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terça-feira, 1 de maio de 2007

Lixo: os casos de São Paulo e da Itália

A Prefeitura de São Paulo assiste passivamente ao agravamento da crise do lixo na cidade. Em seis meses, o aterro sanitário São João - que recebe 6,5 mil toneladas de lixo por dia - deverá ter sua capacidade esgotada e até agora não se tem uma ação sequer da administração que aponte uma saída para o impasse.

Os tais "planejamento e gestão pública" dos tucanos e seus substitutos resultaram numa situação dramática em toda a cidade. No afã de 'fazer caixa' para mostrar um suposto 'controle das contas públicas', o ex-prefeito José Serra e seu sucessor simplesmente abandonaram todos os programas e projetos da administração Marta Suplicy que equacionavam o problema. Também foram abandonadas a reciclagem e a coleta seletiva - ações aprovadas por todos os paulistanos.

O resultado dessa política desastrosa é que São Paulo está numa encruzilhada que deve custar caro aos cofres públicos e ao meio ambiente. A conta logo será apresentada aos contribuintes caso a administração Kassab continue de braços cruzados. Veja a situação da Itália, que é um país com graves problemas na mesma área justamente por falta de planejamento e de ações efetivas.

O CASO ITALIANO - A propósito de crise do lixo, o jornal francês Le Monde publica hoje (1º) uma matéria especial sobre o problema, que também atinge aquele país europeu. Leia alguns trechos da matéria abaixo e veja se há alguma semelhança entre os dois casos:

A Itália sob a ameaça de uma catástrofe ecológica por causa da sua má gestão do lixo

O atraso em matéria de seleção e de reciclagem do entulho ameaça gravemente a saúde e o meio-ambiente

Jean-Jacques Bozonnet - Correspondente em Roma

"A Itália está sendo chamada a colocar ordem o quanto antes na gestão do seu lixo. Tal é o sentido da decisão que foi pronunciada na quinta-feira, 26 de abril, pela Corte Européia de Justiça. Os juízes de Luxemburgo deram razão à Comissão Européia, que havia ajuizado em 2003 um processo por infração contra a Itália pelo não-respeito de três diretrizes relativas à colheita e ao tratamento do lixo.

A instância judiciária européia rejeitou o recurso que havia sido impetrado pelo governo italiano, estimando que "a pertinência das carências que foram atribuídas à República italiana ressalta claramente do dossiê". Para a Corte, "é incontestável o fato que havia, no território italiano (no momento do ajuizamento do processo por Bruxelas), um número considerável de depósitos de entulho cujos responsáveis não haviam garantido a reciclagem ou o enterramento do lixo, de maneira a não pôr em perigo a saúde do homem e do meio-ambiente".

Assim com a Comissão, os juízes europeus baseiam-se nas estatísticas do Corpo Florestal estatal italiano: 4.866 depósitos ilegais haviam sido recenseados em 2002 na Península, dos quais 705 continham resíduos perigosos, mantidos ali sem nenhum controle.

Nada foi feito para remediar ao problema antes de 16 de julho de 2002, ao contrário das recomendações feitas pela Comissão. Daí o processo por infração que foi aberto naquela época contra Roma. Com esta decisão da Corte de Justiça, a Itália está exposta a um novo processo que, desta vez, deverá resultar em penalidades financeiras.

Nesse meio-tempo, a situação está longe de ter melhorado. A operação "Emergência lixo" voltou a vigorar na Campânia, a região de Nápoles, que é a mais atingida pelo fenômeno dos depósitos clandestinos de entulho urbano e industrial, a maioria dos quais é controlada pelo crime organizado.

O atraso italiano em matéria de seleção do entulho e de implantação de sistemas de reciclagem diz respeito a um grande número de regiões, principalmente no Sul (Sicília, Calábria, Puglia, etc.), onde a gestão do lixo se encontra há vários anos sob administração especial.

Trata-se de uma situação de entupimento e de poluição que a região de Roma está começando a temer: "As imagens da Campânia, que mostram montanhas de entulho à beira das estradas ou em depósitos temporários, podem se tornar uma realidade a curto prazo no Lazio", declarou, na sexta-feira, 27 de abril, Primo Mastrantoni, um dirigente da Associação para os direitos dos usuários e dos consumidores".

Assinante da Folha/UOL lê a matéria completa aqui.

Um comentário:

  1. "Dando de ombros para o que Eliane Cantanhêde escreve na Folha"

    Cai na besteira de ler a Folha de São Paulo neste 1º de maio de 2007. Cai na besteira de ler Eliane Cantanhêde que assina o artigo rancoroso intitulado “Dando de ombros”. Mete o pau no Congresso Nacional, mete o pau no Judiciário, com base nos escândalos que todos conhecemos. Afirma que é com este clima de descrença nas instituições que vai começar a CPI do Apagão. Não fala nada da descrença na mídia. No final, claro, mete o pau no presidente Lula, no PAC, e termina por saudar a “grandeza” de “seu” Frias, cuja empresa lhe paga o seu régio salário.

    Há tempos que deixei de dar importância ao que escreve Eliane Cantanhêde. Eu dou de ombros para o que Eliane escreve, principalmente quando soube que é casada com o publicitário Gilnei Rampazzo, um dos donos da GW, a produtora que cuidou das últimas campanhas de Geraldo Alckmin e José Serra. Gilnei Rampazzo é sócio de Luiz Gonzales, o marqueteiro escolhido pelo PSDB para coordenar a campanha presidencial de Geraldo Alckmin.

    Eliane Cantanhêde não tem condições morais de criticar o presidente Lula. Não tem independência necessária. Escreve por fidelidade a seu patrão – o Frias atual – e em apoio aos negócios do marido. Dou de ombros para o que Eliane Cantanhêde escreve.

    Alexsandro de Almeida (Dudu)

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