Este edifício do lado esquerdo, com detalhes na primeira foto do lado direito, abaixo (clique para ampliar), é um dos mais conhecidos de São Paulo. Tão conhecido quanto o Edifício Copan, o Edifício Itália, o Martinelli e o Conjunto Nacional. É uma referência. Ou, talvez, uma "anti-referência". Chama-se Edifício São Vito e é o mais perfeito emblema da deterioração da cidade. Ou, pelo menos do centro.
Construído em 1959, ao lado do Parque D. Pedro II, tem 25 andares, com 624 apartamentos e chegou a abrigar três mil moradores. Seguiu o inexorável caminho da ruína da metrópole, até se transformar numa favela vertical, ocupado inclusive por traficantes. É o equivalente dos morros do Rio; nem a polícia entrava.
Em 2004, um projeto de revitalização do centro cogitou recuperá-lo e foi, então, desapropriado e interditado. Permaneceu assim, até que o projeto foi abandonado, conforme se sucediam as novas administrações. Esta lá, desse jeito, até hoje.
Fala-se em sua demolição, para dar lugar a uma praça. Enquanto isso, fica assim, expondo a alma de uma cidade cheia de cicatrizes. Ao seu lado, fica outro edifício marcado pelas pichações. Parece um corpo cheio de tatuagens.
Ironicamente, estes dois cadáveres, decompondo-se a céu aberto, ficam bem em frente (mais uma vez o clichê da cidade dos contrastes) a um dos prédios mais bonitos daqui. Este é um velho senhor. Em 25 de janeiro último, aniversário da cidade, completou 73 anos. Mas goza de boa saúde e recentemente fez uma "plástica" que lhe devolveu a jovialidade. É o Mercado Municipal.
Foi projetado pelo famoso arquiteto Ramos de Azevedo, em 1924, que tem presença marcante nos edifícios importantes da cidade: são dele o Teatro Municipal, a Pinacoteca do Estado (já restaurada e linda) e o Prédio Central dos Correios e Telégrafos (em recuperação), entre outros.
O Mercadão, como é conhecido, reconquistou sua nobreza e caiu no carinho dos paulistanos. Além das bancas que vendem os melhores artigos, onde até chefes de cozinha vão buscar seus temperos e segredos, foi construído um mezanino para onde "subiram" os bares que existiam no piso térreo. Tem até um restaurante japonês. Mas os quitutes mais famosos são o bolinho de bacalhau e o sanduíche de mortadela. É um passeio bem legal.
O texto acima e as duas primeira fotos estão no Blog Crônicas Agudas. Aliás, recomendo aos leitores acessa-lo. Vai valer a pena.
PS: A revitalização do Mercado Municipal foi uma obra projetada e executada no governo da Prefeita Marta Suplicy.
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