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segunda-feira, 26 de março de 2007

Parece que foi combinado...

Ao voltar ao Brasil depois de uma pausa no aprendizado de inglês que faz nos Estados Unidos, o ex-governador e candidato tucano derrotado nas eleições presidenciais de 2006, Geraldo Alckmin, deu duas longas entrevistas aos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (26).

O conteúdo "oco", no geral, deu a entender que se tratou de algo combinado, já que o carrossel de problemas, de acusações e de investigações que cercam o ex-governador foi deixado ao largo em todas as perguntas. Foi tudo ao gosto do freguês, como os tucanos adoram quando são entrevistados.

Ele falou à vontade sobre o "papel da oposição ao governo Lula", chamou o governo do PT de "autoritário", fantasiou sobre ter resolvido os graves - e a cada dia mais graves - problemas da Segurança Pública em São Paulo e insinuou uma candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2008 (na Folha); no Estadão, Alckmin falou praticamente sobre os mesmos temas, ficando mais à vontade até para fazer uma piada ao dizer que "O PSDB precisa voltar a seu manifesto, a amassar barro, estar perto dos movimentos populares". Realmente isso ficou muito engraçado, para dizer o mínimo. De onde ele tirou essa história que tucano "amassa barro?". Nem nas regiões centrais das cidades onde são governo.

O QUE FALTOU - Na verdade, as entrevistas de Alckmin à Folha e ao Estadão ficaram com diversas lacunas. Eis algumas:

- Os ataques do Serra: ninguém questionou o "bom moço" sobre o que o governador Serra vem levantando da gestão anterior, tais como suspeitas de superfaturamento em contratos, contratação de obras sem licitação, contratos suspeitos com ONGs de amigos, existência de funcionários fantasmas, os problemas que levaram ao grave acidente no Metrô, a redução do programa Escola da Família, dentre outros;

- Oposição - Ao falar de oposição, Alckmin esqueceu do principal opositor que é o Serra hoje no governo do Estado. O governador está fazendo de tudo para eliminar a virtual candidatura Alckmin à Prefeitura em 2008, pois sua base de apoio na Assembléia exige o compromisso de apoiar a reeleição do prefeito Kassab;

- Malabarista - Os jornais também não perguntaram sobre o malabarismo pretendido por Alckmin, já que ele foi "contratado" como professor por duas faculdades paulistas e ainda diz que vai percorrer o país "para agradecer a votação" que obteve. Quem vai financiar esse passeio do tucano? Perguntas básicas.

- Fracasso educacional e Saúde - Por fim, outros dois assuntos praticamente foram deixados de lado: o fracasso educacional tucano em 12 anos (a Folha tocou timidamente no tema) e o caos na Saúde Pública paulista. Isso sem falar no enterro das CPIs, no mensalinho da Nossa Caixa para os deputados da base governista, dos problemas na CDHU, do Rodoanel, do projeto da Calha do Tietê...

No geral, as entrevistas trazem a fala de um político que o país quis ver longe da administração pública, cuja passagem pelo governo está sob investigação e, portanto, não tem credibilidade. Diante disso, só resta o jogo combinado da entrevista "sob a condição" de não ser incomodado.

5 comentários:

  1. Não espero mais nenhuma postura decente desses dois jornais. Por outro lado, sabemos que quem lê esses jornais, é a classe média, que gosta de ser enganada!

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  2. Na entrevista da Folha estão lá perguntas sobre o acidente do metrô, o fracasso da educação e o pente-fino de serra nos contratos do governo... Por que o blog que é tão bom mente?

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  3. Caro anônimo...
    o blog do João Antonio não mente, só faz constatações. Quem mente é a Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo e o Alckmin quando dá entrevistas. Se você não percebeu ainda, cuidado, pois está sendo enganado!

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  4. Ao leitor que se assina "Anônimo": o blog é um espaço democrático e, como você percebeu, toda crítica no campo político (como a sua) será prontamente publicada. É tão democrático que mesmo você não usando seu nome verdadeiro teve seu comentário aqui publicado. Na verdade, suas observações não refletem o que foi publicado, pois o que foi dito é que os jornais foram "superficiais" nos temas mais importantes, além de não terem tocado em outros também de grande importância - como alguns que citei no texto. No mais, agradeço a leitura do blog e espero que continue nos enviando outros comentários, preferencialmente usando seu nome verdadeiro, o que ficaria melhor para ampliarmos o nível do debate no campo político. Um abraço e obrigado.

    MODERADOR

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  5. Amassar barro? perto de movimentos populares? Não me parece que as entrevistas foram "combinadas", mas também os discursos. Esse não foi o discurso usado por integrantes do extinto PFL ao lançar o novo nome do partido? Democratas?
    Desculpem, mas acredito que não é moda, ou ação terapeutica amassar barro. Por isso, acredito que seja totalmente impossível esse gesto mais próximo do povo.

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