Publico abaixo fragmentos de um longo artigo de autoria do jornalista Bernardo Kucinski para o site Carta Maior. Escolhi os trechos mais críticos do artigo exatamente para provocar o interesse dos leitores pela sua leitura. O artigo A linguagem do preconceito no jornalismo brasileiro é uma crítica consistente ao elitismo e ao preconceito que se generalizou na imprensa brasileira em relação ao presidente Lula.
Se este tipo de crítica partisse de uma elite conservadora, extremamente minoritária, porém presente historicamente no Brasil, até entenderíamos. O que não dá para entender é ver ilustres jornalistas, alguns bastante competentes, se tornarem propagadores desse tipo de preconceito. Acompanhe os trechos que selecionei:
"Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados".
"Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo“. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê".
"Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula, para dizer que ele é ignorante".
"Outra expressão preconceituosa que pegou é “ Lula confunde”. A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. “Lula confunde agitação com trabalho”, escreveu Lúcia Hipólito. Ou usam o confunde para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam.. “O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações”,diz José Pastore. Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar".
"A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões entre elas a de que Lula tem até problemas de aprendizagem ou compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou onde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas na linguagem do preconceito ...".
"O pré-conceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operario é ignorante, e a super-valorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não aceitam a possibilidades das pessoas transitarem por formas diferentes de saber". Clique aqui e leia a íntegra do artigo.
É um nojo a forma como a mídia brasileira trata o Lula. Na realidade os donos dos jornais é que não suportam o fato do presidente ter vindo de baixo. Os jornalistas cumprem suas ordens.
ResponderExcluirA imprensa sempre esteve a serviço das elites. Houve um momento na história da imprensa brasileira que essa subordinação foi rompida pela postura progressista e mais profissional de alguns jornalistas engajados na luta pela redemocratização do país. Nesse período, alguns órgãos de imprensa assumiram também essa luta. Hoje, a situação é diferente, quase todos fazem o jogo do poder econômico.
ResponderExcluirSônia
economista - SP/SP
É muito bom ver um jornalista botando no papel o que pensa sobre certo tipo de imprensa hipócrita. É triste ver que uma categoria (jornalistas) que foi no passado o síbolo da resistência democrática, sucumbir perante a elite atrasada deste país.
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