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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O fracasso do jeito espertalhão de fazer política

Por João Antonio

O debate realizado ontem pela Rede de Rádio e Televisão Bandeirantes com os candidatos que disputam a Prefeitura de São Paulo neste segundo turno, frente a frente, Fernando Haddad do PT e José Serra do PSDB, propiciou aos que  assistiram uma excelente oportunidade para comparar programas, estilos e, principalmente, conferir os métodos de cada um para alcançar o objetivo de comandar a prefeitura de maior importância econômica, política e social da República.

Foi um bom debate. No confronto, a razão foi tônica, e se em algum momento algum deles se utilizou  da emoção para tocar os corações dos eleitores, foi de "caso pensado". Nada de intuição. Nada de deixar a emoção falar mais alto. Foi um confronto que agregou valor para todos os que querem ver a democracia fortalecida.

Não há dúvida de que os dois candidatos tem preparo intelectual. No mais, em nada se assemelham, a começar pela decisão de serem candidatos. Haddad, depois da sua passagem bem avaliada pelo Ministério da Educação, foi convencido pelo ex-presidente Lula a enfrentar o desafio de convencer e unificar o PT da viabilidade do seu nome, construir um programa de governo viável para a cidade e disputar as eleições com força. E, ganhando as eleições, fazer um governo de quatro anos pensando essencialmente nos interesses dos paulistanos.

Serra, disputou em 2004 a prefeitura de São Paulo para se cacifar no partido e na sociedade e venceu. Um ano e três meses depois renunciou ao mandato para disputar o governo do Estado de São Paulo e venceu. Renunciou ao governo paulista três anos e seis meses depois para disputar a Presidência da República e perdeu.

Enfraquecido politicamente no seu partido e sem perspectivas políticas de futuro, impôs novamente seu nome ao PSDB para disputar a prefeitura, apenas como um instrumento para se colocar em evidência e não perder sua perspectiva de poder. Esta decisão acabou levando-o para uma espécie de "tudo ou nada", em suas pretensões obsessivas pelo poder.

Preterido pela imensa maioria dos paulistanos e com uma rejeição de 52% do eleitorado, desesperado ao ver seu projeto pessoal de poder ruir, Serra baixa o nível da campanha com ataques pessoais a adversários, denúncias infundadas, e o pior: se alia a forças políticas conservadoras com práticas preconceituosas e intolerantes, repetindo o malfadado método de campanha que utilizou na sua mal-sucedida campanha presidencial, método que só contribui para desarranjar a harmoniosa convivência social, valor primordial do povo brasileiro.

A democracia brasileira já está bastante amadurecida. Nem mesmo poderosos órgãos da imprensa com suas posições parciais conseguem impor sua opinião ao povo. Até porque o povo não vive de ilusões e sabe muito bem discernir aqueles que governam com espírito público, cujo centro das preocupações é desenvolvimento humano, daqueles que fazem política para satisfazer seu ego e/ou reduzidos grupos econômicos poderosos que aparelham o Estado com finalidades meramente patrimoniais.

Que a provável derrota do Serra sirva de lição para todos aqueles que fazem política. Os cidadãos exigem propostas qualificadas e pessoas preparadas para o debate de idéias.

Diga não às baixarias nas disputas eleitorais!

João Antonio é advogado e deputado estadual (PT)

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