O PT não precisa ser refundado

O ministro Tarso Genro, do PT do Rio Grande do Sul, está elaborando um documento defendendo a "refundação" do Partido dos Trabalhadores. Ontem, O Globo Online publicou uma frase minha e quero explicá-la hoje aqui no blog. Veja o que eu disse:

— “É uma tese boba, besta, sem cabimento e prejudicial ao PT — reagiu o secretário-geral do partido em São Paulo, João Antonio, ontem, depois do segundo dia do seminário promovido pelo Campo para discutir o papel do PT no segundo mandato do governo Lula.”

Por que “boba/besta?” Porque não vejo nada que justifique uma espécie de “começar de novo“ do partido dos trabalhadores. O sentido que eu quis empregar ao usar o termo “boba/besta” é que a tese defendida pelo ministro não tem conteúdo, é simplesmente uma palavra para gerar um fato político. O que quer o ministro? Negar a história do PT? Mudar o programa do partido? Mudar o estatuto partidário? O que justifica esse recomeço?

Quando eu disse “sem cabimento e prejudicial ao PT” é porque o Partido dos Trabalhadores saiu recentemente de um processo eleitoral extremamente fortalecido: reelegemos o Lula; estamos governando cinco estados da federação; elegemos a segunda maior bancada no Congresso Nacional e o partido está consolidado em todos os estados.

Falar em refundação depois que o povo democraticamente nos credenciou como alternativa real de poder é levantar uma tese defensiva, neste sentido é sim um movimento prejudicial ao PT.

O ministro seria mais construtivo se dissesse onde erramos, por que erramos, quem são os responsáveis por esses erros e como corrigi-los. No fundo, o que deseja mesmo o companheiro Tarso Genro é fazer um debate ético. Por que não vai direto ao assunto?

A forma como ele está fazendo o debate não contribui em nada para fazer do PT um instrumento capaz de ajudar nas mudanças que o Brasil precisa e acaba, como diz o ditado, “jogando a água com a criança junto”.