O ex-ministro Ciro Gomes concedeu uma entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo de hoje (16) onde ele fala de suas pretensões futuras de ser candidato em 2010 na sucessão do presidente Lula. É uma longa entrevista, quase uma página do jornal. Leia aqui.
Para não fugir de suas características, o ex-ministro, hoje deputado federal, sempre com sua língua bem afiada, tece críticas e elogios ao governo federal. Até aí, não vejo nada demais nas críticas. Governos - independente de sua matriz ideológica – estão sujeitos a críticas e quando feitas com seriedade são sempre positivas e ajudam a corrigir rotas, às vezes necessárias, porém de difícil percepção por parte daqueles que se encastelam no poder e se distanciam da realidade.
O deputado comete um grave erro ao precipitar o debate sobre a sucessão do presidente Lula. Não que ele não tenha esse direito, mas não é próprio para alguém que se diz um estadista. Caso o deputado queira mesmo contribuir com o futuro do Brasil precisa deixar esse debate para a hora certa - precipitá-lo é prestar um desserviço à nação. Vi na entrevista do ex-ministro uma certa ansiedade, um jeito afobado de tentar se colocar como uma das alternativas possíveis.
O que o deputado Ciro Gomes está querendo dizer quando afirma, na entrevista, “Eu não aceito ser vetado?” Ninguém desconhece a sua legitimidade de postular-se pré-candidato. Pelo contrário: além de legítimo, o nosso ordenamento jurídico lhe confere esse direito. O que ele não pode confundir ou concluir é que vai haver uma espécie de “direito natural”, e qualquer outra alternativa que não passe por considerar o seu nome signifique um “veto”.
Vejo um viés autoritário no comportamento do ex-ministro e esse diagnóstico vai se confirmando quando ele em sua entrevista diz: “A marcha do contra-senso tem um símbolo, que foi a forma como se tangeu a eleição para a presidência da Câmara (com dois candidatos da base aliada: Arlindo Chinaglia, do PT, e Aldo Rebelo, do PC do B)...”. Quem disse que o Aldo Rebelo era o candidato natural à presidência da Câmara? O PT, que foi o partido mais votado nas eleições passadas, não tinha o direito de pleitear o referido cargo?
O que o ex-ministro quer dizer com a marcha do contra-senso? Por acaso ele está afirmando que o PT não tem legitimidade para pleitear a sucessão do presidente Lula? Ou está presumindo que o bom senso pertence somente àqueles que o apóiam?
De fato, o que dá para inferir de alguns trechos da entrevista é que o ministro só vê um caminho para o debate sucessório de 2010: ele. Veja o final de sua entrevista quando perguntado: "O sr. será candidato com ou sem o apoio de Lula? Enfrentaria o PT?" Resposta: “Se tenho coragem de mamar até em onça, quanto mais de cumprir uma missão que eu considere relevante...”.
No meu entender, tudo está em aberto no que diz respeito a 2010. Vou trabalhar no PT para que possamos viabilizar um nome do partido para a disputa. Porém, não descarto a possibilidade de uma candidatura de outra força política da base de sustentação do governo Lula. Na política, a pressa às vezes trabalha contra as pretensões. Se eu tivesse na condição de conselheiro do ex-ministro eu repetiria o sábio ditado: "Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!".
Não vejo nenhuma razão para que o PT não tenha um candidato, ou candidata, para disputar a presidência, nas próximas eleições. Aliás, seria um contra senso, um partido que tem a presidência, uma grande bancada e mais ainda, um projeto político de inversão da pirâmide social, não ter um candidato para trabalhar essa proposta. Porque não conheço aliado que assuma uma luta que é nossa!
ResponderExcluirPor sugetsão do blog, li toda entrevista. Alguns assuntos achei interessantes, tem muita baboseira pelo o meio.
ResponderExcluirEsse é estilo Ciro!
O Ciro tá certo. Os petistas se acham os únicos donos da verdade. 2010 tem de ter algo novo para arejar a nossa política
ResponderExcluirAdelmo, o senhor gostou do algo novo que sucedeu o Governo da Marta Suplicy? Política é coisa séria.
ResponderExcluirNa campanha o Serra dizia que iria continuar com o que a Marta de bom tinha feito. CONTINUOU? O senhor deve ter votado no intelectual Clodovil. No mínimo.
Henrique - São Paulo
É Ciro, se você estiver esperando a bênção do Lula vai morrer pagão.
ResponderExcluirAcho que você quer é voltar a trabalhar com o PSDB.
Há, a estrela do Lula é a do PT.
Henrique - São Paulo