Primeiro de Maio, festa da comunicabilidade
Dos que fazendo tudo não tinham nada,
Dos que trabalhavam sob bárbara impiedade,
Dos horários de sol a sol e magra soldada.
Primeiro de Maio, festa da Liberdade,
Do povo que vivia acorrentado,
Dia da lembrança, da audácia, da heroicidade,
Que teve os seus primórdios em Chicago.
Mas o nosso antigo Primeiro de Maio era festejado
Pelo povo, ano a ano, em cada dia,
Que, só assim, o comemorava, vingado,
Que o povo, num só dia, não podia
Dar-lhe alto relevo sem ser incomodado.
Que as "Altas Esferas" doutros tempos,
Receando, da repressão, a consequência,
Desconfiando do povo, dos seus intentos,
Desconfiando da duvidosa obediência,
Suprimindo, evitavam os contratempos.
Agora o nosso Primeiro de Maio é festejado
Pelo povo alegre, solto, descontraído,
Mas já não é "deliciosamente"embaraçado,
Perdeu-se-lhe o sabor do fruto proibido,
Aliviou-se-lhe o temor do grito sufocado.
Por isso, o Primeiro de Maio contraído,
Nunca entrará no nosso esquecimento,
Ficará como um sonho de amor nunca vivido,
Como um desejo de humano sentimento,
Como um filho que se perdeu sem ter morrido.
ZILDA CANDEIAS VARANDAS
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