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terça-feira, 5 de abril de 2011

Mulher denuncia execução feita por PMs

Não há como negar que existem pessoas mais corajosas do que outras. Esta diferença de personalidades, na maioria dos casos, não implica em juízo de valores na conduta diferenciada das pessoas. As circunstâncias ou estado emocional podem influenciar o comportamento dos indivíduos. Mas não tem como negar: certos atos de coragem contribuem muito para o exercício da cidadania.

Este é o caso da mulher que relatou, ao vivo, a execução de um rapaz, pela polícia, na divisa do bairro de Itaim Paulista e a cidade de Ferraz de Vasconcelos. A mulher, mesmo abordada pelos policiais assassinos, não se calou! Os enfrentou com altivez, sem medo, o que fez o caso ganhar repercussão em toda a mídia no dia de hoje.

Veja um trecho da matéria do Jornal da Tarde de hoje: “Estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Estou aqui do lado da sepultura do meu pai.”

De onde estava, a testemunha não conseguia ver a placa nem o prefixo da viatura. Mas, enquanto falava com o 190, teve sangue-frio de esperar. “‘Pera’ só um pouquinho, porque eles vão passar por mim agora. Espero que não me matem também. A placa é DJM 0451, o prefixo é 29.411, M 29.411.”

Após perceber que haviam sido vistos pela mulher, um dos policiais vai na direção dela. Corajosa, ela pergunta: “O senhor que estava naquela viatura? O senhor que acertou o disparo ali? Foi o senhor que tirou a pessoa de dentro? Estava próximo de onde estávamos. Eu estou falando com a Polícia Militar.”

O policial diz que estava socorrendo a vítima e tenta levá-la à delegacia. “Estava socorrendo? Meu senhor, olhe bem para a minha cara. Eu não vou (para a delegacia). Ele falou que estava socorrendo. É mentira, senhor. Eu não quero conversar com o senhor. E o senhor tem a consciência do que o senhor faz.” O áudio termina com o atendente do 190 pedindo para a testemunha ligar na Corregedoria. Leia mais.


Comentário: O sentido maior da existência do Estado é a proteção ao bem mais precioso: a vida. “A lei deve ser a mesma para todos, quer quando proteger, quer quando punir, todos os cidadãos são iguais perante a lei...” Esta máxima que compõe o nosso ordenamento jurídico é uma conquista da Revolução Francesa, e está na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão desde 1789 . É triste ver agentes públicos, que deveriam proteger os cidadãos, agirem com tamanho desvio de conduta.

Os policiais envolvidos neste grave delito merecem punição severa. Porém, não podemos isentar seus responsáveis hierárquicos de culpa. Afinal, são eles os responsáveis pela seleção e preparação de todo o efetivo da polícia no Estado de São Paulo. Colocar nas ruas agentes públicos armados, sem preparo suficiente, é brincar com a vida humana.

Um comentário:

  1. Valeu João Antonio, é preciso coragem para denunciar as injustiças que rondam nossas vidas.

    Meire Rose

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