Enquanto isso, TV Cultura ignora crise na Alesp

Chega a ser vergonhoso o direcionamento político-partidário que o jornalismo da TV Cultura tem adotado no atual governo. Uma crise política se instala desde o início da semana na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e a Cultura esconde o assunto dos seus telespectadores. Hoje foi mais um dia em que os jornais deram continuidade à polêmica que cerca o líder do PSDB na Alesp, deputado Mauro Bragato, acusado de receber propina de empreiteiras investigadas em fraudes na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Na Cultura, assunto fora da pauta.

O próprio Bragato foi Secretário da Habitação no governo Geraldo Alckmin e recebeu doações, na campanha eleitoral de 2006, de uma das empresas sob suspeita em mais esse escândalo que envolve a empresa no Estado. Para fazer de conta que não toma partido no caso, a emissora governamental sequer tocou no "ato de desagravo" que os tucanos preparam em favor do líder do PSDB na Assembléia. E, claro, faz de conta que não chegou ao seu conhecimento o ato da oposição a Serra, programado para amanhã na própria Assembléia Legislativa.

Mais proteção - Na região de Piracicaba, outros dois tucanos também não apareceram até agora no noticiário da TV do governo paulista - o ex-ministro da Saúde e atual prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (que sucedeu o atual governador no Ministério da Saúde) e o irmão dele, Arnaldo Negri, superintendente regional da CDHU. Ambos são investigados por denúncias envolvendo as fraudes na companhia, com a participação de empreiteiras também ligadas a tucanos.

Por sua vez, quem assistiu ao Jornal da Cultura desta noite de quarta-feira (4), viu o claro direcionamento do noticiário, que falou sobre "crise aérea", "apagão", governo Lula x Chávez e outros assuntos corriqueiros - com destaque para a "crise no Senado" - onde um senador renunciou e o presidente da Casa continua sob investigação. Em São Paulo, pelo visto, está "tudo sob controle".