Um mês depois de um relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) denunciar os graves problemas que atingem as unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs), as únicas respostas da Prefeitura de São Paulo foram fazer propaganda no rádio, tevê e jornais e encomendar uma pesquisa ao Ibope. Os dados apresentados pela administração municipal contrariam o que disse o referido relatório e viraram "peça publicitária" no Diário Oficial de sábado passado (23).
O relatório do Cremesp foi entregue ao Ministério Público e aponta, dentre outros problemas graves que, curiosamente, não "influenciaram" na opinião colhida pela pesquisa encomendada pelo governo Serra/Kassab: em 30 das 47 AMAs (agora são 50) pesquisadas pelo Cremesp, a espera nas filas é de 69 minutos, quando a promessa era que fosse de até 30 minutos; ainda segundo Estadão, "o conselho colheu nas AMAs informação de que a espera de agenda nas UBSs é de, em média, 90 dias para clínica médica e 40 dias para pediatria. Em apenas 6,6% das AMAs é feito agendamento prévio nos postos de saúde quando preciso". O Conselho também colheu no relatório que "em 73% das AMAs o registro do atendimento dos pacientes está fora dos requisitos legais" - erros grosseiros ou até mesmo falta de prontuário. Além disso, faltam condições mínimas de limpeza nos ambientes, bem como banheiros e outros itens básicos.
"Nas AMAs, em cada dia a população é atendida por um médico diferente, não há prontuários, não há seguimento. É uma atenção de baixa qualidade", resumiu no Estadão o professor de-titular de Medicina Preventiva da Unicamp Gastão Wagner, um dos convidados a discutir o relatório junto com a Secretaria Municipal da Saúde, conforme noticiou o jornal no dia 22 de maio passado.
No dia 23 de maio - um dia depois de o jornal O Estado de S. Paulo publicar a reportagem sobre os dados colhidos pelo Cremesp nas AMAS -, a Secretaria de Saúde reconheceu que havia problemas e prometeu corrigí-los. O que se viu até agora, enfim, foi propaganda e a contratação dessa pesquisa que aponta uma estranha "satisfação" da população em relação às AMAs. A "nota média" para a qualidade dos serviços nessas unidades, segundo o Ibope, foi de 8,2, numa escala de 0 a 10.
Diante da disparidade entre o que disse a pesquisa e o que apurou o órgão fiscalizador dos médicos, cabe uma pergunta: esses pacientes que foram entrevistados pelo instituto eram realmente freqüentadores das AMAs ou o relatório do Cremesp foi feito em outros locais? Eis a dúvida e, na dúvida, não é difícil ficar do lado do Cremesp, que não fez o estudo com o objetivos publicitários.
Não é uma pesquisa desse ou daquele instituto que mudará a realidade que aí está. E no caso das AMAs, infelizmente, os usuários dos serviços de saúde municipais estão diante de excessiva publicidade e pouca eficiência.
Com a palavra, a Prefeitura!
Esse governo é propaganda pura ou pura propaganda? que dilema!
ResponderExcluirAbraço!
Armando
Manobrando o Kassab, o Serra vai fazendo uma dupla propaganda de si mesmo, o que impressiona é a imprensa não ver isso em SP!
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