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domingo, 9 de setembro de 2007

Peleguismo ressurgente

O jornal O Estado de São Paulo traz hoje em seu Editorial uma análise do sindicalismo brasileiro muito interessante. Sugiro que todos os sindicalistas, especialmente os meus amigos e companheiros da CUT o leiam com bastante atenção. Espero que façam uma leitura crítica, porém, com uma dosagem bastante acentuada de autocrítica. Aliás, autocrítica é o que mais está faltando para movimento sindical no Brasil.

Particularmente, tenho bastante concordância com que está escrito no Editorial. Os sindicatos precisam representar mais os interesses dos trabalhadores, é deles que devem depender para se tornarem mais fortes e consequentemente mais independentes.

"O que mais marcou a trajetória do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a se transformar em liderança política nacional no começo dos anos 1980 - especialmente depois de famosa entrevista no programa Vox Populi da TV Cultura -, foi, de um lado, sua independência em relação aos partidos de esquerda (especialmente o Partidão, como chamavam o Partido Comunista Brasileiro - PCB) que exerciam forte influência sobre os principais sindicatos obreiros do País, e, de outro lado, sua disposição de não obedecer à cartilha da atrelagem - política, financeira e burocrática - ao Estado, fugindo assim aos rançosos padrões do velho peleguismo getulista, que transacionava reivindicações de trabalhadores com favores de governo.

Desde então Lula e seus seguidores - mais tarde fundadores do Partido dos Trabalhadores - deram nova feição ao sindicalismo brasileiro, libertando-o dos vícios crônicos que herdara do estadonovismo. Mas parece que, com o decorrer do tempo - e a formidável expansão da carreira política do ex-líder metalúrgico de São Bernardo -, certos princípios foram entrando no limbo da acomodação, quando não inteiramente esquecidos. Por onde andará, por exemplo, o projeto que tinha Luiz Inácio Lula da Silva de acabar com o Imposto Sindical? Em lugar disso o presidente Lula se dispõe a criar - ou fortalecer - conexões do sindicalismo com o Estado, propiciando a pior das dependências para as entidades de classe, a saber, a que as faz sobreviver com recursos públicos, generosamente distribuídos pelo governo. É o peleguismo que ressurge pelas mãos de quem surgiu na vida pública como seu exterminador." Leia mais

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