O ex-ministro Delfim Netto, no jornal “Valor Econômico” de 16/10, comentou o resultado do leilão nos seguintes termos: “Merece, certamente, uma reflexão mais profunda o fato de os grandes grupos nacionais, com enorme experiência em construção e administração, terem feito propostas que, queiramos ou não, gostemos ou não, colocam numa ‘saia justa’ e ajudam a levantar suspeitas sobre a ‘qualidade’ das concessões anteriores, a começar, aliás, pelos números da ANTT para o último leilão. É certo que as condições do Brasil eram outras, que os riscos eram outros, mas não é menos certo que os diferenciais de custo de pedágio por quilômetro (que pode chegar a seis vezes) precisam ser esclarecidos. O simples apelo ao diferencial da ‘qualidade’ dos serviços (que provavelmente existe) não vai acalmar os ânimos dos que têm reclamado, inclusive o governo”.
Quem (como é o meu caso) criticou várias vezes a demora em colocar na rua as concessões (esperamos desde 1996), na suposição que ela era devida menos a dificuldades técnicas (decidir se recuperar o valor da estrada ou o menor pedágio) e mais um viés ideológico (a fobia às privatizações dos petistas jurássicos), tem que reconhecer que demorou, mas saiu bem feito. E, mais, que a segunda hipótese era felizmente equivocada. Teve toda a razão o presidente Lula, quando comemorou o resultado como ‘espetacular’. Primeiro para seu próprio governo, e segundo, para o bem do Brasil. Agora já não há mais dúvida: quando projetados com inteligência e executados com transparência, os leilões são uma forma eficaz e segura de transferir para o setor privado o que ele pode fazer melhor e, ao mesmo tempo, proteger o consumidor”.
O ex-ministro Delfim Netto, neste texto deu uma lição de humildade. Fez uma autocrítica, sem medo e sem mácula, sem abrir mão de continuar a exercer seu direito de pensar criticamente. Outros poderiam seguir seu exemplo. Mas nem todos fazem isso.
Já é tempo dos tucanos aqui de São Paulo fazerem autocrítica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário