No terreiro do Serra

Do jornal Folha de S. Paulo, hoje (4):

"O governador Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniu ontem à noite com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e com o ex-ministro Delfim Netto, em São Paulo. Esse foi o primeiro encontro de Aécio, cotado para disputar a Presidência em 2010, com representantes de outros partidos.

Apesar dos rumores, o tucano negou que a reunião fosse para acertar uma troca de legenda. "Estou me movendo para um projeto para um país. Projeto de candidaturas o Brasil tem de sobra. Queremos um com propostas claras. Sempre serei uma peça pronta para essas discussões independentemente do meu projeto pessoal."

Temer, por sua vez, disse que, mesmo se Aécio permanecer no PSDB, o PMDB poderia apoiar uma eventual candidatura dele para a Presidência. "Se o Aécio conversa com o PSB e PT em Minas Gerais, por que não pode conversar com o PMDB?", questionou.
Aécio defendeu ainda que Temer, que já presidiu a Câmara por duas vezes, retome o posto no futuro".

Comentário: O governador mineiro, sem pedir licença a nenhum cacique do PSDB e muito menos ao Serra, veio a São Paulo para uma reunião com o presidente nacional do PMDB Michel Temer. Na política, símbolos e gestos, às vezes, valem mais do que muitas palavras. Considero significativo o Aécio ter escolhido como palco do encontro o Estado de São Paulo, terra do seu potencial adversário dentro do PSDB, José Serra. Pelo jeito, ele abandonou de vez o velho estilo mineiro - sempre contemplador - e, de forma mais agressiva, busca impedir que o seu adversário interno ganhe por W.O. - como planejavam alguns serristas.

Esta é a terceira incursão do governador mineiro em território paulista. A primeira foi quando, de forma explícita, declarou apoio ao ex-governador Geraldo Alckmin para disputar a Prefeitura de São Paulo - contrariando diretamente os interesses do Serra aqui na capital. A segunda foi a sua participação direta na derrota do candidato serrista à Liderança da bancada federal tucana.

Tudo indica que o governador está ganhando terreno em suas investidas com vistas a 2010. Se tomarmos como referência os seus movimentos recentes, ele não vai precisar sair do PSDB, como preconizam alguns para tornar-se candidato em 2010. Todavia, essa corrida não é de 100 metros, pelo contrário, trata-se de uma maratona. Nesse caso, nem sempre aqueles que saem na frente alcançam a vitória.