Em artigo publicado hoje no Jornal do Brasil, o ex-ministro José Dirceu analisa o 3º Congresso Nacional do PT encerrado no último domingo. Veja os principais trechos do artigo de Dirceu.
O PT e seu terceiro congresso
"A realização do 3º Congresso do PT, com participação massiva de seus filiados, que elegeram mais de 900 delegados em todo país, mostrou seu vigor no debate da pauta política e de medidas para o fortalecimento de instâncias internas. As diferentes correntes de opinião do partido, que se reuniram em torno de teses, mostraram maturidade ao pactuarem propostas comuns que, aprovadas, construíram a nova agenda do partido. O PT sai do 3º Congresso fortalecido, depois de viver a crise do caixa 2 de 2005, transformada pela oposição no famoso mensalão. Uma crise que expôs erros, desvios de conduta e fragilidades, mas que não desconstruiu o partido, como apostou a oposição e parte da mídia, assim como não conseguiu desestabilizar o governo Lula ou impedir sua reeleição.
Por isso mesmo, os resultados do 3º Congresso não podem ser ignorados. Afinal, trata-se do maior partido do país, do partido do presidente da República, com muitos serviços prestados ao Brasil na luta contra a ditadura e pela democracia, na campanha das Diretas, na Constituinte, no impeachment de Collor, e nas principais conquistas sociais e políticas das últimas décadas. A realização do 3º Congresso fortalece nossa democracia, cada vez mais elitista e viciada pelo poder econômico e pela influência da mídia. Que não só toma abertamente partido, como procura conduzir os fatos, criar crises políticas e controlar a agenda do país.
Chamo a atenção para o que foi aprovado no encontro. Além dos pontos da reforma política e da convocação de uma Assembléia Constituinte unicameral e exclusiva para sua implantação, a ser eleita em 2010, o Congresso não teve medo de aprovar a descriminalização do aborto; a democratização dos meios de comunicação, com sua regulação com concorrência; a prioridade para uma política nacional para a juventude, com a aprovação, pelo Congresso Nacional, do Estatuto da Juventude e do Plano Nacional da Juventude. E, sobre este último ponto, decidiu-se convocar um congresso da juventude do PT, para impulsionar uma política do partido em defesa da unificação das ações do governo Lula voltadas aos jovens.
O PT reafirmou seu apoio ao governo do presidente Lula, mas exige aprofundamento das mudanças e reformas; e decidiu que apresentará um nome para a candidatura em 2010. Essa decisão expressa a vontade de dar continuidade ao projeto político que levou Lula à Presidência, e não a mensagem de que o candidato tem que ser do PT. Deve ser lida como um compromisso com a coalizão e com um programa que sustente a retomada do projeto de desenvolvimento nacional e o avanço das reformas e mudanças iniciadas por Lula no primeiro mandato, e que estão sendo consolidadas agora".
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