Recomendo a leitura da entrevista concedida hoje (16) ao jornal Valor Econômico pelo economista Rodrigo Azevedo, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) e hoje sócio da JGP Gestão de Recursos. Para ele o Brasil tem condições de crescer mais de 5% em 2008. A oferta abundante de crédito, o aumento da massa salarial, o ritmo forte do investimento, o impulso monetário defasado e a política fiscal expansionista são suficientes para a economia avançar neste ano a uma velocidade próxima à expansão de 5,3% que - ele estima - o país registrou em 2007.
O problema, adverte Azevedo, é que há duas grandes fontes de incerteza, que podem nublar esse cenário positivo: as indefinições no quadro externo e a possibilidade, cada vez mais plausível, de que o BC brasileiro eleve os juros para combater pressões inflacionárias.
Para o ortodoxo Azevedo, o Brasil pode crescer mais de 5% também em 2008 porque o setor externo deve mais uma vez abrir espaço para isso. Com as importações crescendo muito acima das exportações, a contribuição do setor externo para o crescimento deve ser negativa em 1,8 a 2 pontos percentuais. Com isso, a demanda doméstica pode avançar 6,5% ou mais neste ano, acredita ele. "Como nós temos uma contribuição importante de poupança externa, vindo de uma posição superavitária para deficitária em conta corrente, é possível que, por um determinado período, a economia cresça acima do potencial sem que isso gere pressões inflacionárias significativas", diz Azevedo, que prevê uma queda do saldo comercial de US$ 40 bilhões em 2007 para US$ 25 bilhões a US$ 27 bilhões neste ano.
A questão é que o cenário para a inflação é bem menos benigno neste ano, e há sinais de que o problema não se limita à alta das cotações de alimentos, diz ele, que vê pressões de demanda sobre os preços. Com a economia bastante aquecida, não será surpresa se o BC elevar os juros, avalia. No seu cenário básico, porém, Azevedo ainda trabalha com os juros estáveis em 11,25% ao ano ao longo de 2008.
Ele vê o Brasil mais preparado para enfrentar as turbulências externas. Para Azevedo, uma desaceleração global significativa pode tirar algo como 1 ponto percentual do crescimento neste ano. Como estima uma alta do PIB superior a 5%, o país ainda teria uma expansão razoável, mesmo com um quadro internacional adverso.
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