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terça-feira, 18 de setembro de 2007

2008: as apostas e os riscos de Kassab e Alckmin

Ontem postei aqui no blog uma matéria analisando alguns dos prováveis cenários das eleições de 2008 para a Prefeitura de São Paulo. Em relação ao PMDB eu escrevi: “O PMDB é uma incógnita: será que vem de nome próprio, como sempre fez, ou buscará um acordo com outra força?”.

Hoje o jornal Folha de S. Paulo publica uma matéria curiosa, porém interessante, pois as informações ali contidas nos levam, por um lado, a compreender o impasse vivido pelos tucanos e, por outro, a entender a movimentação dos quercistas.

Vamos a um trecho da matéria da Folha:

Líder das pesquisas pela prefeitura de São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin está flertando com o PMDB. Alckmin se reuniu domingo com o presidente estadual do partido, o ex-governador Orestes Quércia, a quem propôs aliança para 2008. Um acordo com o PMDB implodiria a tradicional composição do PSDB com o DEM.

Na conversa, Alckmin reproduziu o que dissera há 15 dias ao presidente municipal do PMDB, Bebeto Hadad: que deverá concorrer à prefeitura no ano que vem. A Quércia afirmou que será o candidato do partido se quiser. "Ele me disse que está bem com o Serra e que busca alianças", contou Quércia, afirmando que a intenção do PMDB é lançar candidato.

Alckmin disse que convidará Quércia para uma segunda conversa quando voltar de uma breve viagem. Há 15 dias, Hadad chegou a sugerir que Alckmin se filiasse ao PMDB e concorresse à prefeitura pela sigla. Como a época era de instabilidade no PSDB, Alckmin não teria descartado a idéia e pediu uma audiência com Quércia.

Ao receber Quércia, Alckmin fez questão de afirmar que vive um bom momento com o governador José Serra. Segundo tucanos, ele estaria disposto a oferecer a vice ao PMDB. "Alckmin disse que gostaria que caminhássemos juntos em 2008 e 2010", disse Hadad”.

O prefeito Gilberto Kassab trabalha firmemente para viabilizar a sua candidatura. Já levou o vereador Milton Leite, ex-presidente municipal do PMDB para o seu partido. Trabalha sutilmente uma composição eleitoral com o PTB. Para isso, conta com uma grande simpatia da maioria dos vereadores petebistas no legislativo paulistano. O prefeito tem a expectativa de chegar em janeiro de 2008 com mais de 20% nas pesquisas eleitorais - o que tornaria sua candidatura irreversível e colocaria os tucanos em uma situação difícil: como justificar a retirada de Kassab da disputa com este percentual? Até porque a composição do governo municipal é tucana - 90% dos secretários foram indicados pelo Serra.

A estratégia de Kassab é se consolidar sem dizer que é candidato e envolver o máximo que puder de parcela do PSDB e o Serra. É esta estratégia que justifica essa frase que ele repete muito nos últimos dias: “Na hora certa o Serra vai decidir”. É claro que o prefeito está apostando em uma jogada de alto risco. Porém, quem não quiser arriscar não deve fazer política. Enganam-se aqueles que acham que Kassab é carta fora do baralho; ele tem rumo e está seguro na sua estratégia.

É entendendo melhor o caminho traçado pelo atual prefeito que se entende também a movimentação do ex-governador Alckmin. A depender dele, será candidato em qualquer hipótese, mesmo sem o apoio do DEM e até mesmo disputando com o próprio Kassab. É esta sua decisão que justifica o seu movimento em direção ao PMDB. Falta combinar com o Serra, pois ele pode não ter maioria no PSDB para tornar-se candidato.

Outro elemento importante desta disputa, apesar da distância, será o processo eleitoral de 2010. Caso o Kassab venha a ser "vetado" pelos tucanos para a disputa de 2008, qual será a reação do seu partido (DEM)? Como fica a histórica aliança entre PSDB e o DEM com vistas às eleições presidenciais? Como o atual governador tem os seus olhares voltados para 2010, estes e outros elementos vão pesar "na hora certa", como diz o prefeito, do Serra decidir.

Um comentário:

  1. Independente das candidaturas, precisamos retomar o processo administrativo que foi parado com a derrota da ex-Prefeita Marta, pois como funcionário da Prefeitura não aquento mais a falta de investimneto na Educação.

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