A reportagem de capa de hoje (20) do jornal Diário de S. Paulo escancara o sucateamento do ensino público estadual promovido desde 1995 pelos tucanos e acentuado no atual. A partir de uma conduta errada de uma diretora de escola estadual de Sapopemba, na Zona Leste da Capital - que assumiu "cobrar" a taxa de R$ 1 para custear uma avaliação interna feita com os estudantes da unidade escolar -, pode-se facilmente detectar a gravidade do ensino paulista: não existe material de apoio para as escolas aplicarem uma pedagogia digna desse nome.
Por seu lado, o governador José Serra fez cara de surpresa e se disse "indignado" com a cobrança. Se não fosse jogo de cena de um governo que deixa as escolas a pão e água - literalmente -, a reação serrista faria sentido. É correto reprovar a atitude desta ou de qualquer escola ou unidade pública que cobre por serviços que já são custeados com os impostos do contribuinte.
O que o gesto do governador tenta escamotear - no estilo "vou processar" e "fazer a devolução do dinheiro" - é algo que é flagrante: o abandono das escolas, a falta de material pedagógico, de material de limpeza e de recursos mínimos para o funcionamento digno das escolas estaduais. Se a sociedade fosse processar o governo por não atender a esse itens seria condenação líquida e certa.
Ademais, vale um questionamento - que não exime a direção da unidade escolar da responsabilidade pelo ato em desacordo com a lei: se ficar provado que os recursos não estavam sendo desviados para o bolso da diretora, o que a atitude dela revela? Que as escolas não têm condições mínimas de funcionamento dentro de padrões aceitáveis em matéria de pedagogia. E mais: não se viu o governador falar que vai prover as escolas de papel e de outros produtos "básicos", inclusive para inibir eventuais práticas que possam existir noutras unidades.
Some-se a isso as escolas de "latão" do governo estadual, os salários de fome dos professores e dos funcionários de apoio e o resultado deságua no vergonhoso nível de "reprovação" das estaduais em sucessivos testes nacionais de avaliação.
É bom lembrar o velho ditado que diz: "Nem tudo o que parece, é".
Fica evidente que o Serra desconhece totalmente a realidade das escolas do seu estado. Ele devia, primeiro, conversar com a diretora daquela escola. Independente do que ela fez, os diretores do estado estão abandonados e não sabem o que fazer para conseguir qualquer recurso para poder fazer alguma coisa. O governo não manda nada e deixa as escola entregue à própria sorte. Agora, é fácil crucificar a diretora, mas o grande responsável é o governador Serra.
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