Debatendo com o meu caro amigo Pomar

Recebi do companheiro Valter Pomar, Secretário de Relações Internacionais do PT, a seguinte correspondência eletrônica, que publico na íntegra, acerca do texto aqui publicado ontem com o título "Caro amigo Valter Pomar". Ele se refere à defesa que fiz da volta de Ricardo Berzoini à Presidência Nacional do PT.

"Prezado João Antonio:

Primeiro, agradeço pela consideração: acho que o debate por escrito é sempre melhor.

Segundo, esclareço que a frase atribuída a mim, pela Folha de S. Paulo, faz parte de uma carta que enviei aos membros do Diretório Nacional do PT, carta que foi publicada na página eletrônica do PT (acesse aqui). Seria importante, aliás, que você publicasse a íntegra da carta no seu blog. Afinal, a frase que voce cita é o primeiro de quatro argumentos pelos quais acho que o retorno de Berzoini é ruim para o PT.

Que a imprensa destaque este argumento, eu entendo. Que você destaque este e desconsidere os demais, eu não entendo.

Terceiro, na minha carta deixo claro que Berzoini tem o direito "legal" de retornar à presidência, exatamente porque foi eleito pela base partidária. Mas se o assunto se resumisse à legalidade, por qual motivo o próprio Berzoini consultou diversas pessoas sobre a conveniência de seu retorno?

Ao fazer estas consultas, por acaso o Berzoini estaria "transformando o PT em um partido de caciques"?

Quarto, não é verdade que "eles" não estejam criminalizando nosso companheiro de Partido. A imprensa está fazendo isto, o tempo todo. Devemos fingir que isso não existe? Este fato não deve ser levado em consideração?

Fique tranqüilo quanto ao seguinte: quando defendi que o Berzoini se licenciasse, o fiz por razões políticas. O Partido não tem papel de polícia, nem de justiça.

Portanto, as conclusões dos relatórios da CPI e da Polícia Federal não interferem no meu posicionamento. Até porque tais relatórios são questionáveis, como afirma a nota do presidente nacional interino, Marco Aurélio, contra o indiciamento do Aloizio Mercadante.

Sei que nos termos do atual estatuto, somente um novo processo de eleição interna é que poderá substituí-lo. Mas o estatuto prevê a licença e a renúncia. Portanto, a questão é política, não é formal.

Quinto e finalmente: respeito os seus argumentos. Acho "razoável sua posição". Leia o meu texto, na página do PT, e talvez você também acabe concluindo que minha posição também é "razoável", mesmo que possa estar errada.

Um grande abraço"

Valter Pomar