Se a empolgação do setor fazendário do Estado de São Paulo seguir a linha ditada na entrevista do titular da pasta ao Jornal da Tarde de hoje (4), periga a população paulista conhecer a ressurreição de uma dupla que fez história nas lendas da formação inglesa - o usurpador Príncipe João e o seu Xerife de Nottingham. Ambos enfrentaram a reação de Robin Hood, personagem lendário que vivia na floresta de Sheerwood e defendia os pobres da opressão e das injustiças sociais.
Claro que o governador José Serra não é nenhum usurpador de cargo público e nem a Fazenda Estadual estaria sob o comando de alguma autoridade arbitrária. Usei as figuras lendárias para ilustrar o quanto a "fúria arrecadatória" pode comprometer a relação de um governo com a sociedade. Por exemplo, quando o secretário Mauro Ricardo diz que "até gostaria" de apreender os cerca de 5 milhões de veículos cujos donos estariam em débito com a Fazenda. E ainda ironiza: "...mas não teria onde guardar tanto carrro...".
Basta falar nesse tipo de ação "espetaculosa" - o "vamos prender todo mundo" - que logo vem a reação popular, natural, em face do modo como o Estado tem se portado ao longo dos últimos anos, sempre procurando meios de arrecadar mais, mesmo não melhorando os serviços públicos com o dinheiro arrecadado. Ressalto que concordo com o princípio da ação - é tarefa do agente público aperfeiçoar a arrecadação tributária - mas não com o método como este se dirige aos contribuintes. E o caos que seria uma ação dessa envergadura, se concretizada...
Já o governador entraria na história como uma espécie de Príncipe João pelo fato de já ter feito isso quando prefeito, ou seja, dedicar-se longamente ao exercício do aumento da arrecadação sem que São Paulo tivesse visto uma única melhoria durante sua passagem pela Prefeitura. Arrecadou-se mais e a cidade vive cada dia mais em estado de abandono a olhos vistos.
O Príncipe João, que usurpara o trono do irmão Ricardo Coração de Leão, se vangloriava de ver o povo sofrer ao pagar "mais e mais impostos". E isso lembra um pouco a postura do atual governante do Estado. Este deixou na Prefeitura um sucessor que já tentou aumentar impostos recentemente, além de propor a criação de pedágios nas Marginais - propostas rechaçadas pela sociedade e pela Câmara Municipal.
Não há mais lugar para xerifes de Nottingham e nem para príncipes Joões hoje. Ainda bem.
Gostei do modo como o Serra foi mostrado (mto engraçado, p não chorar diria). Nem Serra, nem Kassb, Lula, nem imposto, ninguém suporta mais.
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