Comoção faz CCJ do Senado desenterrar projeto sobre maioridade penal
Redução da maioridade penal não reduzirá crime, diz presidente da OAB
Ellen Gracie defende cautela na discussão de projeto sobre a violência
Na Câmara, Chinaglia recusa acelerar discussão sobre a maioridade penal
Estas foram as manchetes de jornais e de telejornais nos últimos dias. Como podemos presenciar, o debate sobre a maioridade penal voltou com força, infelizmente, devido ao crime bárbaro que ocorreu no Rio de Janeiro causando a morte do garoto João Hélio, de seis anos de idade.
Não tem como fugir: algo muito consistente precisa ser feito para combater a violência e o crime organizado que se instalou em alguns estados da federação com poder de fogo, em alguns casos, maior do que aparato estatal.
Porém, como diz o ditado, “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. Em momentos de grande comoção sociail a cautela deve dobrar. Sabe por quê? Políticos, em sua grande maioria, gostam de dar satisfação à opinião pública, mesmo que tenham que adotar medidas superficiais, paliativas e sem muita consistência para enfrentar o problema. Para muitos, estar de bem com seu eleitorado é o bastante, à poucos importam as questões programáticas.
Debater? Claro! Precisamos de muita discussão para construir uma saída que resolva o problema da violência.
Deliberar? Aí precisa de mais paciência, equilíbrio. Nada deve ser decido de afogadilho, apenas para dar satisfação à opinião pública.
Anunciar a redução da maioridade penal como uma medida capaz de solucionar ou mesmo amenizar o problema da violência é enganar a opinião pública. Para combater o crime organizado e a violência em nossa sociedade é preciso procurar as raizes do problema. Quero citar algumas medidas que considero mais urgentes do que qualquer mudança do Código Penal:
Preparar melhor as nossas polícias, investindo na inteligência e modernizando equipamentos, bem como, investir na melhoria das condições de trabalho dos policiais;
Combater a corrupção nas corporações policiais. Qualquer cidadão sabe o tamanho da corrupção nas polícias. Não entendo por que não há um combate organizado deste tipo de prática;
Colocar mais policiamento nas ruas com o devido preparo para a função.
Investir em educação, mais escolas profissionalizantes, melhorar a qualidade do ensino e democratizar o acesso às universidades;
Fazer a economia brasileira crescer, gerar emprego e distribuir melhor a renda em nosso país;
Mudar o Código Penal talvez seja também necessário, porém, anunciar 'alterações' como se fossem o remédio para curar o mal é uma receita errada - poderia até acalmar a população momentaneamente, mas não resolveria o problema.
Com relação à diminuição da maioridade penal não vejo nenhum sentido na medida. Nossos adolescentes, em sua grande maioria, não precisam de cadeia - precisam de educação. Para aqueles que cometem crimes hediondos, talvez seja preciso alguma alteração na legislação para impossibilitar que depois de três anos volte a ser uma ameaça à sociedade. No entanto, estas medidas só se justificariam se viessem acompanhadas de mudanças consistentes nas instituições estatais que hoje são responsáveis pela ressocialização desses jovens.
Que futuro terá um adolescente com a educação dada na Febem aqui no Estado de São Paulo?
Reduzir a maioridade penal para diminuir a criminalidade entre os adolescentes é como colocar lombada na rua para diminuir os acidentes com carro. No começo, as pessoas diminuem a velocidade, mas depois elas se acostumam e acabam passando mais rápido para não sentir a lombada. Temo que se a maioridade cair para 16 anos, daqui a um tempo estaremos discutindo a sua redução para 14 anos e, assim sucessivamente!
ResponderExcluirVeja a história de vida do jovem que se envolveu com o crime e, verifique quais foram as chances que ele teve na vida. Enquanto a sociedade não der boas opções para os jovens, fatalmente a escolha dele será a violência, porque é isso que ele recebe da sociedade.
Estão faltando discussões sérias e ações sérias!
Henrique - São Paulo
ResponderExcluirJoão,
Estou de acordo com seu raciócínio no que tange a não redução da maioridade penal e, também nas políticas implantadas por parte dos Gocernos Federal, Estadual e Municipal no intuito de educar e profissionalizar esses adolescentes. Enfim, começar a formar um cidadão.
Acho que o Código deve ser mudado, pois, acredito que está ultrapassado. Na Câmara Federal e no Senado existem dezenas de projetos de lei referentes ao Código Penal.
Identificuei-me com o projeto do Senador Mercadante que sugere que a Quadrilha que for flagrada com menor sendo integrante, a pena dos maiores será maior do que é hoje e também cumprir integralmente suas penas.