua experiência como secretário de Governo da ex-prefeita Marta e a própria experiência do governo petista entre 2000 e 2004?
RUI – Primeiro foi uma experiência gratificante, pois vivemos uma grande mudança na cidade nesses quatro anos. Nós tivemos a implantação das subprefeituras, que era uma coisa que estava há dez anos na Lei Orgânica e não era cumprida, o Conselho de Representantes – que foi cancelado pelo Serra -, a implantação do Bilhete Único que consagrou, na política pública o predomínio do transporte coletivo sobre o transporte individual, a implantação de vários corredores de ônibus que facilitaram a vida da população das periferias e puderam ter pelo menos meia hora de ganho na ida e na volta do trabalho e às suas residências. Também a implantação dos CEUs, que foi uma revolução na Educação para o país, que até deve merecer uma atenção de todos os governos porque eles podem ser adaptados como experiência pedagógica única, e contribuíram inclusive para resolver os problemas da violência onde eles foram implantados. Tivemos também a participação popular através do Orçamento Participativo. Foi a materialização do 'modo petista de governar' no seu estágio mais acabado que nós já tivemos até hoje no Brasil. Eu considero que foi uma experiência revolucionária o governo Marta aqui em São Paulo. Pela manipulação da mídia, pela incompreensão de alguns setores, por preconceito de vários segmentos da classe média, a prefeita Marta não conseguiu se reeleger, mas eu tenho muita expectativa que a gente possa, em 2008, retomar essa experiência, inclusive recolocando na prefeitura a principal implementadora dessa experiência que foi a prefeita Marta.
BLOG – Então o senhor acha que a agora ministra Marta deve ser candidata à prefeitura em 2008?
RUI – Como ela tem dito, tem uma tarefa agora que é fazer esse ministério de uma forma muito boa, retribuindo a confiança do presidente Lula. Ela já dá demonstração de que o Ministério do Turismo está andando bem, já lançou essa campanha do Vote no Cristo – para ser incluída entre as Maravilhas do Mundo -, já está tendo propostas de turismo pros jovens, o financiamento do turismo pros idosos através de convênios com a Caixa, o cartão turismo. Então, em pouco menos de um mês ela já disse a que veio e acho que será uma grande ministra. A candidatura dela não está pleiteada por ela. A candidatura dela vai ser uma imposição do PT e da população de baixa renda de São Paulo que vai exigir essa candidatura em 2008. E o governo Kassab, até pelo que tem feito, maximiza a expectativa da volta dela. Um governo desastroso (o do Kassab), sem autonomia porque segue as ordens do governador, sem propostas, tentando destruir várias experiências do nosso período. Não fez nada pela saúde, o que fez foi chamar um dos usuários da saúde de 'vagabundo'. Agora, com a Lei Cidade Limpa pretende se viabilizar para ser candidato à reeleição. Eu acho que o candidato pra valer dos tucanos vai ser o Geraldo Alckmin e a nossa candidata pra valer deve ser a ex-prefeita Marta Suplicy.
BLOG – Se a disputa for entre ela e o Alckmin o senhor considera que a eleição será difícil?
RUI – Toda eleição em São Paulo é muito difícil. A população se divide, nós temos uma elite conservadora muito forte, a grande mídia costuma apoiar os candidatos mais conservadores, mas eu considero que a prefeita Marta – pelo que fez e pelo que os seus sucessores fizeram – é a favorita nessa disputa. Só que nós precisamos trabalhar, botar o PT em movimento, ter alianças fortes, principalmente através dos vereadores, precisamos estar muito fortalecidos nos setores populares para garantir a diferença.
(continua na próxima postagem).
Muito lúcida a visão do Rui Falcão, além das críticas que ele faz com precisão. Não é à toa que o PT tem quadros desse nível!
ResponderExcluirParabéns!
Abraço!
Armando
Será que o picolé terá mesmo a falta de vergonha na cara e se apresentar ao eleitor paulistano? Aí ele não será somente um picolé de chuchu, e sim um genuínio habitante da Ilha da Madeira - que me perdõem o trocadilho com habitantes de lugar tão aprazível...
ResponderExcluirA candidatura da Marta está posta e concordo com o senhor, deputado: ela não terá como não aceitar!
ResponderExcluirCláudio/ZN
É Marta de novo com a força do povo!
ResponderExcluirParabéns ao blog pelo nível da entrevista e o nível do entrevistado.
ResponderExcluirOlha, tomara que o PT e SP imponham mesmo a candidatura da Marta e que o Serra imponha a do Kassab,rsrsrs
ResponderExcluirNão disseram outro dia que o Alckmin queria voltar a ser professor? pois que fique numa dessas faculdades que ele ajudou enquanto foi governador com seu programas disso e daquilo...ridículo se sair candidato a prefeito da capital.
ResponderExcluirRui, parabéns pela postura coerente, companheiro!
ResponderExcluirque pena que você está na assembléia e não na Câmara dos deputados, embora não ter você na assembléia também deixasse uma lacuna...
ResponderExcluirse a Marta não quiser ser candidata o PT deve não ter outro nome, eu acho!
ResponderExcluirO Alckmin não está morto, o senhor bem ao dizer que ele será o candidato pra valer dos tucanos. Sorte da cidade que a Marta está mais viva do que nunca!
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