Não é possível compreender o que levou o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, a assinar artigo no jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (2) cujo conteúdo é uma sequência de afirmações que mais se assemelham ao que se poderia chamar de 'delírios educacionais'.
Para piorar, o desenho usado para ilustrar o texto dele sugere uma estranha situação na qual os estudantes sofreriam de uma espécie de 'sonambulismo' - algo inexplicável como suas demais assertivas.
De fato, no texto "O compromisso de São Paulo pela educação" o secretário usa e abusa de supostas ações governamentais que não existem no sistema educacional paulista. Todos sabem que, com raras exceções, a rede escolar sob a responsabilidade do governo de São Paulo encontra-se no mais completo sucateamento, com unidades escolares abandonadas, muitas delas com salas de aula abrigadas em 'latões', sem contar o achatamento salarial histórico imposto aos professores e aos agentes escolares.
São fartos os exemplos do distanciamento entre o que o secretário diz e o que existe no mundo real da Educação. Basta pegar como o exemplo o parágrafo inicial do artigo, quando Voorwald afirma: "O Estado de São Paulo dá hoje importante passo para fazer sua educação caminhar para níveis de excelência". Ao informar os leitores da Folha sobre uma suposta medida que instituiria o "Compromisso de São Paulo pela Educação", o secretário escondeu destes que Geraldo Alckmin (PSDB) integra o mesmo núcleo de governo que está no poder desde o início dos anos 1980, justamente o período em que a educação estadual passou a ser vítima de um processo de esfacelamento sem paralelo no país. Este processo agravou-se com a chegada do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes.
Sabe-se, infelizmente, que os exames nacionais usados para medir a qualidade do ensino colocam a educação paulista nos últimos lugares - e os sucessivos governos do PSDB são os responsáveis por levar nosso sistema educacional a este quadro lamentável. Diferentemente do que tenta justificar o secretário - com um jogo de palavras nas quais atribui o problema ao "crescimento da rede" e outras falácias -, a verdade é que a Educação em São Paulo piorou, e muito, por conta de políticas que simplesmente relegaram-na ao último plano desde que os tucanos assumiram o poder no Estado, em 1995.
Outra passagem do artigo no qual o secretário não demonstra apreço pela realidade educacional é a seguinte: "Graças a esses avanços, a Secretaria da Educação, com pleno apoio do governador Geraldo Alckmin, estabeleceu como objetivos maiores fazer de seu ensino um dos melhores do mundo e, da carreira de professor, uma das mais prestigiadas por nossos jovens". Esta afirmação é uma verdadeira viagem no discurso!
Precisa dizer mais sobre a perda do senso de realidade? Ou seria um exercício de malabarismo discursivo que ignora a realidade contando que ninguém perceberá os desvios intencionais? Esta é uma marca tucana que a sociedade tende a rejeitar quanto mais se informar sobre o que realmente acontece entre as quatro paredes da sala de aula.
Deputado Estadual - PT
Nenhum comentário:
Postar um comentário