Voltando ao teor do editorial do Estadão, a análise que o jornal faz é sempre comedida, fustigando de leve e indiretamente a ex-secretária de Mário Covas e Geraldo Alckmin, Rose Neubauer, ao falar que "outros (secretários) perderam tempo e recursos com medidas pontuais e com políticas equivocadas, como a adoção do regime de progressão continuada, que substituiu a avaliação anual pela avaliação por ciclos de quatro anos. Na prática, esta política levou à aprovação automática, sem preparar os alunos para o ensino médio".
Em seguida, o jornal emenda de forma "elegante" um parágrafo para descrever o que todo mundo sabe representar o lado cru da vida escolar em São Paulo: "É por esse motivo que o nível médio de rendimento dos estudantes da rede pública paulista caiu proporcionalmente muito mais do que no resto do País, conforme foi evidenciado pelas últimas avaliações realizadas pelo MEC, como o Saeb e o Enem. Na Prova Brasil de 2006, que avalia o ensino fundamental em 27 Estados, os estudantes dos colégios estaduais paulistas ficaram em 5º lugar em português e em 8º em matemática".
É verdade que é por essse motivo, mas não se pode negar que há outros que o editoral - pelo claro alinhamento com o governo tucano - não pode e prefere não citar. Pode-se destacar alguns motivos a mais que levaram a educação estadual paulista aos níveis mais vergonhosos de que se tem notícia até hoje:
1 - Fechamento de Escolas - O famigerado "processo de reestruturação educacional" implementado por Rose Neubauer e pelo atual secretário de Comunicação de Serra, Hubert Alquéres, fechou dezenas de escolas em todo o Estado, levando caos ao sistema e demissão de 40 mil professores - algo sem precedentes;
2 - Arrocho Salarial - Permanece até hoje a política de arrocho salarial tucana, que é aplicada de forma "democrática" a todas as categorias do funcionalismo público estadual. A propósito de salário, a nova secretária já andou adiantando que não trará novidades- e nem poderia, pois também veio do governo Geraldo Alckmin. A "novidade" é continuar com a política de "gratificações";
3 - Aprovação ("empurração") automática - Já falada no editorial, mas de modo tímido. Na realidade, foi a mais ousada política de aprovação em massa que ficará por décadas produzindo efeitos nefastos na educação e nos que foram "premiados" com a "boa intenção" dos sucessivos governos tucanos de esvaziar as salas de aula a todo custo. A multiplicação do analfabetismo funcional será uma praga tucana que corroerá gerações inteiras em São Paulo, cujos efeitos já se sente na atualidade.
4 - Infra-Estrutura - Por fim - para ficar só nessas considerações -, o problema de infra-estrutura gritante das escolas estaduais que hoje abrigam estudantes, professores, diretores e funcionários de modo precário, sem o mínimo de segurança, sem material de apoio ou pedagógico. Algumas escolas viraram verdadeiros "cadeiões" por causa do risco oferecido à comunidade escolar - e o governo faz de conta que "reformula e melhora o ensino".
Nem mesmo uma ação de marketing demorada fará alguém acreditar que São Paulo ainda tem um sistema educacional digno desse nome - a expressão literal é mesmo de "terra arrasada" por onde pisam os tucanos na administração educacional há 12 anos. Esta, infelizmente, é a realidade nua e crua que nem um, dois ou dez editoriais ou mesmo um jornal inteiro conseguirão reverter "dourando a pílula".
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