Do Jornal Folha de São Paulo hoje (18)
"O centro expandido de São Paulo, que reúne os bairros de maior poder aquisitivo, perdeu 441 mil habitantes de 1996 a 2007, enquanto as extremidades pobres ganharam 1,23 milhão. Segundo especialistas, os pobres buscaram moradia mais barata. Já os ricos migraram para condomínios em busca de segurança. O fenômeno preocupa os urbanistas, que o chamam de "crescimento espraiado".
A psicóloga Elaine Martins, 43, cansou da vida na rua Cardoso de Almeida, coração do bairro de Perdizes, centro expandido de São Paulo. Depois de 12 anos de barulho da vizinha PUC, mudou-se com o marido e a mãe para uma casa no campo, num condomínio em Aldeia da Serra (Grande SP).
No outro lado da cidade, o porteiro José Orlando Inocêncio, 47, trocou o Jabaquara (zona sul) pelo distrito de Anhangüera (zona norte), na extrema periferia da capital. Ali, vive de aluguel enquanto constrói a primeira casa própria. Com ele vão viver mais seis pessoas, entre mulher e filhos.
A vida de Martins e de Inocêncio não se cruzam, mas são os retratos que indicam caminhos opostos do desenvolvimento da cidade de São Paulo nos últimos anos.
Levantamento da Folha com base em dados da Fundação Seade e do IBGE revelam duas tendências da cidade. Enquanto o centro expandido perde população suficiente para compor uma cidade do porte de Santos, a periferia incha o equivalente a Guarulhos.
Segundo o Seade, entre 1996, o primeiro ano com números disponíveis, e 2007, a base mais recente, o centro expandido, que abrange os bairros de alto poder aquisitivo, como Moema, perdeu 441 mil pessoas.
Nesse mesmo período, os extremos de São Paulo, onde estão as regiões mais pobres, como o Grajaú, ganharam cerca de 1,23 milhão de moradores".
Comentário: O Plano Diretor aprovado na legislatura passada prevê a revitalização das degradadas áreas centrais para o conseqüente repovoamento destas regiões, dando-lhes vida nova. Por outro lado, inclui a periferia no planejamento estratégico da cidade, estabelece novos padrões de adensamento para todas regiões e tem como centro de suas preocupações a qualidade de vida - impedindo que a lógica do mercado imobiliário continue imperando e provocando o crescimento desordenado de São Paulo.
Infelizmente, a atual administração nada fez para fazer valer as regras estabelecidas pelo o Plano Diretor vigente. São Paulo continua à mercê dos interesses imobiliários.
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