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terça-feira, 19 de junho de 2007

A 'tucanização' do jornalismo da TV Cultura

Veja as frases abaixo, de próceres do tucanato, extraídas do portal do PSDB da seção Diário Tucano (informativo da Liderança do PSDB na Câmara dos Deputados e no Senado), do dia 15 de março de 2005:

"Quem paga a conta é o contribuinte, já que o governo Lula se vê obrigado a elevar os tributos para compensar o aumento de gastos" (De Alberto Goldman, atual vice-governador do Estado de São Paulo e ex-líder tucano na Câmara dos Deputados).

"Além disso, tivemos um crescimento de arrecadação que não foi usado para investimentos, mas para aumento das despesas com custeio" (Senador Eduardo Azeredo, PSDB-MG, ex-presidente nacional do partido).

"Na avaliação do deputado Bismarck Maia (CE), a gastança promovida pela Planalto é sinal do despreparo petista para governar".

Agora veja o que disse a jornalista Salete Lemos, apresentadora do Jornal da Cultura, na noite desta terça-feira, 19 de junho de 2007, ao comentar a notícia sobre "o maior superávit do setor público alcançado na história, desde que o Banco Central passou a medir esse indicador econômico, em 1991":

"O lado ruim dessa história é que o contribuinte paga a conta e não recebe nada em troca, além de corrupção, escândalos, excesso de gastos e nenhum investimento em melhorias para a vida de milhões de brasileiros".

No dia 2 de outubro de 2006 - em plena campanha eleitoral -, o historiador da USP João Paulo Streapco escreveu um artigo contundente no site Observatório da Imprensa criticando a 'guinada tucana' do jornalismo da TV Cultura.

No texto "Mataram" o bom jornalismo da Cultura, Streapco foi curto e direto: "Que saudades do professor Heródoto (Barbeiro) e do Celso (Zucatelli) nas noites da TV Cultura. Com postura crítica e independente, comandavam um jornal que nos permitia construir nossa opinião sobre os fatos divulgados, mesmo quando expressavam opiniões pessoais. Infelizmente, acabaram com o jornalismo sério da TV Cultura. No jornal da Cultura da segunda-feira, Alexandre Machado e Salete Lemos torceram por Geraldo Alckmin descaradamente, sem respeitar aqueles que assistiam ao programa e que buscavam informações que permitissem a escolha de um candidato (eu e meu pai, por exemplo)".

Para reforçar o seu descontentamento com os descaminhos do jornalismo da TV pública paulista, Streapco completou: "Este não é o único caso que me decepciona, mas é emblemático de como o tucanato tomou de assalto a programação da TV Cultura, que como um todo está muito ruim".

Voltando ao comentário de Salete Lemos, é lamentável que uma TV custeada com o dinheiro do contribuinte paulista seja usada para reverberar teses partidárias. É flagrante a semelhança entre o que disseram e dizem lideranças tucanas e o que disse a apresentadora do referido jornal. Isso demonstra uma partidarização de uma rede de TV que é do povo de São Paulo, mas que é usada cada vez mais para difundir idéias, opiniões e avaliações de um grupo partidário, neste caso o que se encontra no poder estadual há quase 13 anos.

Um comentário:

  1. Na realidade a TV Cultura segue a mesma linha da Globo e da Bandeirantes, ou seja, de fazer luta política sob as ordens de seus proprietários. No caso da Cultura, o proprietário é o governo tucano. Não dá para ficar bem informado vendo o jornalismo na TV.

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